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Com limpeza estagnada, Lagoa da Pampulha não tem previsão para atividades de lazer

Passados três meses que a lagoa alcançou índice para prática de esportes náuticos e pesca, regulamentação das atividades não progrediu e jacarés e capivaras continuam um desafio.

Três meses depois do anúncio de que a água da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, já atingiu o patamar ideal para a prática de esportes náuticos e a pesca amadora, pouco ou nada foi feito para que o processo de despoluição do lago se reverta em benefício do lazer da população. Ainda sem data prevista, a promessa de dar início a essas atividades – que ocorriam na represa até a década de 1970 – pode se tornar um novo capítulo da já longa novela de limpeza do reservatório, processo que se arrasta há anos e começa a dar seus primeiros sinais de avanço.

O espelho d’água alcançou a chamada Classe 3, segundo informou com exclusividade o Estado de Minas no início de março. Segundo resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), a categoria atingida pela represa possibilita o consumo da água por animais, irrigação, pesca amadora e o chamado contato secundário pelo ser humano em atividades como canoagem, remo ou passeios de barco. Porém, o decreto que vai regulamentar essas atividades não tem data para ser publicado, assim como ainda não há solução definitiva para outros desafios, como a presença de jacarés e capivaras na orla e a resistente chegada de esgoto e lixo à água.

Esportes náuticos e pesca

Responsável por regulamentar o uso da Lagoa da Pampulha, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente informou que a liberação do espaço para esportes náuticos e pesca depende ainda da formação do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam), que segue em processo de eleição,  previsto para ser concluído no fim deste mês. Segundo a pasta, que já trata da relação com o ecossistema local, somente após a implantação do Comam será possível definir as diretrizes para uso do lago. A regulamentação deverá definir aspectos como horário de acesso ao espelho d’água, quantos barcos e de qual tamanho poderão navegar e com qual frequência, para que o uso seja ordenado.

Nas primeiras pautas do Comam estarão ainda outros desafios que freiam o uso da água da lagoa por pessoas: o destino dos jacarés e das capivaras que atualmente vivem na Pampulha. A pasta não informou quantos são os répteis, mas uma fonte com acesso ao dado sustenta que o número chega às dezenas de animais. Quanto às capivaras, que somam cerca de 200, um plano de manejo está sendo executado, seguindo orientações de termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado em fevereiro deste ano entre o Ministério Público Federal (MPF) e a Secretaria de Meio Ambiente. Desde então, o processo tem seguido o cronograma estabelecido, segundo a pasta.

A criação de uma estratégia também para os jacarés é necessária diante do risco da convivência mais próxima no lago entre pessoas e os animais. Em março, o gerente de Águas Urbanas da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, Ricardo Aroeira, alertou para a necessidade de cautela. “Em um lago urbano no qual se pretende liberar a pesca amadora e esportes náuticos, é incompatível a convivência de pessoas com animais como jacarés e capivaras”, disse.

Despoluição

A Prefeitura de Belo Horizonte também alerta para a necessidade de a Copasa alcançar a meta de 95% de esgoto coletado na área da bacia, inclusive com investimentos em manutenção preventiva e corretiva para minimizar ocorrências de vazamentos que venham a aumentar a carga de poluição na represa. Atualmente, segundo a concessionária de água e esgoto, obras estão em andamento para a conclusão de mais 13 quilômetros de rede que vão permitir alcançar o objetivo.

Os trabalhos de recuperação da qualidade da água da Lagoa da Pampulha, coordenados pela Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, tiveram início em março/2016, com investimento de cerca de R$ 30 milhões até o fim do contrato. Os cinco parâmetros de poluição medidos pela administração municipal se encaixaram nos limites da Classe 3 um ano depois.

Essas iniciativas contemplam a aplicação de duas tecnologias distintas e complementares. Uma destinada à degradação de matéria orgânica e à desinfecção (redução da presença de coliformes fecais), e a outra desenvolvida especificamente para reduzir as concentrações de fósforo e controlar a floração de algas. O cronograma de aplicação das tecnologias tem duas fases: a de alcance da Classe 3 e outra de manutenção desse patamar, o que tem ocorrido atualmente.

Leia também: Lagoa da Pampulha deve ficar totalmente livre de esgoto em 2017

A segunda etapa

Segundo a secretaria, a primeira fase teve duração de 10 meses e foi concluída em dezembro do ano passado. A segunda etapa vem sendo implementada desde janeiro e tem duração prevista até dezembro. “É fundamental que se tenha a compreensão de que, mesmo com o enquadramento da água da Lagoa da Pampulha em Classe 3, ela continuará sujeita a variações em sua qualidade, pois se trata de um lago urbano, que sempre será afetado por fontes poluidoras”, informa a pasta, referindo-se a resíduos carreados pela chuva, eventuais vazamentos no sistema de esgoto sanitário além de lançamento de efluentes domésticos ou industriais clandestinos, que podem superar a capacidade de autodepuração.

Ainda segundo a Secretaria de Obras, a Lagoa está, atualmente, mais resiliente, respondendo em curto prazo às agressões provocadas pela presença de poluentes que provocam alterações na qualidade da água. Ao longo deste ano, durante a fase de manutenção da qualidade da água, a Secretaria informou que será possível conhecer as variações desse índice na lagoa durante cada estação climática, condição que a pasta considera essencial para o estabelecimento do Plano para Regulamentação e Uso do espelho d’água para esportes náuticos.

Fonte: http://www.em.com.br/

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