saneamento basico

Moradores do Campeche pedem saneamento

A coloração escura com forte cheiro de uma água que corria diretamente para o mar do Campeche no dia 25 de fevereiro acendeu o alerta dos moradores da praia no Sul da Ilha, que se mobilizaram pela internet e se reuniram neste sábado para protestar contra a poluição da praia e pedir saneamento básico.

Durante a manifestação, foram recolhidas quase 500 assinaturas em um abaixo assinado que será entregue ao Ministério Público Federal. A socióloga Flávia Pinho, do Movimento Abraça Campeche, explica que a mobilização é para chamar a atenção das autoridades:

— Vamos exigir do poder público que que fiscalize as ligações irregulares de esgoto na rede pluvial e as construções desenfreadas. Todos precisam assumir as suas responsabilidades.

O grupo de cerca de 400 pessoas se reuniu no final da Avenida Pequeno Príncipe e caminhou na areia até a entrada do Riozinho, voltando pela avenida Campeche. No final, todos participaram de um abraço coletivo no rio. Moradora do Campeche desde que nasceu, a estudante Shophie Pons, 17 anos, vê com tristeza o crescimento sem estrutura:

— Passei um ano fazendo intercâmbio e fiquei assustada com a quantidade de prédios novos quando voltei. A cidade está crescendo, mas precisa ter uma estrutura de esgoto, a questão sanitária é essencial — disse.

Apesar da pouca idade, as amigas Zoe Tscharan e Lívia Nogueira, 10 anos, já se preocupam com o meio ambiente e foram com cartazes participar do ato:

— A gente vem sempre na praia e que manter limpa. Estou aprendendo a surfar e quero uma água limpa — disse Lívia.

Análise mostra água imprópria para banho

Segundo análises da ONG Instituto Sea Shepherd Brasil, em quatro pontos da água que corria para o mar do Campeche na última semana o número de coliformes fecais está acima do tolerado. O local mais problemático é o Riozinho, onde dois pontos analisados apresentaram entre 230 e 250 vezes mais coliformes fecais do que o limite estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que é de mil unidades por 100 militros de água.

Na amostra retirada da vala aberta próximo à Avenida Pequeno Príncipe, que preocupou os banhistas há duas semanas, o resultado foi 3,5 vezes maior do que o permitido. No ponto próximo à Lomba do Sabão, a análise identificou uma quantidade de coliformes fecais 5,4 maior. As análises foram feitas pelo laboratório de análises QMC, de Florianópolis, e assinadas pelo responsável técnico Djan Freitas.

A Fatma afirmou na última quarta-feira que não comentaria a pesquisa feita por órgãos não oficiais por não ter conhecimento dos critérios técnicos utilizados na pesquisa, porém a placa de balneabilidade na entrada principal da praia marcava como local impróprio para banho e, segundo moradores, foi trocada na sexta-feira.

O representante da Sea Shepherd em Santa Catarina, Luiz Antônio Faraoni, explicou que a análise comprovou a suspeita que se tratava de esgoto, mas falou para os manifestante que todos precisam assumir as responsabilidades, pois além da falta de condições para banho no mar, os maiores prejudicados são os seres marítimos e todo o ecossistema:

— Não existe um único culpado pela poluição, mas a falta de saneamento com a falta de educação piora as coisas. Todos cobram do poder público mas muita gente esquece de fazer a sua parte, não recolhendo nem o lixo que leva para a praia. É importante cada um fazer o seu papel, a fiscalização começa dentro da casa de cada pessoa — falou.

A Floram, por meio da assessoria de imprensa, afirmou que o diretor de fiscalização, Bruno Palha, junto com representantes da Vigilância Sanitária e Ambiental de Florianópolis, visitou os locais denunciados pelos moradores do Campeche na última segunda-feira. O órgão reconhece o lançamento de esgoto no mar, e a partir da próxima quarta-feira, 9 de março, dará início a um plano para autuar os responsáveis pela poluição.

Fonte: DC
Foto: Diorgenes Pandini / Agencia RBS

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