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Falta de água é o “choque de gestão” do PSDB em São Paulo

Os movimentos sindical, social e estudantil reuniram cerca de 1.000 manifestantes na manhã desta quinta (05) num ato público contra a crise da água, esclarecendo a população de que a causa real do problema é a ausência de investimentos do governo estadual do PSDB.

A atividade ocorreu na Praça Vitor Civita, em Pinheiros, zona oeste da capital, com caminhada até a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), na Rua Costa Carvalho, onde, com o mote #vaiterCopa, o que não vai é ter água, dirigentes e lideranças dos movimentos foram unânimes em seus discursos: a situação tende a piorar, pois não há previsão de chuvas, nem obras e serviços que, num curto ou médio prazo, tenham condições de resolver a gestão dos recursos hídricos.

Outro ponto de convergência foi a crítica à falácia da tão propagada ‘eficiência’ e o ‘choque de gestão’ do PSDB, desmontada pela péssima administração também em outras áreas como o transporte público, segurança, educação e saúde.

O ato público foi realizado numa parceria entre a CUT e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Levante Popular da Juventude, União Nacional dos Estudantes, Marcha Mundial de Mulheres e Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, entre outras entidades. A batucada Carlos Marighella, conduzida por jovens do Levante, marcou a percussão e as ruas foram tomadas pelo vermelho das bandeiras e o verde e amarelo nas camisetas da CUT São Paulo em alusão à Copa.

Representantes dos movimentos pretendiam entregar um documento cobrando medidas do secretário estadual de Recursos Hídricos, Mauro Arce, mas o governo estadual recusou e se limitou a agendar uma reunião para o próximo dia 2 de julho.

Além da capital e municípios da área metropolitana de São Paulo, a falta de água atinge a região de Campinas, afetando diretamente cerca de 25 milhões de pessoas, ou 62,5% do total de 40 milhões de habitantes do estado mais rico do Brasil.

Emprego e economia em risco – Para o presidente da CUT São Paulo, Adi dos Santos Lima, a falta de abastecimento de água nas residências é grave, mas não é a única preocupação da Central. “Também estamos preocupados com a falta de abastecimento nas empresas, pois várias já estão dando licença remunerada aos funcionários porque a contratação de caminhões-pipa para a produção é onerosa. A crise pode também causar fuga de indústrias e, o que é pior, causar desemprego”.

O grande problema, segundo Adi, é o modelo de gestão que o governo de São Paulo vem imprimindo no estado, que não valoriza o funcionalismo público e não implanta políticas públicas. “Em vez de investir em tecnologia e nos seus próprios funcionários, o governador Alckmin prefere entregar para a iniciativa privada aquilo que é de sua responsabilidade”, denunciou.

A previsão é de que, no Sistema Cantareira, acabará em novembro o volume morto, que é a água estocada abaixo do nível de captação das comportas. Num cenário otimista – com o qual só a Sabesp conta – esse recurso vai durar até março de 2015, contradizendo as previsões meteorológicas que apontam baixíssimo volume de chuva no próximo período.

Vagner Freitas, presidente nacional da CUT, ressaltou a estagnação que a economia paulista vem sofrendo há vinte anos com o descaso do tucanato, que fez com que o estado, que já foi a locomotiva do país, seja hoje uma vergonha nacional. Ele também criticou duramente a postura de Alckmin pelo não investimento de recursos enviados pelo governo federal, já que São Paulo foi a federação que mais recebeu dinheiro do PAC para projetos de saneamento básico.

“É um governador que confunde luta política com representação da população e pune o povo com a falta de água por conta de uma disputa pequena, tacanha. Governar é uma obrigação com a população. Não podemos parar o Brasil e transformá-lo num campo de guerra por causa de uma eleição”, disse Freitas.
Caos anunciado – “Todo esse sistema de abastecimento sempre trabalhou no limite e qualquer evento não previsto, como a falta de chuva e as altas temperaturas do verão, poderiam causar o caos que está acontecendo agora”, afirmou Edson Aparecido da Silva, assessor da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) e coordenador da Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental.

Ele lembrou que o governo paulista é alertado há 10 anos para os riscos desse problema e explicou que, agora, não basta investir em obras, pois são necessárias também ações estruturantes para redução de perdas, que chegam a 35% na distribuição de água segundo a Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp).

“A responsabilidade por essa escassez é do governo estadual do PSDB, assim como a enorme quantidade de vazamentos e a falta de manutenção. Não houve sequer substituição das tubulações, todas velhas, e, o mais grave, ainda há tubos de amianto, substância cancerígena, levando água para a população”, destacou o deputado Marcos Martins (PT), representando a Assembleia Legislativa.

Água como mercadoria – Arthur Miranda, vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), ressaltou que o movimento se juntou aos trabalhadores/as para denunciar a falta de compromisso com a população. “Alckmin esconde o rodízio no abastecimento por razões eleitoreiras e essa política falida se reflete em outras áreas, como nas universidades públicas cada vez mais sucateadas”.

Para Gilberto Cervinski, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a questão “é uma luta estratégia pela água pública, pois em São Paulo a escassez é resultado do processo de privatização da Sabesp, no qual a prioridade do governo do PSDB foi a lucratividade e a remessa aos acionistas da companhia”. O governo Alckmin é acionista majoritário da companhia, com 50,3% das ações, e é o maior beneficiado com os lucros que chegam a R$ 2 bilhões anuais.

Sonia Coelho, da Marcha Mundial de Mulheres, relatou a lida diária feminina diante causada pela falta de água. “O problema atinge principalmente as mulheres mais pobres, que têm que acordar de madrugada para encher a máquina de lavar e o tangue para ter água no dia seguinte. É momento de dar um basta nessa gestão que não investe em creches, nem no combate à violência contra a mulher. É como se São Paulo não tivesse governo estadual”.

“Essa crise é mais uma expressão da forma como o governo estadual trata direitos como mercadoria e é fundamental lutarmos contra isso. É uma gestão que insiste em não construir um processo de investimento público e com debate social sobre algo tão elementar como a água”, destacou Lira Alli, do Levante Popular da Juventude.

Além dos movimentos social e estudantil, o ato contou com a participação de diversos sindicatos filiados à CUT/SP nos ramos da alimentação; financeiro; metalúrgico; químico; serviço público estadual e municipal; educação e saúde, entre outros.

Fonte e Agradecimentos: CUT
Veja mais: http://www.cutsp.org.br/destaques/3103/falta-de-agua-e-resultado-do-choque-de-gestao-do-psdb-em-sao-paulo

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