Um equipamento desenvolvido para bloquear o ar na rede de tubulação de água, embora não seja novidade, está em evidência neste momento de crise hídrica e consequente redução de pressão no abastecimento.
O empresário Marcello Leone tem o bloqueador instalado no hidrômetro de sua casa, no Residencial 9, e também revende o equipamento em seu estabelecimento comercial, no Centro de Apoio 2, em Alphaville.
De acordo com ele, a redução na conta de água, a partir da instalação do bloqueador, é de 30%, aproximadamente. Num momento no qual a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) está multando em mais de 50% quem aumentar a média de consumo, a procura pela solução tem registrado alta expressiva: “As vendas subiram entre 60 e 70%. É um equipamento que tem selo do Inmetro e já comercializamos há uns cinco anos. O ar sempre esteve presente na tubulação, mas essa questão tem se sobressaído com a redução de pressão e as pessoas estão, sim, pagando ar por água”, diz.
O próprio desperdício de água registrado e até confirmado pela Sabesp (em média, 30% por ano) por causa de tubulação muito antiga é citado como exemplo pelo vice-diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Carlos André Bulhões Mendes, para comprovar que há ar na rede de abastecimento e isso faz o hidrômetro girar mesmo quando falta água. “O consumidor paga pelos dois e isso não deveria ser normal. Se tem ar, tem contaminação. É falta de investimento e manutenção, pois há tecnologia e as companhias de saneamento, de forma geral, não aplicam dinheiro em melhorias”, pontua.
Segundo o vice-diretor do IPH, os consumidores têm autonomia para instalar o bloqueador de ar. “Mas essa não deveria ser uma preocupação da população. Empresas como a Sabesp deveriam investir em válvulas que servem exatamente para evitar esse problema de entrada de ar na rede”, reforça.
Em nota, a Sabesp informou que “a entrada de ar na rede é uma exceção que pode ocasionar casos isolados de aumento de consumo pela movimentação do hidrômetro. Em janeiro de 2015 foram registrados 25 mil reclamações de clientes por alta de consumo. Entre os casos, 500 imóveis foram vistoriados por suspeita de ar no hidrômetro e, desses, apenas 20 foram confirmados. Nesses imóveis, o hidrômetro foi trocado e instalada uma ventosa, equipamento para a retirada do ar da rede.” A companhia, no entanto, não respondeu questões sobre o bloqueador de ar ser permitido ou não nem mesmo a respeito de investimentos.
A fabricante do Air Bloch, instalada em Osasco, aumentou a produção de 100 para 1 mil peças por mês segundo o dono, Eduardo Tavares Vieira.
Governo aprova Plano Nacional de Economia Circular
O governo aprovou na quinta-feira (8) um Plano Nacional de Economia Circular, que pretende criar um ambiente regulatório favorável ao desenvolvimento de negócios, meios de produção e formas de consumo que reduzam desperdícios e otimizem recursos.