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Aterro Sanitário Santos

Aterro sanitário em Santos/SP corre risco de esgotar nos próximos anos e situação acende alerta

Aterro Sanitário Santos

O diretor de Operações da Terracom, Antônio de Mello Neto, afirmou que o espaço físico do aterro sanitário Sítio das Neves, situado na Área Continental de Santos, deve estar esgotado em menos de oito anos.

O executivo foi direto ao dizer que, após 2031, não há mais como ampliar o local. Diante disto, a coleta seletiva surge como alternativa, que pode retardar o esgotamento físico da área.

O aterro, que é licenciado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), recebe, em média, de 1.400 a 1.500 toneladas de resíduos por dia. Esse número não é composto somente por rejeito, ou seja, itens que não têm mais condição de ser reaproveitado, mas também materiais que poderiam ser reutilizados. O problema é que esses materiais, embora leves, ocupam muito espaço, diminuindo a área livre dos locais.

Foi diante disso que o executivo da Terracom afirmou que a segregação de resíduos é fundamental para os aterros, entre os quais está o da região. “A coleta seletiva representa pouco em peso, mas muito em volume. Se você tira 6% de peso, diminui o volume em 20%”, disse Neto.

O fundador e coordenador da Cooperlínia Ambiental do Brasil, de Paulínia, José Carlos da Silva, concordou com o diretor da Terracom. “Segregar 30% de recicláveis reduz 70% do volume do aterro. A embalagem cheia está lá para o meio, como outras peças que não são necessárias no aterro e estão lá”.

2031

Questionado sobre a possibilidade de expansão do aterro Sítio das Neves, Antônio de Mello Neto afirmou: “O aterro se licencia por células. A atual vai até outubro de 2025. Estamos com projeto de outra, que está em análise. Seria até 2031. É a célula final, porque é o limite da área física. Tudo tem um tamanho”.

Para as cooperativas, a conta não fecha

As cooperativas de catadores enfrentam problemas financeiros. O principal deles é a remuneração que recebem pelos materiais triados e, posteriormente, vendidos às empresas recicladoras. Os preços baixos tornam difícil até mesmo a sobrevivência de muitas das organizações do setor.

O fundador e coordenador da Cooperlínia Ambiental do Brasil, José Carlos da Silva, foi taxativo ao citar as dificuldades. Ele, que atua no segmento há mais de duas décadas, confirma: “As cooperativas, hoje, não pagam suas contas, porque o material está há 14 meses com o pior preço de mercado em 20 anos”.

Não bastasse isso, grande parte da operação é onerosa, principalmente por causa do papel e do papelão. Segundo ele, estes materiais chegam a ocupar metade do espaço físico das cooperativas, passam por vários processos para serem comercializados e não são rentáveis.

“Pagamos para segregar o papelão. Nós vendemos a tonelada a R$ 480,00, mas nosso custo médio é de R$ 850,00”, compara.

Aterro Sanitário Santos

Silva declarou, ainda, que há itens com preço de mercado melhor. Um exemplo disso é o alumínio. Porém, de acordo com o coordenador da Cooperlínia, as latinhas não vão parar nas mãos dos catadores. “Não chega. É fonte de renda até de magnata, que usa isso para comprar carne para fazer churrasco”.

O coordenador da Câmara Técnica de Meio Ambiente do Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb), Marcos Libório, salientou que, diante dos desafios existentes, a quantidade de trabalhadores está em queda. “Temos um grande desafio, precisamos rever algumas coisas. Apesar do aumento de cooperativas, existe preocupação: está diminuindo o número de cooperados. Que possamos ter medidas que tragam melhores soluções e agreguem”.

Solução?

Ressaltando a importância de se encontrar caminhos para reverter a situação, o gestor público disse que o Senado Federal discute a criação de incentivo financeiro para o segmento. “(Tramita uma) lei que permite o pagamento de serviços ambientais às cooperativas. Isso é fundamental”, considerou.

Libório afirmou, por fim, que o setor privado deveria ajudar. “Precisamos de medidas e responsabilidade, não só das prefeituras, mas também das indústrias, que possam vir coletar e apoiar, dar suporte através de sua logística reversa. Ela deve dar suporte, para que a circularidade aconteça da forma mais virtuosa”, frisou.

Fonte: AT.

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