Brasil Genebra Poluição Plásticos
A dois dias do encerramento da conferência das Nações Unidas que tem o objetivo de encontrar um consenso para a conclusão de um Tratado Global eficaz contra a poluição dos plásticos, as ONGs que acompanham os debates registram uma polarização entre as delegações e uma forte influência de lobistas da indústria petroquímica.
A rodada de negociações, que conta com a participação de 180 países na Suíça, chega ao fim na quinta-feira (14), mas ainda está longe de alcançar um acordo.
Segundo um comunicado divulgado nesta terça-feira (12) pela Coalizão Vida Sem Plástico, uma rede formada por mais de 15 organizações brasileiras que atuam pela construção do Tratado Global, o Brasil não estaria comprometido com soluções para conter essa crise mundial.
“A delegação brasileira até agora não se comprometeu com propostas claras, deixando dúvidas quanto ao seu posicionamento e enfraquecendo os esforços”, afirma o grupo no documento.
Por outro lado, a comissária europeia para o Meio Ambiente, Jessika Roswall, pediu que as negociações sejam concluídas, destacando que a União Europeia (UE) está pronta para um compromisso.
“A UE está pronta, mas não a qualquer custo. É hora de realmente concluir este acordo vital”, declarou ela durante uma coletiva de imprensa ao lado do ministro dinamarquês do Meio Ambiente, Magnus Heunicke.
“Se houve um pouco de teatro ontem, haverá muito mais nos próximos dias”, alertou Heunicke, cujo país ocupa a presidência rotativa do bloco, parecendo confirmar rumores de que o negociador europeu teria ameaçado abandonar a mesa de negociações de um grupo de trabalho na noite de segunda-feira (11).
Brasil Genebra Poluição Plásticos
Essas negociações são “extremamente difíceis”, disse Heunicke, “mas a UE está aqui para alcançar um acordo” que seja “o mais ambicioso possível”.
De acordo com a Coalizão Vida Sem Plástico, “pelo menos 234 operadores da indústria química e de combustíveis fósseis se inscreveram para participar do INC-5.2 (a segunda parte do Comitê Intergovernamental de Negociação)”. O número seria quase quatro vezes maior que a “presença de cientistas e quase sete vezes mais que a presença de indígenas”.
A UE faz parte de uma coalizão de países chamados “ambiciosos”, que desejam chegar a um tratado contra a poluição plástica que preveja a redução e a regulação da produção de plástico virgem no mundo, bem como uma lista de aditivos químicos perigosos. Mas o bloco enfrenta a oposição de países majoritariamente produtores de petróleo, além destes representantes da indústria petroquímica, que acompanham os debates como observadores.
Segundo a Coalizão Vida Sem Plástico, o mundo produz diariamente cerca de 1,1 milhão de toneladas de plásticos, mas recicla menos de 10% desse total. Em um ano, a produção chega a 400 milhões de toneladas — o suficiente para encher 20 milhões de caminhões de lixo que, enfileirados, dariam a volta ao mundo pelo menos quatro vezes. O Brasil ocupa a oitava posição entre os maiores poluidores plásticos do planeta.
Fonte: Terra.