saneamento basico
abren

Lixo urbano pode gerar energia para 27 milhões de residências no Brasil, afirma ABREN

Imagem Ilustrativa

Com pouco mais da metade (cerca de 56%) do lixo urbano produzido pelas 28 regiões metropolitanas do Brasil com mais de 1 milhão de habitantes é possível gerar energia elétrica para 27 milhões de residências no país e abastecer uma média de 100 milhões de pessoas. É o que aponta um estudo da Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) sobre o potencial brasileiro para gerar energia a partir do lixo urbano. O estudo foi apresentado na última semana durante o 3º Fórum de Valorização Energética de Resíduos, organizado pela ABREN e realizado pelo Grupo FRG Mídias e Eventos.

Levantamento realizado pela Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos aponta ainda que as 28 regiões metropolitanas do Brasil têm potencial para receber investimentos superiores a R$ 79 bilhões

Yuri Schmitke, presidente da ABREN, discursou durante a abertura do evento e apresentou os detalhes do estudo. Segundo Schmitke, “a recuperação energética, tecnologia que transforma a fração não reciclável do lixo em energia elétrica, é uma prática utilizada há cerca de 50 anos na Europa e na Ásia, por exemplo, mas ainda é uma novidade no Brasil. A primeira Usina de Recuperação Energética está em construção em Barueri (SP) e certamente será a primeira de muitas”.

Rubens Aebi, vice-presidente da ABREN, também discursou durante o evento e ressaltou os benefícios da recuperação energética.

“Essa tecnologia contribui diretamente para dois setores essenciais para o Brasil: o saneamento básico e a energia elétrica. Além disso, gera ganhos também para a saúde pública, pois o lixo urbano que seria enviado a um lixão ou aterros sanitários ilegais passa a ter uma destinação ambientalmente correta.”

Outra forma de recuperação energética é o Combustível Derivado de Resíduos, ou CDR. Esse tema contou com um painel específico para avaliar os desafios e as oportunidades dessa tecnologia no Brasil. O país possui 38 fábricas com licença ambiental para usar o combustível derivado de resíduos, mas substitui apenas 31% do combustível fóssil por CDR, taxa que é muito maior em países europeus.


LEIA TAMBÉM: 3º Fórum Valorização Energética de Resíduos – 2022

Lixo Urbano

Segundo Francisco Leme, vice-presidente do Conselho Deliberativo da ABREN e especialista em CDR, “o Brasil tem um grande potencial para ampliar a geração e a utilização do combustível derivado de resíduos, o que traria benefícios como a geração de empregos, atração de investimentos redução das emissões dos gases que causam o efeito estufa e preservação dos recursos naturais”.

Realizado de forma presencial em São Paulo e transmitido simultaneamente online, o 3º Fórum de Valorização Energética de Resíduos contou com a participação de autoridades, como representantes do Ministério de Minas (MME) e Energia e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), de grandes empresas e também especialistas do setor.

As apresentações e debates realizados abordaram as melhores práticas da recuperação energética em diversos países e como incorporá-las ao Brasil. Gerson Sampaio, CEO da Teknergia, destacou que essa tecnologia será extremamente importante para que o Brasil tenha condições de diminuir as emissões de metano e fez um alerta.

“Um estudo realizado pela NASA utilizando tecnologias mais modernas, como aviões e drones, criou uma nova metodologia para medir as emissões de metano e o resultado é muito preocupante: as emissões de aterros sanitários são até 250% maiores do que os dados oficiais divulgados em relação ao inventário de emissões de metano”, destacou o executivo.

Além da URE Barueri, contratada em 2021 e com operação prevista para 2025, os Leilões de Energia Nova A-5 e A-6, previstos para ocorrerem em 16 de setembro deste ano, terão uma categoria destinada exclusivamente à geração de energia a partir do lixo, ou resíduos sólidos urbanos (RSU). Nela, há 10 projetos cadastrados no Leilão A-5, totalizando 180 MW, e 9 projetos cadastrados no Leilão A-6, com um total de 176 MW. Ao todo, são 19 projetos de RSU e 356 MW – suficientes para abastecer cerca de 1,2 milhão de residências.

A 3ª edição do Fórum de Valorização Energética de Resíduos contou com mais de 550 participantes, nos formatos presencial e online, e foi realizado no Novotel São Paulo Jaraguá Conventions. O evento contou com apoio da Coalizão Valorização Energética de Resíduos, movimento integrado pela ABREN, WtERT Brasil, ABIMAQ, ABEMI, ABGD, ABERH, ANIP, ABEAMA, COGEN, CervBrasil, CONATREC, Coopercaps, SOBRATEMA e SINDESAM.

Sobre a ABREN

A Associação Brasileira de Recuperação Energética de Resíduos (ABREN) é uma entidade nacional, sem fins lucrativos, que tem como missão promover a interlocução entre a iniciativa privada e as instituições públicas, nas esferas nacional e internacional, e em todos os níveis governamentais. A ABREN representa empresas, consultores e fabricantes de equipamentos de recuperação energética, reciclagem e logística reversa de resíduos sólidos, com o objetivo de promover estudos, pesquisas, eventos e buscar por soluções legais e regulatórias para o desenvolvimento de uma indústria sustentável e integrada de tratamento de resíduos sólidos no Brasil.

A ABREN integra o Global Waste to Energy Research and Technology Council (Global WtERT), instituição de tecnologia e pesquisa proeminente que atua em diversos países, com sede na cidade de Nova York, Estados Unidos, tendo por objetivo promover as melhores práticas de gestão de resíduos por meio da recuperação energética e da reciclagem. O Presidente Executivo da ABREN, Yuri Schmitke, é o atual Presidente do WtERT – Brasil. Conheça mais detalhes sobre a ABREN acessando o site.

Últimas Notícias:
Gerenciando Montanhas Lodo

Gerenciando Montanhas de Lodo: O que Pequim Pode Aprender com o Brasil

As lutas do Rio com lodo ilustram graficamente os problemas de água, energia e resíduos interligados que enfrentam as cidades em expansão do mundo, que já possuem mais de metade da humanidade. À medida que essas cidades continuam a crescer, elas gerarão um aumento de 55% na demanda global por água até 2050 e enfatizam a capacidade dos sistemas de gerenciamento de águas residuais.

Leia mais »