Aterros Reaproveitamento Energético Lixo
Por Cláudio Marques
As atividades dos aterros sanitários vão além do recebimento e tratamento de resíduos orgânicos e passam pela valorização de resíduos, sobretudo com a produção de biogás e de biometano. “O futuro é o reaproveitamento energético dos resíduos”, declara Hamilton Agle, CEO da Estre Ambiental, ecoando o pensamento do setor. “Até nossos projetos de biogás para gerar energia elétrica estão migrando para o biometano”, ressalta Pedro Maranhão, presidente da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema).
O biogás resulta da decomposição do material orgânico. O biometano, por sua vez, advém do processo de purificação do biogás, um procedimento que requer altos investimentos.
Tanto que o setor deve destinar R$ 8 bilhões, até 2029, para essa finalidade, conforme Maranhão. A Lei do Combustível do Futuro é um catalisador para o desenvolvimento da produção ao obrigar as concessionárias de gás a comprar, por dez anos, 1% de biometano equivalente ao que consomem em gás natural.
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Segundo a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), em 2024, o Brasil consumiu 52,47 milhões de m3 /dia. “Há também uma grande perspectiva com a substituição do diesel pelo biometano”, lembra Sérgio Arosti, diretor de energia verde da Solví. “Temos um mercado de vastas oportunidades”, reforça Milton Pilão, CEO da Orizon.
A Solví inaugurou, em 2024, uma planta de biometano no aterro de Caieiras (SP), que recebe cerca de 10,5 mil toneladas diárias de resíduos, sendo cerca de 50% da cidade de São Paulo, segundo Arosti. A capacidade instalada é de 68 mil m3 /dia. Uma segunda planta com a mesma capacidade deverá entrar em operação ainda neste ano no Aterro Minas do Leão (RS). A empresa já iniciou a construção de um terceiro empreendimento, também no Rio Grande do Sul, que terá capacidade para 4 mil m3 /dia.
Aterros Reaproveitamento Energético Lixo
A Orizon, que possui 17 aterros sanitários no país e processa hoje mais de 9 milhões de toneladas/ano, colocou em prática um programa de R$ 1,2 bilhão de investimentos para produzir biometano. Neste ano, entram em operação as duas maiores plantas da empresa. Com capacidade para 110 mil m3 /dia, a unidade de Jaboatão (PE) vai atender a região metropolitana do Recife (PE). Já a planta de Paulínia (SP) será destinada à região metropolitana de Campinas (SP) e terá capacidade de produção de 200 mil m3 /dia. “A companhia vai entregar novas plantas todo ano. Todos os aterros terão unidades de biometano, quando acabar esse ciclo de investimentos”, afirma Pilão. O prazo para isso ocorrer é de até cinco anos.
A Estre planeja erguer três plantas de purificação de biogás, o que deverá envolver cerca de R$ 300 milhões, de acordo com Agle. Dos cinco aterros da empresa que recebem mais de 2 milhões de toneladas de resíduos por ano, os que vão produzir biometano são Fazenda Rio Grande, que atende a região de Curitiba (PR), o de Guatapará, que recebe o material da região de Ribeirão Preto (SP), e o de Piratininga – destino do material da região de Bauru e Jaú, no Estado de São Paulo. A planta Fazenda Rio Grande tem parceria com a Orizon.
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Investimentos
O programa de investimentos da Marquise Ambiental em biometano deverá atingir R$ 500 milhões, de acordo com Hugo Nery, presidente da empresa. Cerca de R$ 150 milhões foram aplicados na planta de Fortaleza (CE), que já está em operação. Também prevê produção de biometano nos aterros de Osasco (SP) e Aquiraz (CE). Para completar o ciclo de investimentos, a empresa ainda depende de negociações e acertos jurídicos com as prefeituras de Manaus (AM) e Porto Velho (RO).
Fonte: Valor.