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Indústria defende regulamentação para uso energético de resíduos

O setor industrial defende a regulamentação do uso de resíduos sólidos para geração de energia.

Atualmente, os resíduos são descartados em lixões, por falta de segurança jurídica para quem quer investir na área. Segundo o gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Davi Bomtempo, normas claras são fundamentais para atrair investidores. “O estímulo à recuperação energética será complementar à reciclagem e também contribuirá para resolver o problema dos lixões no país. A Política Nacional de Resíduos Sólidos já prevê isso, mas é preciso regulamentar”, destacou.

O tema foi debatido durante o lançamento do Roadmap Tecnológico do Cimento em evento promovido pelo Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SNIC) e a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), na quarta-feira (3), na sede da CNI, em Brasília. O intuito foi apresentar contribuições da indústria de cimentos para a redução de emissões de gases de efeito estufa e lançar um plano para reduzir em quase 35% as emissões pelo setor até 2050.

O Roadmap traça diretrizes para a redução da emissão de CO2 na indústria brasileira do cimento em duas etapas: um primeiro estágio até 2030 e um segundo até 2050. A publicação contou com a parceria da Agência Internacional de Energia (IEA), da Iniciativa de Sustentabilidade do Cimento (CSI), do Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvi¬mento Sustentável (WBCSD), International Finance Corporation (IFC), que é membro do Banco Mundial.

Baixo carbono

O estudo propõe alternativas para reduzir as emissões de CO2 da indústria nacional de cimento, já consideradas baixas. Além disso, identifica barreiras e gargalos que limitam a adoção de políticas públicas, regulações, aspectos normativos, entre outros, capazes de potencializar a redução das emissões em curto, médio e longo prazo.

“A indústria brasileira do cimento apresenta um dos menores índices de emissão de CO2 no mundo, por conta de ações que vêm sendo implementadas nas últimas décadas e queremos continuar liderando esse processo no futuro”, afirma o presidente do SNIC e da ABCP, Paulo Camillo Penna.

Dados

Segundo dados dessas entidades, enquanto a produção de cimento aumentou 273% entre 1990 e 2014, passando de 26 milhões para 71 milhões de toneladas, a curva da emissão de carbono registrou queda de 18% na relação carbono/tonelada. Caiu de de 700 kg para 564 kg CO2/t cimento. Além disso, o projeto vislumbra a possibilidade de a indústria alcançar patamares da ordem de 375 kg CO2 /t cimento até 2050, uma redução de 33% em relação aos valores atuais.

Segundo executiva sênior de investimento da IFC, Erika Kanashiro Tugumi, o Brasil está no caminho certo para descarbonizar sua cadeia de valor do cimento, adotando melhores práticas em eficiência energética, uso de combustíveis alternativos, energia renovável, e produtos inovadores em cimento e concreto.

O Roadmap Tecnológico do Cimento analisa uma série de medidas capazes de acelerar a transição rumo a uma economia de baixo carbono. “O setor reconhece os desafios na produção de cimento e concreto e tem trabalhado arduamente ao longo de muitos anos para encontrar soluções. Há várias inovações importantes em andamento, que irão contribuir para reduzir as emissões globais de CO2 e produzir cimento de forma sustentável. Estamos totalmente comprometidos em avançar para um futuro sustentável”, afirma a diretora da Associação Global de Cimento e Concreto (GCCA) e especialista em sustentabilidade na indústria do cimento, Claude Loréa.

Acordo de Paris

O Acordo de Paris, negociado em 2015 na 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e ratificado pelo Brasil em 2016, estabeleceu diretrizes e compromissos para tentar limitar o aumento das temperaturas neste século a menos de 2°C.

Para isso, foram reunidas no mapeamento medidas que se concentram em quatro principais pilares: adições e substitutos de clínquer – produto intermediário do cimento – por meio do uso de subprodutos de outras atividades; combustíveis alternativos, com a utilização de biomassas e resíduos com poder energético em substituição a combustíveis fósseis não renováveis; medidas de eficiência energética, mediante investimentos em linhas e equipamentos de menor consumo térmico e/ou elétrico; tecnologias inovadoras e emergentes, por meio da pesquisa e desenvolvimento em tecnologias disruptivas, como a captura de carbono.

Fonte: CNI

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