Resumo
Os vazamentos nas tubulações são responsáveis por parcela significativa do total das perdas de água(cerca de 65%). Os vazamentos são diretamente proporcionais às pressões, cujo controle faz diminuir o desperdício decorrente da quantidade de água que flui dos vazamentos existentes ou dos vazamentos que eventualmente surgem em função das altas pressões sobre a infraestrutura fragilizada. Com a crescente demanda de água, é primordial potencializar a redução desse volume perdido.
O controle da pressão através do monitoramento do ponto de menor pressão (ponto crítico) permite manter o abastecimento com uma pressão mínima, reduzindo o volume perdido e também o consumo de energia elétrica, quando instalado numa estação elevatória de água, proporcionando significativa redução de despesas operacionais, com a preocupação primordial de manter todos os clientes abastecidos.
Introdução
Um dos maiores problemas que as regiões metropolitanas vem encontrando é a disponibilidade de recursos hídricos. Volumes cada vez maiores são necessários para atender a demanda, sendo que a oferta de recursos naturais apropriados vem diminuindo, tornando-se necessário retirá-los de localizações cada vez mais distantes, encarecendo o processo, e aumentando o risco de um colapso do sistema de distribuição. Tendo em vista estas constatações, é imprescindível o controle e o combate às perdas, utilizando inteligentemente os recursos para esse fim.
Segundo Thorton¹, as 4 componentes de controle e combate das perdas de água por vazamentos são a gestão da pressão, o gerenciamento da infraestrutura, agilidade e qualidade do reparo de vazamentos e a detecção de vazamentos não visíveis. A gestão de pressão tem por objetivo reduzir a ocorrência de vazamentos causados pelas altas pressões nas tubulações e também reduzir o volume perdido nos vazamentos já existentes, já que a vazão de um vazamento é proporcional à pressão da água dentro do conduto. Desta forma, é razoável investir em controle de perdas por vazamentos através de redução da pressão no sistema de distribuição.
A VRP (válvula redutora de pressão) é um dispositivo hidráulico instalado na entrada de um DMC (distrito de medição e controle) com o objetivo de reduzir a pressão maior à montante para uma pressão menor e estável, reduzindo o volume perdido através da redução da pressão. Até 1999, as VRPs eram reguladas exclusivamente com um parâmetro fixo, bastante eficiente quando há pouca variação da vazão, com consequentemente baixa variação na pressão do ponto crítico. Entretanto, na maioria dos DMCs há uma grande variação da vazão no decorrer do dia e também durante o ano, decorrente das variações das estações do ano. Além disso, há uma significativa variação da vazão em vários DMCs em função do dia da semana (sábados, domingos e feriados). Desta forma, o parâmetro fixo estabelecido anteriormente pode não ser a forma mais eficaz para conseguir a melhor redução das perdas durante todo o dia e durante todo o ano.
Visando melhorar o resultado da redução de perdas, detectou-se a necessidade de utilizar equipamentos eletrônicos denominados Controladores de VRP por tempo. Os Controladores de VRP por Tempo funcionavam variando a pressão de controle da VRP em função de um horário pré-estabelecido, de tal maneira que a pressão seja menor em horário de menor consumo.
O Controlador de VRP por Tempo foi inovador na época, por conseguir realizar reduções inteligentes de pressão, reduzindo as pressões em horários com baixíssimo consumo, com consequente evolução na redução de perdas. Essa melhoria foi implantada no ano de 2000. Posteriormente, surgiram várias outras inovações, como o controle pela vazão, controle de VRP sem uso de bateria. O desafio seguinte era conseguir uma metodologia capaz de conseguir parametrizar a pressão da VRP de tal maneira que consiga atingir os melhores resultados em função da variação da vazão, fazendo com que o ponto crítico não seja abastecido com pressão maior que o necessário.