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Projeto pioneiro no Brasil: implantação de unidade piloto em reciclagem automotiva (UPRA)

Resumo

A reciclagem automotiva visa reintroduzir os materiais constituintes de um automóvel em fim de vida útil (AFVU), como matérias-primas em novos processos produtivos. A taxa média de reciclagem de veículos em países desenvolvidos é de aproximadamente 6% da frota circulante (CASTRO, 2012). O Brasil, detentor da maior frota da América Latina, ainda não possui um processo sistêmico para a reciclagem, o que traz sérios problemas de segurança, geração de impactos ambientais negativos, perdas econômicas e risco a saúde pública por potenciais focos transmissores de doenças presentes em AFVU’s dispostos inadequadamente. Neste cenário, a logística reversa torna-se fundamental ao ciclo de vida do automóvel, pois possibilita a recuperação de seu valor agregado ainda presente e a sua destinação final ambientalmente adequada. Assim, este trabalho consiste na implantação da Unidade Piloto de Reciclagem Automotiva (UPRA) no campus II do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), e na implementação de um modelo sistêmico do correto desmonte para a reciclagem de automóveis no Brasil, utilizando-se do pioneirismo japonês no desenvolvimento de técnicas que permitam o máximo de aproveitamento do automóvel durante seu desmantelamento, aliado ao adequado gerenciamento dos resíduos sólidos envolvidos. Configura-se como uma proposta inédita para o Brasil, pois fomenta a economia circular transformando resíduos automotivos em oportunidades de negócios, contribuindo para a formação de um mercado competitivo e sustentável, de alto valor agregado ao meio ambiente e à sociedade.

Introdução

A quantidade de veículos no Brasil mais que dobrou na última década, ultrapassando 92 milhões de emplacamentos (DENATRAN, 2017) com destaque para os automóveis, que sozinhos respondem por 54,65% deste montante, totalizando mais de 50 milhões de unidades e por isso foco deste trabalho. Todavia, o destino deste marcante símbolo da sociedade industrial quando do final de sua vida útil, representa um dos grandes desafios ambientais em que o país deve se preparar para lidar nos próximos anos.

O crescimento acentuado de automóveis e a tendência de envelhecimento da atual frota circulante (SINDIPEÇAS, 2016) traz como consequência o aumento de automóveis a serem descartados ao completar seu ciclo de vida útil. Somam-se a estes, os sinistrados irrecuperáveis, abandonados em vias públicas sem condições de rodagem, apreendidos em pátios de remoção onde muitas vezes transformam-se em verdadeiras sucatas e aqueles provenientes de furto e roubo, que acabam alimentando o mercado informal e poluindo o meio ambiente quando do descarte inadequado de suas partes não comercializáveis (CASTRO, 2012).

Neste contexto, a logística reversa, importante instrumento do princípio da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos presente na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (BRASIL, 2010), caracteriza-se por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor produtivo, fundamental ao ciclo de vida do automóvel, pois possibilita a reutilização de suas partes, reciclagem, retroalimentação à cadeia industrial e a disposição final ambientalmente adequada. Além disso, a Resolução nº 611/2016 do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) que regulamenta a Lei Federal nº 12.977/2014 referente a desmontagem de veículos automotores terrestres (BRASIL, 2014), preconiza que os resíduos provenientes da atividade de desmonte automotivo, devem submeter-se ao disposto na PNRS, que possui como um de seus objetivos o incentivo a indústria da reciclagem.

Diante do exposto e em vista da crescente preocupação com a preservação ambiental, a poluição da água e do solo por meio da presença potencial de fluidos contaminantes em AFVU’s, o risco de proliferação de vetores proporcionado pela sua disposição inadequada ou de suas partes, além da perda de materiais recicláveis constituintes, torna-se fundamental implantar e implementar de forma sistêmica a atividade de desmonte e reciclagem automotiva no Brasil, corroborando para a sustentabilidade da indústria automotiva nacional e o fomento a mercados mais competitivos e integrados.

Por conseguinte, adotando uma referência mundial na atividade, elegeu-se o modelo japonês de “indústria venosa”, que refere-se ao resgate do valor oculto existente nos materiais descartados, empregando-os como matéria-prima em novos processos industriais, com geração de empregos e valor agregado em materiais antes considerados lixos pela sociedade (CASTRO, 2012). Assim, este trabalho possui como objetivo a implantação da Unidade Piloto de Reciclagem Automotiva (UPRA) no campus II do CEFET-MG, dedicada ao desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias que alicercem a criação e o desenvolvimento da indústria venosa em território brasileiro, além da formação de mão-de-obra qualificada para a atividade de desmonte e reciclagem automotiva no país.

O desenvolvimento desse trabalho contou com o apoio e a participação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG).

Autores: Jomara Gonçalves Nogueira e Daniel Enrique Castro.

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