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Por que está faltando água no DF? Não é só pela falta de chuvas

O Distrito Federal está tendo uma estação chuvosa atípica. Choveu menos que o esperado, os reservatórios que abastecem a região caíram vertiginosamente e, desde segunda-feira (16), o governo distrital decretou rodízio de água. Mas as causas do racionamento estão longe de ser meramente climáticas. Pelo contrário, elas se parecem muito com outra crise recente, a que atingiu São Paulo entre 2014 e 2015 (e ainda não está completamente resolvida). Assim como aconteceu em São Paulo, a crise hídrica na região é um problema de gestão. Aparentemente, o DF não aprendeu com os erros paulistas.

A estiagem no Distrito Federal começou em 2016, possivelmente como resultado do forte El Niño do ano passado. Em 2015, não havia crise: os reservatórios estavam com 100% de suas capacidades, como diz o próprio presidente da Caesb, a empresa de abastecimento do DF, em artigo. Entre março e julho de 2016, todos os meses viram menos água que o comum. As chuvas começaram a se recuperar em novembro, que foi um mês dentro da média, mas dezembro ficou abaixo do esperado. O sistema de abastecimento do DF não resistiu a uma seca que dura menos de um ano.

As chuvas suprem os dois principais reservatórios do DF. O reservatório de Santa Maria atende Brasília, e está com 41% de sua capacidade. Já a represa de Descoberto é a que enfrenta o maior problema. Ela atende as cidades-satélites e está apenas com 19,4% de sua capacidade. Pela legislação do DF, o racionamento pode ser decretado quando o reservatório fica abaixo dos 20%. Por isso, segundo a Caesb, o racionamento foi decretado para as cidades mais periféricas e não para o Plano Piloto.

Juntos, Santa Clara e Descoberto cobrem 80% da população do Distrito Federal. Mas eles não são o suficiente para a atender a população local. As autoridades sabem disso há algum tempo. Em 2015, ÉPOCA publicou matéria mostrando onde poderia faltar água nos anos seguintes. O DF estava no mapa. Segundo o Atlas do Abastecimento da Agência Nacional das Águas, apenas cinco das 23 cidades da região metropolitana de Brasília estão com situação segura no abastecimento. As outras 18 precisam de pelo menos R$ 862 milhões em investimentos de ampliação da estrutura de abastecimento.

Como o DF chegou a essa situação? Segundo Julio Sampaio, coordenador do programa Cerrado da ONG WWF-Brasil, a equação é simples. A população cresceu, o sistema de abastecimento não. “O caso de Brasília é muito parecido com o de São Paulo, são vários fatores similares. O principal deles é o crescimento urbano. A densidade populacional aumentou muito em Brasília, especialmente nas cidades-satélites, e a capacidade para fornecer água não acompanhou na mesma proporção”, diz.

Outro fator, na opinião de Salgado, é a integridade das bacias hidrográficas. Áreas que antes eram agrícolas e que mantinham relativa integridade de nascentes e rios foram engolidas pelo conglomerado urbano. Desmatamento de matas ciliares pode secar as nascentes e diminuir a capacidade de absorção da água que vem da chuva. “É preciso melhorar a qualidade da produção de água nas regiões que abastecem a cidade. Isso é feito com proteção e recuperação de nascentes.”

Para conter a crise, o governo do DF e a Caesb anunciaram obras e prometem investir R$ 765 milhões na ampliação dos sistemas de abastecimento. O anúncio não fala sobre medidas de conservação.

Fonte: ÉPOCA

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