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Maquete explica problemas no sistema de drenagem apontados por laudo em Barragem da Vale em Brumadinho/MG

A pedido do Jornal Hoje, engenheiros da FEI fizeram maquete da barragem que se rompeu e provocou tragédia em MG. Relatório de 2018 apontou que estrutura era segura, mas recomendou melhorias.

Uma maquete feita a pedido do Jornal Hoje por engenheiros do Centro Universitário FEI, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, explicou os problemas no sistema de drenagem da barragem da Vale em Brumadinho detectados por um laudo de vistoria em 2018.

A barragem I da Mina do Córrego do Feijão estava sem receber rejeitos desde 2015. Ela se rompeu em 25 de janeiro despejando um tsunami de água, terra e rejeitos sobre funcionários da Vale e moradores da região. Até esta terça-feira (5), 150 mortes foram confirmadas, e 182 pessoas continuam desaparecidas.

O laudo de vistoria feito pela empresa alemã Tüv Süd, a pedido da Vale, apontou estabilidade da estrutura. Mas registrou que, em uma área da barragem que estava parcialmente saturada de água, havia um dreno seco. Outros apresentavam trincas, de onde saía água.

Laudos

A Vale vem afirmando que todos os itens do laudo da Tüv Süd foram atendidos ainda em 2018 e que eram recomendações rotineiros em vistorias desse gênero. Segundo a mineradora, a barragem de Brumadinho era monitorada por 94 piezômetros (equipamentos que medem a pressão e o nível da água no solo), além de 41 indicadores de nível de água. A mineradora alega que as informações dos instrumentos eram coletadas periodicamente.

Já a Tüv Süd diz que não vai se pronunciar, devido às investigações em andamento, e que está fornecendo todas as informações solicitadas pelas autoridades.

O sistema de drenagem é considerado é considerado o coração de toda barragem. Ele garante que a água não fique “presa”, liberando a pressão sobre a estrutura. E foi justamente aí que, segundo procurados pelo Jornal Hoje, os técnicos responsáveis pelas auditorias enxergaram problemas.

A maquete feita pelos engenheiros da FEI reproduz a barragem de Brumadinho. Na parte inferior, há areia. Na parte superior, areia misturada à sílica e água, para imitar os rejeitos de minério.

O coordenador do curso de Engenharia Civil da FEI, Kurt André Amann, explicou: “O que acontece no laudo é que as canaletas demonstram algumas rachaduras e tricas que acabam permitindo infiltração de água dentro do corpo da barragem, e isso não é adequado. Também [há] alguns entupimentos, que são problema, porque a água tem que se deslocar e sair da barragem para que se consiga manter a segurança”.

Drenos horizontais

De acordo com Amann, a análise havia ainda problemas nos drenos horizontais, descritos como “um tubo profundo para coletar água de dentro da barragem para manter a segurança”. “Eles estavam apresentando o que eles chamam de coloide, que é a parte fina do material de rejeito, que tem muito ferro, e ela aparece com uma cor alaranjada.”

O professor disse o vazamento em alguns pontos do talude, a parte inclinada da barragem, é um alerta. O aparecimento da água no dreno não é um problema em si. O problema acontece se o dreno não apresenta saída de água.

Dessa forma, se os piezômetros indicam a presença de água na barragem e, mesmo assim, o dreno está seco, conclui-se que esse dreno não está conseguindo retirar a água.

A inspeção feita pelos técnicos em julho do ano passado também apontou que os medidores chamados inclinômetros não conseguiram chegar à parte mais baixa da barragem.

Barragem

O relatório de vistoria, que levantou 14 recomendações, concluiu que a barragem de Brumadinho estava, naquele momento, em condições adequadas de segurança.

“Ali não havia nenhum alerta que demonstrasse que haveria algum risco imediato”, lembra Amann. “Todos os relatórios, que são executados ao longo da vida da barragem, são como um histórico médico de uma pessoa. Então, quando tem alguma alteração nos resultados, é aí que você chama a atenção com algum tipo de intervenção.”

Questionado sobre o estado desse “histórico médico” recente da barragem I da mina do Córrego do Feijão, Amann respondeu: “O paciente estava precisando de alguns cuidados”.

Fonte: G1

 

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