O Governo de Sergipe decretou situação de emergência no início da noite desta segunda-feira (11) na Grande Aracaju, que tem problemas de abastecimento de água após a queda de uma ponte romper a tubulação de duas adutoras do São Francisco no sábado (9).
De acordo com o IBGE, cerca de 912 mil pessoas moram nos quatro municípios da região. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do governo estadual, que adiantou que o decreto vai ser publicado no “Diário Oficial da União” desta terça-feira (12). Também vai ser divulgado no “Diário” o decreto que suspende as aulas da rede pública de ensino.
A ponte sobre o rio Cotinguiba, localizada no povoado de Pedra Branca, município de Laranjeiras, desabou e rompeu a tubulação de água de duas adutoras da Companhia de Saneamento Básico (Deso), no sábado. A ponte, que fazia parte da BR-101, estava interditada para o tráfego de veículos e tinha na sua estrutura canos da adutora do Rio São Francisco.
Reconstrução
O Governo do Estado vai fazer a reconstrução da adutora e a normalização dos serviços de atendimento à população com a ajuda do Governo Federal. Segundo o diretor da Defesa Civil Estadual, José Mendes, todas as providências burocráticas foram tomadas para que a verba da União chegue a Sergipe de forma imediata.
Prefeitos das cidades afetadas fizeram uma reunião nesta segunda com a direção da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) e o Governo de Sergipe para discutir as medidas que serão tomadas nos próximos dias para tentar minimizar as consequências do acidente que rompeu as adutoras.
Entre os pontos destacados estão fazer o rodízio de água, conscientizar a população para racionar e decretar situação de emergência. Além disso, houve a suspensão das aulas da rede pública de ensino, composta por 120 escolas estaduais e 74 municipais.
Plano emergencial
Os gestores traçaram um plano emergencial para solucionar o problema. De acordo com o presidente da Deso, as obras estão aceleradas, e com a finalização da obra emergencial, 80% do abastecimento de água da Grande Aracaju será restabelecido.
Até a conclusão da obra, um sistema de rodízio será implantado, para que nenhum bairro fique sem água por mais de 24 horas. Para isso, Aracaju e as cidades da Região Metropolitana foram subdividas em 15 setores, onde os 30% restantes de água serão distribuídos.
“Até sexta-feira (15), essa adutora emergencial estará pronta. Por enquanto vamos fazer um processo de remanejamento de distribuição. Não adianta fazer uma tabela fixa do rodízio, pois é um problema muito complexo”, afirmou Carlos Melo, presidente da Deso.
Ele explicou que a tabela de rodízio vai ser dinâmica e que técnicos da Deso vão avaliar a situação a cada momento. “A ideia é que cada bairro fique com água durante 24h e outras 24h sem. Muitos bairros abastecidos pelo Sistema Cabrita serão menos prejudicados, no caso, a Zona Sul e Zona de Expansão, pois o Sistema Cabrita é totalmente independente. A Zona Norte vai sofrer mais, pois recebe a água da tubulação rompida”, afirmou Melo.
“A circunstância é gravíssima, mas posso dizer que essa é uma fatalidade que infelizmente aconteceu. Sou solidário com a equipe da Companhia e tenho certeza que o desabastecimento será mínimo, diante o tamanho da gravidade. As Unidades de Saúde e as escolas foram priorizadas, faremos um estudo para saber quanto temos de água nos reservatórios”, disse o prefeito de Aracaju, João Alves Filho.
Airton Martins, prefeito da Barra dos Coqueiros, disse que o município sofreu bastante com a queda da adutora e apela para o bom senso da população. “A Barra dos Coqueiros sofreu com o corte da água no sábado e hoje uma manobra emergencial forneceu água até 12h para amenizar a situação. O foco agora é economizar”, afirmou o prefeito.
De acordo com informações da Companhia de Saneamento de Sergipe, a Zona Norte da Grande Aracaju é mais prejudicada por estar localizada na parte mais alta. A única alternativa para muitas pessoas é buscar poços e minadouros.
Já a Zona Sul está sendo abastecida pelo Sistema Cabrita, que integra o primeiro sistema de abastecimento de água canalizada de Sergipe. Uma nova tubulação está sendo construída, em caráter emergencial, na BR-101, segundo o governo.
Obras
As obras emergenciais para a construção de uma nova adutora começaram ainda na noite do sábado e estão previstas para terminar até esta sexta-feira (15).
“Com o fim dos trabalhos, 80% do abastecimento voltará a ser destinado a Grande Aracaju. Para que as principais ações de interligação dos novos dutos aconteçam”, explica o vice-governador Belivaldo Chagas.
O Departamento Nacional de Infraestrutura (DNIT) e o Exército já foram mobilizados para ajudar, e a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Sergipe (Fafen) está colaborando. De acordo com Chagas, o Governo do Estado está se mobilizando com todos os seus órgãos.
“Se houver necessidade de mobilizar maquinário e pessoal do Exército, que está trabalhando naquela região, eles já se colocaram à disposição também”, afirmou.
Uma operação com carros pipa começou na manhã desta segunda a atender emergencialmente hospitais, postos de saúde municipais e estaduais e estrutura judiciária. Posteriormente, os veículos serão destinados para a população de localidades mais prejudicadas pela falta de água.
Causas
As causas da queda da ponte e do rompimento da adutora ainda são desconhecidas. Durante reunião realizada nesta segunda ficou definido que será criada uma comissão para analisar o fato.
“A ponte é do Governo Federal e as tubulações passavam lá há bastante tempo. O Governo do Estado, juntamente com o Federal, vai montar uma estrutura para apurar o ocorrido e o porquê da ruptura da estrutura. Acho que, neste momento, temos que concentrar esforços para achar uma solução emergencial para 1 milhão de pessoas da Grande Aracaju”, afirmou Melo, diretor da Deso.
O Tenente-Coronel Mendes, diretor do Departamento Estadual de Proteção e Defesa Civil de Sergipe, disse que ainda é muito cedo para afirmar o que causou o desabamento.
“O nosso objetivo atual é trabalhar com as ações emergenciais para garantir o restabelecimento de água para a população afetada. As causas serão apuradas, o que é um procedimento normal diante de um desastre desse porte, porém serão levantadas em um momento oportuno”, disse.
Fonte: G1