Sabesp diz que tarifas estão defasadas e buscará compensação em 2017

‘Revisão tarifária será oportunidade para corrigir problemas’, diz Kelman.
No 1º trimestre de 2016, a companhia conseguiu dobrar o lucro líquido.

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) reafirmou nesta terça-feira (17) que espera corrigir “uma série de problemas” e compensar defasagens na estrutura tarifária com a revisão prevista para maio de 2017. A informação foi confirmada pelo presidente da empresa, Jerson Kelman, durante uma apresentação a investidores, em São Paulo. Em março, a empresa já havia dito que buscava compensar os gastos com obras contra a crise hídrica no ano que vem.

Segundo o presidente da Sabesp, as discussões sobre a revisão tarifária estão na lista de prioridades deste ano. Ele aponta que, para oferecer um serviço melhor e atingir maior justiça social, é preciso ver a revisão da tarifa com um “olhar mais sereno, e não só um olhar do índice”. A companhia ainda não informou qual será a revisão solicitada à Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) e disse que um cronograma será elaborado para organizar os trabalhos em 2016.

“Seria como se perguntássemos para uma pessoa de classe média. Hipoteticamente, você estaria disposto a pagar mais R$ 20 por mês na conta de água para ter um nível civilizatório do padrão suiço? Eu acredito que boa parte diria que sim. Se nós formos mais ambiciosos, se for progressivo e buscando alcancar o avanço dos investimentos necessários e maior justiça social, protegendo quem não consegue pagar por isso isso, nós teremos uma solução virtuosa”, completou Kelman.

Outra questão que deve ser colocada na mesa de discussão sobre a revisão tarifária é o contrato entre a Sabesp e a Prefeitura de São Paulo, que prevê que a companhia faça o repasse de, no mínimo, 7,5% para o Fundo Municipal de Saneamento Ambiental e Infraestrutura, a cada trimestre, para investimentos em saneamento.

Reajustes
Desde o dia 12 de maio, as tarifas de água e de esgoto na Região Metropolitana de São Paulo está mais cara. O aumento corresponde à inflação anual medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre março de 2015 e o mesmo mês em 2016, que chegou a 9,3%, menos um percentual de eficiência, que chegou a 0,9%.

O novo reajuste passou a valer um pouco menos antes de um ano em relação ao aumento anterior, de 15,24%, aplicado em junho do ano passado. O aumento do ano passado considerou não apenas a variação do IPCA, mas também um aumento extra em razão das perdas que a Sabesp alegou sofrer em razão da crise hídrica.

Retomada do lucro
Após quedas anuais consecutivas, a Sabesp conseguiu dobrar o lucro no primeiro trimestre de 2016, na comparação com o mesmo período do ano passado. O relatório divulgado na noite de quinta-feira na página voltada a investidores da empresa apontou que nos três primeiros meses de 2016 foi registrado lucro líquido de R$ 628,8 milhões, ante um lucro de R$ 318,2 milhões entre janeiro e março de 2015.

A receita operacional líquida da Sabesp também totalizou R$ 3 bilhões no primeiro trimestre de 2016, um acréscimo de 22,7% em relação ao mesmo período do ano passado. Os custos e despesas, que consideram os custos de construção, totalizaram R$ 2,4 bilhões, um acréscimo de 76,3% quando comparado ao R$ 1,4 bilhão apresentado no primeiro trimestre de 2015.

Multa x bônus
A Sabesp arrecadou R$ 160,6 milhões com a multa na conta de quem aumentou o consumo de água no primeiro trimestre de 2016. No mesmo período, a Sabesp deixou de faturar R$ 153,8 milhões por causa do desconto na fatura. Os dados foram divulgados na quinta-feira (12), na página na internet da empresa voltada a investidores.

Desde fevereiro, um novo cálculo dificultou a adesão de clientes ao programa de bônus, oferecido desde o início da crise hídrica para quem economizasse água. Foram dois meses seguidos em que a arrecadação com a multa superou as perdas da companhia com o bônus este ano. Em 2015, no entanto, o balanço foi inverso. A Sabesp pagou R$ 926,1 milhões em bônus, e recebeu R$ 499,7 milhões por causa da tarifa de contingência.
O desconto e a multa foram algumas das medidas adotadas pelo governo paulista a partir de 2014 para o combate à crise hídrica no estado. O Sistema Cantareira, responsável por abastecer 7,4 milhões de consumidores no estado, operou no volume morto por 19 meses e só saiu do “vermelho” em dezembro de 2015. O fim da concessão de bônus e aplicação da tarifa de contingência ocorreram no primeiro mês de estiagem no estado, em abril deste ano.

Segundo a Sabesp, a decisão pela suspensão do programa foi tomada depois que a situação hídrica atual permitiu uma maior previsibilidade sobre as condições dos mananciais. O diretor econômico-financeiro e de relações com investidores da Sabesp, Rui de Britto Affonso, disse durante conferência com investidores, no fim de março, que a cobrança de multa para os clientes que tivessem aumento no consumo de água nunca teve caráter arrecadatório.

“O objetivo tanto de um quanto de outro [bônus e multa] era ajustar a demanda de água com a oferta. Em nenhum momento nós tivemos o objetivo arrecadatório com a tarifa de contingência. Tanto não é assim que no primeiro mês que a tarifa de contingência supera o bônus, nós protocolamos o pedido de suspensão de ambos”, afirmou Rui de Britto Affonso.

Fonte: G1

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