saneamento basico

Daerp investe menos da metade do que deveria em água e esgoto

Instituto Trata Brasil mostra que autarquia de Ribeirão Preto arrecadou R$ 1,18 bi em 5 anos, mas aplicou só R$ 86,4 mi

Ribeirão Preto está no topo do ranking de saneamento básico divulgado nesta quarta-feira (16) pelo Instituto Trata Brasil, mas patina nos investimentos em melhorias nas redes de água e esgoto e investe menos da metade do que deveria, segundo especialistas.

Em cinco anos, entre 2010 e 2014, o Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto) arrecadou R$ 1,18 bilhão, mas investiu somente R$ 86,4 milhões (7,27%) em obras, como construção de mais poços, ampliação das redes de água e esgoto e troca de tubulação. Foi o menor investimento em melhorias no sistema entre as 45 cidades mais bem colocadas no ranking.

“Há um descompasso grande entre o que foi arrecadado e investido. O ideal é que o total investido fosse acima de 20%”, destaca Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil. O ranking é produzido anualmente pelo instituto a partir de dados enviados pelos municípios ao Ministério das Cidades.

Outro ponto negativo de Ribeirão foi o índice de perdas no faturamento em 2014 – a água foi produzida, mas não foi cobrada do cidadão, seja por vazamentos ou por ligações clandestinas.

Do total da água captada em 2014, 33,23% não foram cobrados. “O ideal é que esse índice estivesse abaixo de 20%. Em países desenvolvidos os índices ficam abaixo de 15%”.

Apesar dos problemas, Ribeirão ocupa a 8ª colocação no ranking entre as cem maiores cidades brasileiras. O atendimento prestado pelo Daerp no abastecimento de água abrange 100% da cidade; no esgoto, a abrangência atinge 98,5%. Os dados apresentados nesta quarta são relativos a 2014.

“Quanto mais os anos passam, as 20 primeiras cidades estão muito à frente do restante e cada vez mais próximas entre si”, conclui.

Tubulação

A tubulação antiga de água e esgoto está entre os maiores problemas citados pela população, que sente na pele os transtornos causados pela falta de investimento.

Na residência da aposentada Joaquina Aparecida da Silva, 50, no Jardim Palmeiras 2 (zona Leste), o rompimento frequente da tubulação de esgoto causa uma série de transtornos.

No último domingo, ela conta que o esgoto voltou pela caixa de inspeção e pelo ralo do banheiro por conta de um rompimento na rede. “Usei seis embalagens de água sanitária e uma caixa de sabão em pó para conseguir limpar tudo. O cheiro estava insuportável, o banheiro e o quintal ficaram imundos”, conclui.

O Daerp informou nesta quarta que o reparo na tubulação já foi feito e o local será asfaltado nesta quinta-feira (17).

1/3 da água não é cobrado

O estudo divulgado nesta quarta pelo Instituto Trata Brasil mostrou que, do total da água produzida em Ribeirão Preto, um terço dela (33,23%) não é cobrado do cidadão, seja por vazamento ou por “gatos” feitos na rede.

Há pelo menos uma semana, um vazamento de água na avenida General Euclides de Figueiredo provoca desperdício e prejuízo aos cofres públicos.

“É muito desperdício, é o nosso dinheiro sendo jogado no lixo”, dispara o conferente Paulo Mário Silva, 55, que trabalha em frente ao local do vazamento. “Em todo lugar que você vai tem vazamentos, é um problema generalizado em Ribeirão”, acrescenta.

O problema ocorre no canteiro central da avenida do bairro Simioni (zona Norte) e, com isso, parte de uma das faixas está inutilizada. A água infiltrou e destruiu o asfalto. Os veículos têm de desviar para a faixa da direita, trazendo riscos ao trânsito.

A assessoria de imprensa do Daerp informou nesta quarta que funcionários da autarquia já estiveram na avenida General Euclides de Figueiredo e o reparo está programado para ser feito amanhã.

“Haverá interdição parcial na área do conserto da tubulação. Após isso será programada a reposição de asfalto e sua liberação para o trânsito”, disse o departamento, em nota.

Daerp investiu 20% da receita em 2015

O Daerp informou, em nota, que em 2015 a autarquia investiu R$ 51 milhões em um orçamento de R$ 250 milhões – 20,4%. “Neste ano serão investidos R$ 103 milhões entre recursos próprios e terceiros – 30,29% do orçamento previsto de R$ 340 milhões”.

Também estão sendo investidos outros R$ 137 milhões na coleta e tratamento de esgoto nos próximos 30 meses pela concessionária Ambient, que irão permitir que o município atinja 100% de coleta e de tratamento no final deste período.

A autarquia citou a troca de redes nos bairros Sumarezinho, Vila Tibério, Campos Elíseos, 9 de Julho, Vila Seixas, entre outros) para melhorar a distribuição de água. “O sistema de atendimento está sendo modernizado e padronizado, com isso haverá efeito significativo para reduzir as perdas de faturamento. Parte dessa perda é por conta da inadimplência, que está em 15%”.

Fonte: Jornal da Cidade
Foto: Mastrangelo Reino / A Cidade0

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