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Diretor da CAB Cuiabá rebate críticas e afirma que empresa foi ‘enganada’ ao assumir serviços

O diretor da CAB Cuiabá (Concessionária de Água e Esgoto da capital) Antônio Ribas Dallalana disse em sessão plenária da Câmara de Vereadores que a empresa foi ‘enganada’ ao assumir serviços de saneamento em Cuiabá há três anos.

Na terça-feira (12.05), quando foi sabatinado pelos parlamentares, o diretor afirmou que o Plano Municipal de Saneamento Básico, apresentado à concessionária pelo então prefeito Chico Galindo (PTB), demonstrava que a capital possuía 2.819 km de rede de encanamento, sendo que na realidade havia apenas 2.233 km, cerca de 600 km a menos do que foi informado pelo Executivo.

Por conta disso, a CAB não teria conseguido alcançar a meta de levar água de qualidade a todos os lares ininterruptamente. “Nós assumimos em 2012 um encanamento com quase 200 anos, feito desde a fundação de Cuiabá, e não seria em três anos que nós conseguiríamos atender a 100% da cidade. Pois além da falta de 600 km, que não é pouca coisa [ironizou], tivemos de recuperar outros 225 km de encanamentos antigos”, disse Dallalana em sua explicação aos vereadores.

Conforme informações prestadas na Casa, ao assumir os serviços na capital o Plano Municipal de Saneamento contava com 30% das unidades consumidoras com continuidade de água (água todos os dias na torneira) e outros 70% de intermitência (água em alguns dias da semana); atualmente, conforme Dallalana, esse índice foi invertido e Cuiabá tem 71% de casas com água na torneira todos os dias e outros 29% de intermitência.

Ainda segundo dados da empresa, a capital possuía cerca de 2.233 km de redes, que ao final dos três anos de trabalhos da concessionária chegou aos 2.500 km. “Nós investimos R$ 820 milhões em Cuiabá e conseguimos atingir o índice de cobertura de água de 100%, que é a quase a mesma coisa de ‘universalização’ – termo que não consta em nosso contrato de prestação de serviços”, disse o diretor da CAB. Além disso, a empresa disse também que instalou 43 mil unidades consumidoras de água e alcançou 91% de hidrometração nas casas, tendo receita bruta de R$ 300 milhões.

O diretor foi categórico ao afirmar que a CAB não tem a pretensão de deixar a capital. “Quero deixar bem claro: A CAB Cuiabá não tem interesse de sair da capital mato-grossense. Ações para melhoria são necessárias e pactos que envolvam os diferentes setores da sociedade é que vão garantir a melhoria nos serviços. Vozes para atacar são muitas, mas aquelas que estão dispostas a ajudar quase não existem”, disse.

Questionado sobre a crise financeira da empresa, Antônio foi categórico: “A CAB Cuiabá é uma empresa independente da Gouveia Galvão e por isso não está em crise financeira, nem em recuperação judicial – que não é o sinônimo de falência. Procuramos sim investidores de todo o país, mas isso é para conseguirmos avançar nossos trabalhos mais rapidamente, pois o ramo de saneamento básico tem crescido com a crise hídrica do país”, explicou.

No dia 16 de abril, a Prefeitura de Cuiabá notificou a concessionária para que informasse, no prazo de 30 dias, se tem ou não condições de arcar com os investimentos previstos para a universalização dos serviços de água e esgoto na capital.
O contrato de concessão dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário com a empresa por um período de 30 anos foi assinado em 17 de fevereiro de 2012 e entrou em vigor em 1º de maio de 2012. Quase três anos depois, relatórios indicam que a demanda pelos serviços é enorme e o volume de obras está bem abaixo do previsto.

De acordo com o procurador-geral do município, Rogério Gallo, diante das notícias veiculadas pela imprensa em relação às dificuldades financeiras enfrentadas pelo controlador da CAB Cuiabá (Grupo Galvão), envolvido no escândalo da Operação Lava Jato e que passa por recuperação judicial, a prefeitura quer saber quais serão as consequências disso.

A assessoria da prefeitura da capital chegou a se pronunciar afirmando que, de acordo com o mercado financeiro, mesmo as empresas ligadas ao Grupo Galvão que não pediram recuperação judicial – como é o caso da CAB Cuiabá – foram afetadas, já que a CAB teve o seu rating Nacional de Longo Prazo rebaixado para a sua primeira emissão de debêntures.

Agências de ratings e sites especializados expõem cenário de aparente instabilidade financeira do Grupo Galvão, o que, segundo está exposto no comunicado de rebaixamento da emissão de debêntures da CAB Cuiabá, produz efeitos negativos na concessionária de água e esgoto. Conforme a agência de classificação de risco Fitch Ratings, “a CAB Cuiabá não possui liquidez suficiente para honrar este pagamento, caso necessário. Além disso, seu acesso a novas linhas de crédito é fortemente improvável”.

 

 
Fonte: Circuito MT

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