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Entidades questionam dados divulgados pelo Daerp

Representantes de três entidades de Ribeirão Preto questionam redução no índice de desperdício de água; Daerp alega melhoria na rede de distribuição

Nesta terça-feira, 22, o Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp) anunciou que baixou o índice de perda no sistema hídrico da cidade para 15,8%. A informação também foi divulgada pelo Instituto Trata Brasil. A notícia, contudo, foi recebida com estranhamento por parte de entidades de Ribeirão Preto.

Paulo Finotti, vice-presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Pardo Grande, discorda dos dados apresentados. “Isso não existe. Vemos água vazando em tudo quanto é lugar, a todo instante. Nós da Soderma, juntamente com outros órgãos da cidade, escrevemos um manifesto pois achamos que estes dados não estão corretos e queremos informações”, critica Finotti, que também é membro da Sociedade de Defesa Regional do Meio Ambiente (Soderma).

Questionado pela reportagem do Portal Revide, o Daerp informa que a redução no índice de perdas é resultado de um projeto de modernização do sistema de abastecimento que envolve o combate a vazamentos, a substituição de redes antigas e a implantação de padronização de serviços. Tais ações, segundo o departamento, contribuíram para a redução do índice.

“Estas mudanças estão sendo implantadas desde o final de 2013 e foram intensificadas a partir do ano passado com o aumento no volume dos investimentos. Em 2015 a autarquia investiu R$ 51 milhões, 20,4% do faturamento de R$ 250 milhões. Neste ano estão previstos investimentos da ordem de R$ 103 milhões, 30,4% do faturamento previsto de R$ 340 milhões”, explica a autarquia.

Ainda em nota, o Daerp informou que o processo de automação do sistema ainda está em fase de implantação com a instalação de macromedidores nos poços, controle dos reservatórios e a implantação do Centro de Controle Operacional que será implantado a partir do segundo semestre deste ano. O projeto, segundo a assessoria de imprensa da autarquia, permitirá total controle do sistema de abastecimento. Em nota, a empresa explica que as perdas são calculadas levando-se em consideração o que é produzido e o que é distribuído à população.

Fabiano Guimarães, representante da Frente Cívica e delegado do Conselho Regional de Economia, também assina um manifesto ao lado de Paulo Finotti. “Na época em que eu atuava pelo Ciesp, a maior luta era pela redução do desperdício de água. Era algo muito difícil de ser realizado. Achamos a divulgação um absurdo”, completa Guimarães.

O gerente regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Marcelo Maçonetto, afirma que a entidade também emitirá uma nota questionando a autarquia sobre os dados divulgados. “Se houve mesmo essa eficiência na redução do desperdício, certamente houve uma economia para a autarquia. Se houve esta economia, seria pertinente que esta economia fosse repassada para a conta de água”, aponta Maçonetto.

O principal questionamento das entidades é em relação à metodologia utilizada pelo Daerp para medir a redução no índice de perda. “Eles simplesmente comentam que houve a redução”.

Leia trecho do manifesto

“(…) Percorrendo as ruas e avenidas de Ribeirão Preto, acompanhando na mídia a reclamação diuturna dos munícipes a respeito da sucessão de vazamentos, é nítido observar que caso tenha havido redução de perda de água, o que é discutível, não pode ter acontecido nem com os valores nem com a velocidade apresentados.

Devido à gravidade do problema da perda física de água e seu efeito permanente no rebaixamento do nível do aquífero Guaraní, com potencial de comprometer o abastecimento de água para atual e próximas gerações, seria de primeira ordem, exigir a imediata apresentação pela Prefeitura, da metodologia utilizada para se chegar a esta conclusão apresentada pela matéria. E os resultados auferidos, inclusive, deveriam ser posteriormente auditados por uma auditoria externa independente.

Assim é que reputamos haver inverdades nos valores apresentados, o que denigre a imagem da autarquia, como do jornal por não haver conferido junto a especialistas e autoridades os valores apresentados nem verificado a metodologia de cálculo (…)”.

Instituto Trata Brasil

Divulgados pelo Instituto Trata Brasil, os dados do Ranking do Saneamento Básico são provenientes do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS) e quem fornece os próprios dados para o SNIS são as empresas de água e esgoto que operam em cada município.

“O SNIS não é auditado, porém em casos de números fora da curva, o Ministério das Cidades faz questionamentos. Não temos informações se a empresa de Ribeirão Preto foi questionada pelo Ministério das Cidades antes de soltar o SNIS, no entanto quando há algum dado duvidoso, geralmente o próprio SNIS faz ressalvas no documento que é divulgado”, Rubens Filho, coordenador de comunicação do Instituto Trata Brasil.

Questionado pela equipe do Portal Revide, o Ministério das Cidades não retornou até o fechamento.

Fonte: Revide
Foto: Divulgação

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