A OAS já encaminha a venda da Samar (Soluções Ambientais de Araçatuba), criada em 2012 para assumir os serviços de saneamento no município, com a concessão do antigo Daea (Departamento de Água e Esgoto de Araçatuba), pela Prefeitura, à empresa do ramo de construção civil.
Nesta quinta-feira (15), o jornal Valor Econômico publicou reportagem confirmando a disposição do grupo OAS em em vender seus ativos com a finalidade de sanar uma dívida bilionária acumulada pela empresa nos últimos anos.
No caso da Samar, assim como outros empreendimentos do grupo, existe a chance de a concessionária ser comprada por alguma empresa estrangeira, uma vez que a OAS já teria entre 20 e 30 investidores interessados. Entre eles, potências empresariais do Brasil e grupos da Ásia, Oriente Médio, Europa, Canadá e Estados Unidos.
Para conduzir o processo de venda, a OAS anunciou a contratação dos escritórios de advocacia Mattos Filho e White & Case, que irão assessorá-la nas negociações que serão deflagradas ainda neste início de ano.
“A companhia pretende apresentar um plano de reestruturação financeira a todos seus credores e também informou que adotou um plano de redução de despesas expressivo e estuda a venda de determinados ativos para reforçar sua liquidez”, afirmou a OAS, em comunicado, no início de janeiro.
Na lista de possíveis bens a serem vendidos, além da Samar, estão 24,4% da empreiteira na Invepar, concessionária do Aeroporto de Guarulhos, de rodovias e metrô; a Sagua, empresa de saneamento de Guarulhos; além de três estádios de futebol – Grêmio, Dunas e Fonte Nova –, e participações acionárias do grupo no estaleiro Enseada do Paraguaçu, na Bahia; Porto Novo, no Rio de Janeiro; OAS Óleo e Gás e empreendimentos residenciais.
A OAS é a primeira das empreiteiras investigadas pela Operação Lava Jato que passa por dificuldades financeiras. A companhia já deu dois calotes no mercado financeiro neste mês, totalizando 117,8 milhões de reais. O crédito do mercado secou após as denúncias de corrupção na Petrobras estourarem também para o lado das construtoras que firmaram contratos com a petroleira, acusadas de formação de cartel em licitações da estatal.
VOLTA DO DAEA
Contrária a todo processo que resultou na concessão do antigo Daea, a vereadora Edna Flor (PPS) disse ao Ata News, nesta quinta-feira (15), que pretende reunir pessoas dispostas a analisar todo o contrato de concessão em busca de alguma brecha que possa levar ao rompimento da parceria firmada entre a Prefeitura e a OAS, que tem prazo de duração de 30 anos.
Edna teme que a Samar seja vendida por algum grupo estrangeiro. Para ela, caso a concessionária seja mesmo colocada à venda, a intenção será travar uma batalha para que os serviços de saneamento sejam administrados pelo município.
“Nós estamos tentando agendar uma reunião com o presidente da agência reguladora na qual foi transformado o Daea, o engenheiro José Luiz Fares, para começarmos a analisar esta questão. Não será uma tarefá fácil, mas vamos fazer o que estiver ao nosso alcance”, afirma.