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Imbróglio jurídico entre Sanepar e Mandaguaçu deixa cidade sem água

Mulheres levantando durante a madrugada para lavar roupas, limpar a casa e estocar água em baldes e tambores está se tornando uma cena cada vez mais comum em Mandaguaçu,cidade onde o problema da falta de água vem se agravando a cada dia. O problema já atinge toda a área urbana, mas é mais grave nos bairros mais altos, onde a água deixa de chegar às torneiras por volta das 10 horas e só volta na madrugada seguinte.

O problema começou devagar e foi aumentando”, diz Elza Espíndula, moradora do bairro Hiro Vieira, um dos mais altos da cidade. “Agora está faltando diariamente e nos fins de semana não chega nada”. Segundo ela, a água acaba na sexta-feira e só volta às torneiras na madrugada de segunda-feira.

“Dia desses a água acabou quando estávamos com o piso todo ensaboado”, contou Eduardo Henrique, funcionário da Casa de Carne do Preto, na Rua José Ganassin, também no Hiro Vieira. Segundo ele, açougue é ambiente que precisa de muita água, pois além da necessidade de limpeza do estabelecimento, “açougueira tem que lavar a mão a toda hora”.

Para tirar o sabão, proprietários e funcionários do açougue tiveram que buscar água em um posto de combustível ‘na baixada’ e de lá para cá todas as manhãs, antes mesmo de abrir as portas à clientela, os funcionários enchem tambores e baldes de água para passar o dia.

Vizinho ao açougue, o pioneiro José Rossi também enche tambores e baldes. Segundo ele, falta de água não era problema em Mandaguaçu até alguns anos atrás, “mas ultimamente, quem não tiver caixa grande tem que acordar cedo para estocar água em tambores”.

O assunto vem sendo debatido na Câmara há três anos, vários vereadores da legislatura anterior vinham pedindo providências tanto à Sanepar quanto à prefeitura. Atualmente, o vereador que aceitou o caso como empreitada é José Roberto Mendes, o Beto Dentista (PMN), que vem cobrando um posicionamento mais efetivo da administração municipal frente a Sanepar. “A população de Mandaguaçu vem crescendo, surgiram novos loteamentos e só em um conjunto foram entregues 200 unidades do programa Minha Casa, Minha Vida e outras 200 deverão ser entregues, mas a estrutura de abastecimento é a mesma de 20 anos atrás”.

O vereador cita que muito do atraso deveu-se a um imbróglio jurídico entre a Sanepar e a prefeitura. O contrato de concessão, com validade de 30 anos, terminou em 2004 e a prefeitura não quis fazer a renovação porque o prefeito da época considerava que a prefeitura poderia fazer o abastecimento com um custo menor para a população. A disputa demorou oito anos, tempo em que não aconteceu qualquer investimento no setor.

Beto Dentista diz que a população de Mandaguaçu deve se mobilizar, mostrando a necessidade de um serviço de melhor qualidade. Segundo ele, a Sanepar está desde o início do ano realizando obras de ampliação do sistema de abastecimento, porém não está resolvendo o problema dos bairros que sofrem sistematicamente com a falta de água, como é o caso da parte mais alta da Vila Guadiana, Bela Vista e Hiro Vieira.

OBRAS E CALOR

A Sanepar informou ontem que a falta de água em algumas regiões de Mandaguaçu se deve ao consumo elevado nos dias de maior calor e, principalmente, nos fins de semana. A empresa está realizando, desde abril deste ano, obras no valor de mais de R$ 2 milhões para resolver a situação, entre elas está a interligação de um novo poço com capacidade de 95 mil litros de água por hora e a construção de dois novos reservatórios, um com capacidade de 200 mil litros e outro para 100 mil litros. Também estão sendo executadas melhorias operacionais como setorização do sistema de distribuição e controle de pressão.

A previsão é que as obras sejam concluídas em junho de 2015. A empresa também deve colocar em operacionalização mais um poço no Jardim Atlanta nos próximos 20 dias.

LUIZ DE CARVALHO – O Diário

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