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Agência de Águas afirma que brasileiros não reconhecem o valor da água

Um dos maiores desafios para a crise hídrica no Brasil é conscientizar a população sobre o desperdício, defendeu a Agência Nacional de Águas (ANA) nesta quinta-feira (16), durante evento sobre a falta de água no mundo, realizado pelo Banco Mundial (Bird).

“O brasileiro desconhece o valor da água”, afirmou a chefe de planejamento do órgão, Elizabeth Siqueira Juliatto. Enquanto o Nordeste aprendeu a lidar por décadas com a estiagem em um clima semi-árido, o Brasil agora enfrenta a escassez em sua região mais rica, na área metropolitana de São Paulo, que congrega quase 30 milhões de pessoas, destacou.

“O Brasil concentra grande parte da água do planeta, mas lida com problemas muito desiguais em seu território”, disse. Para a executiva da ANA, os riscos hídricos deixaram de ser discutidos por muito tempo, quando ainda havia tempo para prevenção, e agora o órgão trabalha para compartilhar esses problemas com a população.
A agricultura e a indústria respondem pela maior parte do consumo de água no Brasil. O diretor para a questão da Água do Banco Mundial, Junaid Kamal Ahmad, questionou se a agricultura deve ser vista como “vilã” pelo uso de “cerca de 80% de toda a água”, ou inocentada por fornecer alimentos à população.

Ahmad também destacou durante o evento que a companhia Sabesp gerencia a distribuição de água na região mais rica do país e até negocia ações na Bolsa de Valores de Nova York enquanto passa por sua pior crise de abastecimento.

Em recente relatório sobre a crise hídrica, a Ana divulgou que, apesar da sensível melhora no nível dos reservatórios com o aumento das chuvas após o verão, a situação no sistema Cantareira, que abastece grande parte da população paulista, ainda é grave e não deve ser negligenciada.

Especialistas em recursos hídricos discutiram como exemplos de sucesso podem ajudar as regiões do planeta atualmente mais afetadas pela estiagem, especialmente o estado norte-americano da Califórnia e o Brasil, durante o “Water Security for all in a World of Scarcity” (“Segurança da água para todos em um mundo de escassez”).

Crise na Califórnia

Afetada por uma forte queda nos níveis dos reservatórios, o estado mais rico dos EUA introduziu este mês novas restrições para o uso da água, assim como no Brasil. A Califórnia enfrenta a ameaça de um desastre ambiental em meio à grave seca que completou quatro anos e não mostra sinais de melhora.

Para o diretor executivo da Southern California Watershed Alliance, Conner Everts, o estado norte-americano não enfrenta uma seca, mas uma “crise no gerenciamento de água”. No evento, ele completou que a dessalinização (purificação da água do mar para consumo humano) não será suficiente.

“A dessalinização não vai nos salvar de nós mesmos (…). É preciso reduzir a demanda geral por água potável [na região]”, defendeu Everts no evento do Banco Mundial.

Exemplos bem sucedidos

Os especialistas elogiaram soluções para a seca em algumas regiões pobres do planeta. Na cidade de Chennai, na Índia, é costume que todas as residências coletem água da chuva para formar aquíferos. Outras soluções para lidar com a escassez são a construção de usinas de dessalinização e água de reuso na cidade.

O exemplo de Burkina Faso, na África, também foi citado. A região conseguiu enfrentar uma severa seca e inundações ao mesmo tempo, com tecnologias para economizar água das próprias enchentes durante o período de estiagem.

Já a cidade de Windhoek, na Namíbia, foi lembrada como exemplo pela reciclagem da água de esgoto e sua transformação em água potável e própria para beber.

 
Fonte: G1

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