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Água sobe de 30% para 35%

O martelo sobre o reajuste na tarifa de água em Bauru deverá ser batido nesta quarta-feira. Ontem, porém, o prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB) antecipou o que deve ser seu veredito: aumento de 30% a 35% na conta dos consumidores. O índice é cerca de quatro vezes maior do que o da inflação oficial e foi impulsionado, principalmente, pelo aumento dos gastos do DAE com energia elétrica, a partir de altas seguidas determinadas pelo governo federal desde o ano passado.

Mesmo sendo tão alto, o intervalo percentual adiantado por chefe do Executivo é, segundo ele, fruto de contraproposta da Secretaria de Finanças à autarquia, que havia reivindicado elevação de 57% na tabela de cobrança.

“No cenário ideal do DAE, para que a nossa tarifa ficasse equilibrada em relação aos serviços de água e esgoto das cidades do mesmo porte, o aumento tinha que sair nessa ordem, mas a gente entende que não pode penalizar a população desse jeito. O índice pedido demonstra o quanto estamos defasados, mesmo com os seguidos reajustes acima da inflação que eu vim concedendo ao longo dos anos”, justifica Agostinho.

Custo que vaza
Apresentado em novembro de 2014, o Plano Diretor de Águas (PDA), contratado pela autarquia, revelou que o valor da tabela cobrado pelo metro cúbico de água para os bauruenses que consomem menos (R$ 1,18) é inferior ao custo da produção (R$ 1,54).

O estudo, por outro lado, mostrou também que, caso o índice de perdas do produto  não fosse tão grande na cidade – de 49% (média nacional é de 37%), esse custo cairia para R$ 1,10. As perdas são consequências de vazamentos, ligações irregulares e rupturas em redes, por exemplo.

Impacto
Sendo adequado ou não, o aumento na água vai afetar o bolso dos usuários. Em uma residência cujo consumo mensal é de 15 mil litros, a conta poderá subir de R$ 38,36 para R$ 51,79.

Já para um estabelecimento comercial que gasta 50 mil litros de água, considerando o cenário de 35% apontado pelo prefeito, a despesa saltaria de R$ 598,26 para R$ 807,65. Por fim, a fatura de uma indústria pode crescer de R$ 1.804,00 para R$ 2.435,40, se seu hidrômetro registrar consumo de 100 mil litros mensais.

Energia
Em reportagem publicada com exclusividade no último 19 de maio, o JC apontou que a conta de energia do DAE havia subido 45% de janeiro a abril. No primeiro mês de 2015, o gasto foi de R$ 1.180.300,00. No quarto, de R$ 1.715.237,00. O aumento não é consequência da elevação no consumo, e sim do preço tarifário. Na ocasião, a diretora financeira do DAE, Elis Anjos, advertiu que se o índice de reajuste ficasse aquém de 16%, o órgão não conseguiria honrar todas as suas despesas.

Os 16% serviriam apenas para cobrir o impacto do aumento do custo de energia elétrica no orçamento do DAE e a correção da inflação nos preços dos demais insumos utilizados na produção e distribuição da água no município.

Neste cenário, qualquer plano de investimento por parte da autarquia seria inviabilizada; possibilidade remota já que estão previstas perfurações de poços, como, por exemplo, o Padilha 2, que ampliará a oferta de abastecimento na região do Jardim Bela Vista.
Menos para o FTE

Para “acertar” o caixa do DAE, o prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB) cogita ainda propor a redução do percentual da conta paga pelos consumidores destinado ao Fundo de Tratamento de Esgoto (FTE), criado em 2005 pelo prefeito Tuga Angerami para viabilizar, no futuro, a construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) em Bauru. Hoje, o prefeito conta com os repasses, a fundo perdido, de R$ 118 milhões do governo federal para tirar a obra do papel.

A alternativa seria uma forma de “compensar” a concessão do reajuste na tarifa inferior ao reivindicado pela autarquia, já que “sobraria” mais dinheiro para seu caixa geral. “Estamos estudando essa possibilidade porque o fundo [que dispõe de cerca de R$ 100 milhões] está equilibrado. Dá até para dizer que está sobrando dinheiro”, alega o peemedebista.

Atualmente, 40% da receita proveniente da tarifa de esgoto incrementa o FTE todos os meses. A tarifa de esgoto, por sua vez, é equivalente a 100% do preço pago pela água.
Sem jeito

No mês de março, o prefeito Rodrigo Agostinho (PMDB) determinou que todos os órgãos da administração pública municipal contingenciassem despesas, reduzindo, inclusive, em 10% os gastos com energia elétrica.

Esse ponto do decreto, no entanto, não se estende ao DAE, maior cliente da CPFL em Bauru. Isso porque parte substancial do consumo da autarquia está relacionada à operação dos poços e da Estação de Tratamento de Água (ETA).

A única alternativa para reduzir essa conta seria a construção de mais reservatórios, que possibilitariam pausas na produção de água em horários de pico, quando a energia fica mais cara.

 

Fonte: JCNet.com

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