Se o abastecimento de São Paulo dependesse exclusivamente do antigo Sistema Cantareira, os paulistanos não precisariam se preocupar com racionamento ou falta de chuvas. Sobram água e peixes no conjunto de três reservatórios usados no abastecimento da cidade entre 1882 até a década de 1970.
As imensas “piscinas” do sistema integram o Clube de Campo da Cantareira, na Zona Norte, mantido pela associação de funcionários da Sabesp. Atualmente “aposentado” da tarefa de abastecer paulistanos, o trio de reservatórios se transformou em referência para pescadores.
“Hoje está bom, está vazio. Mas é sempre lotado, sempre fica enroscando linha com os outros”, disse Eduardo Alves, que pesca no antigo Cantareira há pelo menos 10 anos. Para os pescadores, o Cantareira virou um ponto de encontro. “Tem uns 15 aposentados aqui, a gente vem mais pra conversar do que pra pescar. A gente sente até falta quando não vem”, disse.
O atual uso contrasta com o plano desenvolvido no fim do século 19. À época, o reservatório foi projetado para abastecer 60 mil pessoas, o dobro da população da época. O sistema fornecia, em 1903, cerca de 40,119 metros cúbicos de água por dia.
Hoje, o novo Cantareira oferece 27 metros cúbicos por segundo, com um total de mais de 2 milhões de metros cúbicos por dia. Ou seja, 58 mil vezes maior do que a mais de um século. A água, à época, vinha de pequenos cursos d’água e minas na Serra da Cantareira. Hoje, o atual sistema pega água de represas localizadas em cidades do norte do estado.
Segundo a pesquisadora Denise Bernuzzi de Sant’Anna, autora do livro Cidade das Águas, o plano de abastecimento da capital paulista foi pensado, pela primeira vez, em 1860. Quatro anos mais tarde, o projeto foi negado devido ao alto preço da obra para retirada, armazenamento e tratamento da água. Apenas em 1877 foi criada a Companhia Cantareira de Águas e Esgotos.
Atração histórica
O ex-funcionário da Sabesp Rozaque Gomes Vieira, de 62 anos, trabalha como uma espécie de gerente do clube. Após 40 anos no Centro de Controle de Operações da Sabesp, ele explica que a única função do antigo reservatório no abastecimento de água na cidade é abrigar três bombas que mandam água do novo Sistema Cantareira para bairros mais altos da Zona Norte.
“Aqui tem uma vazão de 400 metros por segundo e dá pra mandar para os bairros altos, como Tremembé e Horto. Mas isso não existia antes, isso é parte só do novo Cantareira”, contou Rozaque.
A área do reservatório passa por mudanças. Parte das obras do governo estadual para construção do Rodoanel Norte ocorrem dentro do parque: o campo de futebol do Clube já não existe mais, cedendo espaço para pilares da rodovia.
Segundo informações da associação, desde o dia 6 de março de 2013, “as Casas do Cantareira, o Salão de Festas do Campo e o campo de futebol não serão mais alugados” devido às obras do Rodoanel Norte, que têm previsão de acabar em 2015.
Como chegar
O Clube de Campo Cantareira fica no Horto Florestal, na Zona Norte de São Paulo. Na Avenida Luis Carlos Gentili de Laerte, 2.500. Apenas os sócios podem frequentar piscinas e outros espaços, mas a entrada ao Pesqueiro Cantareira é aberta ao público. A entrada custa R$ 7.
Fonte: G1
Veja mais: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/05/antigo-cantareira-atrai-pescadores-com-reservatorios-cheios-em-sp.html
