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Aterro que atende Salvador é prejudicado por falta de reciclagem

O Aterro Sanitário Metropolitano recebe mais de três mil toneladas (três milhões de quilos) de resíduos, todos os dias, das cidades de Salvador, Lauro de Freitas e Simões Filho. A capital é responsável por 91% do que chega ao local, segundo a Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos (Battre), administradora do espaço.

Um estudo gravimétrico desenvolvido pela Empresa de Limpeza Urbana do Salvador (Limpurb) aponta que cerca de 46% do que é coletado na cidade para ser levado ao aterro é potencialmente reciclável (1,38 mil toneladas por dia).

O passivo ambiental é alto e, para mudar o cenário, a prefeitura da capital pretende investir R$ 2,5 milhões em 200 pontos de coleta seletiva na cidade. Titular da Secretaria de Cidades Sustentáveis (Secis), André Fraga diz que há um “desafio cultural”, que requer participação de cidadãos, empresas e cooperativas.

Segundo ele, os 200 pontos de entrega voluntária (PEVs) estão previstos para serem instalados até 2016. Para identificar os pontos, haverá um aplicativo para informar até quais os tipos de materiais que podem ser depositados em cada local.
“Os equipamentos e a campanha educativa estão prontos. Agora, só depende da agenda do prefeito, que andou cheia devido às questões das chuvas. Acredito que consigamos lançar os PEVs no início de agosto”, acredita Fraga. Os coletores vão ser instalados gradativamente, para análise da receptividade da população.

Como instrumento de gestão de resíduos já ativo, o município tem o Decreto 25.316/14, que estipula responsabilidades e obrigações aos grandes geradores de recicláveis e rejeitos. O documento indica que todo proprietário de estabelecimentos comerciais que gere volume superior a 300 L/dia deve ser responsável pela destinação final dos descartes. Os empresários devem fazer cadastramento na Limpurb.

O descumprimento das normas estabelecidas pode gerar advertência, multa, apreensão de mercadorias, interdição e até demolição do empreendimento.
Manejo

Enquanto os projetos não são colocados em prática e a população permanece com a cultura anti-reciclagem, o Aterro Sanitário Metropolitano – que tem 15 anos de uso – já ocupou cerca de 68% da área destinada ao descarte de resíduos.

O espaço total a ser utilizado para aterramento na rodovia CIA-Aeroporto é de 647 mil m². De acordo com o supervisor operacional, Lucas Pinheiro, o local ainda tem, no mínimo, mais 20 anos de vida útil.
Isso porque o biogás gerado na decomposição da matéria orgânica dos resíduos é enviado, por meio de tubos, para a termoelétrica Termo Verde, instalada dentro do aterro. Uma parte da energia gerada é consumida no próprio local e outra, comercializada.

Embora mais da metade da área já tenha sido ocupada, explica Pinheiro, o espaço ganha em volume. “Com o reaproveitamento do biogás, o lugar já utilizado assenta com o passar dos anos e possibilita a reutilização”, destaca.

O presidente da empresa de limpeza publica da capital (Limpurb), Tiago Correia, afirma que há projetos de novas tecnologias sendo elaborados para o local.
A engenheira sanitarista Nélia Machado ratifica que, a depender da estratégia, a vida útil do espaço pode aumentar. Porém, alerta para o atual manuseio dos descartados: “Se considerados como um material heterogêneo, fica difícil dar um tratamento adequado para cada resíduo e isso pode trazer danos ao meio ambiente no longo prazo”.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) determinou que, desde agosto de 2014, apenas rejeitos sejam encaminhados aos aterros sanitários do Brasil.

 
Fonte: A Tarde Uol

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