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Captação de chuva no Semiárido Brasileiro: uma importante alternativa para a seca

O Brasil é um país com muitas facetas. Em um mesmo meridiano, é possível encontrar regiões climáticas e formações vegetais distintas, como, por exemplo, o bioma da Amazônia, o do Cerrado e o da Mata atlântica. Cada bioma e região climática apresentam características e contextos diferentes, mas um dos mais complicados no país é o do Semiárido Brasileiro.

Essa região, que abrange o litoral do Nordeste, com exceção do Maranhão, e também uma pequena parte do norte de Minas Gerais, abrange uma área de quase um milhão de quilômetros e é conhecida como ‘polígono da seca’. Os seus quase 15 milhões de habitantes lidam com uma seca frequente e com a falta de incentivos governamentais para a solução dos seus problemas.

A seca é um dos principais problemas que afetam a sobrevivência dessas pessoas e existem pesquisas que apontam para um aumento da temperatura e na redução da precipitação nas áreas do Semiárido. A Agência Nacional de Águas divulgou um relatório no qual pintou esse cenário: até o ano de 2025, mais de 70% das cidades com população acima de 5000 habitantes do Semiárido enfrentarão crise no abastecimento de água para consumo humano.

Entre as várias consequências da estiagem estão a eficiência produtiva agrícola e agropecuária. Essas práticas apresentam desafios climáticos e ambientais que possuem muitas possibilidades de resolução. No Semiárido Brasileiro, mais de 60% dos subsolos são cristalinos, ou seja, sem lençol freático adequado, apresentando pequenas quantidades de água, quase sem salina, em frestas entre as rochas. Entre uma das soluções está a proposta por João Gnadlinger, diretor da América Latina da Associação Internacional de Sistemas de Captação de Água da Chuva (IRCSA): a captação da água de chuva.

Sua ideia é de que é necessário achar uma maneira de conviver com as condições climáticas dadas e identificar quais ações humanas estão agravando a escassez de chuvas, pois, apesar de existir espaço para melhoria no trato do solo, no controle de emissão de gases e no manejo do lixo, não existe maneira de mudar a quantidade e a distribuição das chuvas.

Ele afirma que a captação e o manejo da água de chuva como água potável ou para uso na agricultura não são ideias novas, mas ainda não são muito utilizadas no Semiárido Brasileiro. Sua utilização em larga escala pode aumentar o abastecimento de água com um custo baixo e permitir que as comunidades gerenciem seu próprio abastecimento. Mas João alerta que esse manejo deve ser feito de maneira holística, ligando o desenvolvimento social e econômico à proteção ambiental, e envolvendo os usuários e planejadores de forma que a água seja percebida como parte integrante do ecossistema.

Existem diversas tecnologias de captação de água, tais como: cisternas para água de uso humano, cisternas de placas, cisternas de concreto com tela de arame. Cada uma é mais indicado para o contexto dado por cada comunidade. O que é mais necessário agora é uma maior vontade política para introduzir esses sistemas e melhorar a qualidade de vida nessa região.

*Hiram Sartori é Engenheiro Sanitarista, possui doutorado em Engenharia Civil e atua como consultor e professor do Ensino Superior.

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