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Crise da água preocupa moradores de SP

A crise da água voltou a preocupar quem mora na Região Metropolitana de São Paulo. Em fevereiro e março choveu bastante e o nível do Sistema Cantareira subiu, mas não deu nem para comemorar. Depois do abril menos chuvoso dos últimos anos, o Cantareira voltou a cair.

O nível das represas que abastecem o Sistema Cantareira está baixando. O índice é ruim para um ano que, segundo o meteorologista do Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (Cemaden), Giovanni Dolif Neto, já começou muito seco: “A gente teve ao longo desses três meses uma mudança no padrão de comportamento da atmosfera. A gente teve os primeiros 20 dias de janeiro muito secos. Uma anomalia até que a gente nunca viu, uma anomalia histórica. Depois, a partir do final de janeiro começou a chover com maior intensidade e aí a gente teve um mês de fevereiro com chuva acima da média e um mês de março também com a chuva acima da média”.

É no olho, com a ajuda da natureza, que o caseiro Jair Santin mede o nível da água da Atibainha, uma das represas que abastecem a Cantareira: “A gente viu que ela tinha baixado porque tinha muito toco. Aí você vai notando, conforme ela vem subindo, el vai deixando os tocos para trás, que ela tá cobrindo”.

O caseiro tem razão. As chuvas do começo do ano realmente deixaram a represa mais cheia. As águas de março ajudaram a represa, mas o nível da Atibainha nem de longe lembra o que foi há dois anos. E a situação está piorando. Este ano tivemos o mês de abril menos chuvoso dos últimos cinco anos.Em 2011, choveu 109,1 milímetros. Depois, teve oscilações de chuvas. Mas em 2015 não choveu nem a metade do que há cinco anos, apenas 45,3 milímetros.

Somando o volume útil com a reserva técnica, o chamado volume morto, o Cantareira tem uma capacidade de 1.269,5 de metros cúbicos. No fim de abril, o Sistema estava em 20,1% da reserva, ou seja, estava usando menos de 9% do volume morto. Nos últimos 11 dias, foi caindo e, nesta quinta-feira (7), está em 19,7%, o que quer dizer que está usando 9,6% da reserva.

Para o professor e geólogo da USP, Luiz Cortes, a situação no Cantareira só volta ao normal daqui a nove anos. Segundo ele, levando em conta as médias do consumo e da quantidade de chuva, o Sistema vai demorar para alcançar 39% de sua capacidade, um nível considerado seguro para o professor.

Mas vai ser preciso continuar economizando, porque o cenário ainda é difícil: “Comparativamente é um cenário pior do que o que a gente tinha no ano passado, porque o ano passado, nessa época, a gente ainda tava entrando no volume morto. Hoje a gente já está no volume morto, um nível 10% negativo, e é com essa quantidade de água, o remanescente do volume morto um e o volume morto dois, que a gente vai enfrentar a estiagem que começa agora em abril e vai até final de setembro, início de outubro. Então, o cenário é ainda pior do que a gente tinha no ano passado”.

 
Fonte: G1

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