A falta de chuvas respondeu por até 10% da inflação registrada na capital paulista no primeiro semestre do ano. A estimativa foi feita ao G1 pelo economista e coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC/Fipe), André Chagas, responsável por medir o avanço dos preços em São Paulo.
“Considerando que a maior parte do impacto [da crise hídrica] vem do aumento da tarifa de energia elétrica (a adoção das bandeiras vermelhas), pode-se estimar, de maneira conservadora, que a crise hídrica representou de 6% a 10% da inflação acumulada no primeiro semestre”, diz o economista.
As bandeiras tarifárias foram adotadas no início do ano para compensar as perdas do setor energético com a falta de chuvas – já que as usinas termelétricas, mais caras, tiveram que ser acionadas para socorrer as hidrelétricas, afetadas pelos baixos níveis dos reservatórios.
Esse custo foi repassado ao consumidor como parte do gasto extra das distribuidoras com o aumento do custo da eletricidade. Antes, as distribuidoras bancavam essa conta sozinhas e só eram ressarcidas com os reajustes nas contas de luz, uma vez por ano.
Nos seis primeiros meses do ano, o índice medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) acumulou alta de 5,85% em São Paulo. “Apenas o impacto da bandeira vermelha sobre a inflação representa 6,5% desse porcentual (0,38 ponto percentual)”, conclui Chagas.
O impacto da crise hídrica sobre outros produtos, principalmente alimentos in natura, responde por mais 3,5% do avanço do IPC/Fipe no semestre (0,20 ponto percentual), de acordo com cálculo do economista.
Água encanada e mineral
Neste mesmo período, as tarifas de água encanada em São Paulo subiram 6,11% – 0,26 ponto percentual acima do índice geral na capital paulista. Já os preços da água mineral avançaram bem menos – 0,52% de janeiro e junho – após ter ficado 14,6% mais cara no varejo paulistano no ano passado.
Para o professor de economia da USP Heron do Carmo, o aumento das chuvas nos últimos meses tende a reduzir o impacto inflacionário da crise hídrica ao longo do ano, uma vez que o nível dos reservatórios teve uma notável melhora. “A tendência é que essas chuvas minimizem o impacto notado no início do ano”, diz.
Fonte: G1