saneamento basico

Relatório aponta deficiência em saneamento básico nos principais municípios da região serrana/RJ

Informações consideram os investimentos em saneamento, a falta do tratamento de esgoto e seus impactos no turismo da região

Um dos maiores desafios do Brasil, saneamento básico, também é um dos principais problemas do estado do Rio de Janeiro. De acordo com o SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2017, 92,5% dos fluminenses recebiam água tratada, apenas 65,8% da população tinha acesso à rede de coleta de esgotos e apenas 35,4% do esgoto gerado era tratado. As perdas de água potável nos sistemas de distribuição chegaram a 31%.

Do novo portal de indicadores do Instituto Trata Brasil, Painel Saneamento Brasil”  foi possível fazer o recorte: “Situação do Saneamento Básico nos principais municípios serranos do Rio de Janeiro”. Indicadores de 2017 revelam os desafios para universalizar os serviços de água e esgoto no estado e nos principais municípios serranos do Rio (em população), onde os números são preocupantes.

Na média do estado do Rio de Janeiro 

  • 7,5% da população ainda não recebe água tratada;
  • 34,2% da população não tem acesso à rede de coleta de esgotos;
  • Apenas 35,4% do esgoto gerado é tratado antes do descarte, ou seja, bem mais da metade do esgoto volta ao meio ambiente sem qualquer tratamento;
  • 31% da água produzida é perdida nas redes de distribuição.

Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil, fala sobre os desafios da água tratada, coleta e tratamento dos esgotos no Brasil e, em especial, no Rio de Janeiro: “O acesso à água potável está muito avançado nas maiores cidades, então preocupa ver municípios com índices abaixo de 90%. De toda forma, espanta mesmo os baixos indicadores de esgotamento sanitário em grandes municípios fluminenses. Isso impacta no meio ambiente e na saúde pública, seja com poluição, doenças, internações e alto custo para as cidades.”

Tabela 1. Indicadores demográficos e de saneamento dos municípios serranos do Rio de Janeiro, 2017

Localidade População Parcela da População sem acesso à água Parcela da População sem coleta de esgoto Esgoto tratado sobre água consumida Perdas na distribuição
Estado do Rio de Janeiro 16.718.956 7,5% 34,2% 35,4% 31,0%
Magé 237.420 21,9% 58,3% 0,0% 30,8%
Nova Friburgo 185.381 12,5% 16,8% 97,4% 38,7%
Petrópolis 298.235 5,2% 16,1% 100,0% 24,6%
Teresópolis 176.060 12,7% 80,1% 0,0% 41,1%

Fonte: IBGE e Sistema Nacional de Indicadores sobre Saneamento (SNIS). Elaboração: Painel Saneamento Brasil.

Os principais municípios serranos do Rio de Janeiro têm densidades demográficas relativamente elevadas, o que torna a questão da concentração de esgoto urbano um problema também relativamente mais grave. Dos municípios analisados, somente em Petrópolis os indicadores de esgotamento sanitário são melhores. Em contrapartida, na cidade de Magé, mais de 80% das pessoas não têm acesso aos serviços de coleta e tratamento de esgotos e nenhum volume de esgoto é tratado. Teresópolis, uma das cidades mais importantes do estado, também tinha indicador de volume de esgoto tratado zerado, bem abaixo do padrão da média nacional.

Outro ponto também é a perda de água nos sistemas de distribuição, seja por vazamentos, roubos, “gatos”, erros de leitura de hidrômetros, entre outros. Enquanto a média estadual era de 31%, as perdas nos municípios estudados ultrapassam a média, como em Teresópolis (41,1%) e Nova Friburgo (38,7%). Pedro Scazufca, um dos autores do estudo, explica que “perdas nos sistemas de distribuição significam déficit de caixa nas empresas operadoras e menor disponibilidade hídrica para o município e região. Em época de crises hídricas, esta água faz falta, e muita.”

Impactos no Turismo da Região

Os baixos investimentos em água e esgotamento sanitário fizeram com que os índices na região serrana do Rio não se desenvolvessem num ritmo adequado. Por outro lado, a quantidade de pessoas que trabalham no turismo está diretamente ligada as condições de saneamento do município conforme comprovaram outros estudos do Instituto Trata Brasil: quanto maior os investimentos em saneamento básico, maior a capacidade de uma região crescer no turismo, gerando mais empregos para a sociedade.  Assim, o desenvolvimento do turismo no município poderia ser maior ainda, caso o sistema de saneamento caminhasse rapidamente para a universalização.

Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil chama atenção para os riscos que a falta de saneamento pode gerar no turismo da região: “A região serrana do Rio de Janeiro é uma das principais regiões de turismo no Estado. Não investir em saneamento básico na região faz com que o número de empregados na área diminua e mais do que isso, os turistas tendem a evitar viajar para a região, afetando diretamente na renda dos municípios. A serra fluminense é um dos locais que apresentam as maiores rendas com turismo no Rio de Janeiro, sendo extremamente importante para o superávit do estado.”

Abaixo é possível ter uma dimensão de como a ausência do saneamento básico impacta neste, e em outros, indicador socioeconômico:

Tabela 2. Indicadores de saneamento e turismo, 2017

Localidade Número de empregados no setor de turismo Parcela do total de empregados no setor de turismo Renda média dos empregados em turismo com acesso a saneamento básico Renda média dos empregados em turismo sem coleta de esgoto
Rio de Janeiro (UF) 857.122 7,4% 1.929,19 1.398,29
Magé (Município) 6.214 10,6% 1.369,56 1.029,74
Nova Friburgo (Município) 4.641 6,2% 1.630,87 1.378,57
Petrópolis (Município) 7.764 8,5% 1.532,20 1.262,73
Teresópolis (Município) 4.512 6,4% 1.737,89 1.732,38

Investimentos em saneamento na região serrana e no estado do Rio de Janeiro – 2010 a 2017

Os investimentos em saneamento básico foram baixos e oscilaram muito no estado do Rio de Janeiro neste período, com destaque para os R$ 1,2 bilhão em 2014 – melhor ano. Depois desse pico, o valor mais alto foi em 2016 com R$ 910 milhões. Nota-se que em 2017 houve mais um declínio, atingindo apenas R$ 537 milhões em investimentos. Por investir pouco no saneamento básico do estado no decorrer dos anos, consequentemente ocorreriam baixos investimentos também nos municípios serranos do Rio, como podemos ver na tabela abaixo:

Édison Carlos diz que os investimentos precisam ser bem superiores, levando em conta os desafios para as próximasdécadas. “O Brasil como um todo investe pouco, cerca de R$ 11 bi ao ano quando deveria estar investindo perto de R$ 20 bilhões. Os principais municípios serranos do Rio, investiram juntos, somente R$ 16.5 milhões de reais, muito pouco por se tratar de uma das principais regiões do estado.”

Fonte: Diário de Petrópolis.

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