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Macapá é a cidade que mais desperdiça água tratada no país

Funcionário de um lava a jato de carros, Nilson dos Santos, de 31 anos, conta que diariamente passa mais de 40 minutos enxaguando o pátio do local onde trabalha, no bairro Buritizal, Zona Sul de Macapá. Indagado sobre o desperdício de água, o lavador diz nunca ter se preocupado com o assunto pois o uso do líquido faz parte da rotina de trabalho e é “necessária”. Nilson está entre os macapaenses que consomem cerca de 250 litros de água por dia, mais de 50% da média nacional, que é de 160 litros, segundo dados da Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa).

O número é ainda mais alarmante quando comparado ao estudo do Instituto Trata Brasil divulgado nesta quarta-feira (27), que aponta Macapá como a cidade brasileira que mais desperdiça água tratada, chegando a 73,91% de perda do produto que é tratado e distribuído pela Caesa. O levantamento indicou que em 40 das 100 maiores cidades brasileiras as perdas de água ultrapassam 45%.

Entre as cidades com a maior taxa de desperdício estão Porto Velho (RO) com 70,66%, Jaboatão dos Guararapes (PE) com 65,46%, Cuiabá (MT) com 65,31% e Mogi das Cruzes (SP) com 63,79%. Em 90% das cidades, o desperdício foi reduzido de forma mínina entre os anos de 2011 e 2012, que servem de base para o levantamento.

O doutor em gestão ambiental, Marco Chagas, explica que um dos fatores culturais que provoca o desperdício de água em Macapá é a ideia de que existe “um bem potável de consumo infinito”, além da falta de investimentos em projetos para conscientizar a população.

“É um consumo desordenado. A população acha que pelo fato de o estado ser banhado pelo Rio Amazonas a água tratada se torna um produto interminável, mas não é assim. Estamos tratando de um bem natural que se consumido em alta escala pode acarretar em grandes prejuízos para o meio ambiente, por isso a necessidade de políticas para conscientizar os habitantes”, frisou.

Cano usado para ligação clandestina às margens do Rio Amazonas, em Macapá (Foto: John Pacheco/G1)Cano usado para ligação clandestina às margens do Rio Amazonas, em Macapá (Foto: John Pacheco/G1)

A Caesa classifica o desperdício de água e ligações clandestinas como as principais causas do alto consumo na capital. A autarquia contesta o estudo divulgado pelo instituto, alegando que há menos perdas. Segundo a Caesa, a cada 2 litros de água encanada que chega até a população da capital, 1 litro é desperdiçado, representando somente 50% de perdas.

As ligações clandestinas são feitas de forma artesanal com canos ligados e vedados com tiras de borracha. O G1 flagrou uma destas ligações (veja o vídeo).

A prefeitura de Macapá informou que a fiscalização das ligações clandestinas é de responsabilidade da Caesa. No entanto, o município notifica moradores em locais onde o desperdício é constatado, a exemplo de situações onde ocorre a formação de poças de água em decorrência de problemas na tubulação das residências.

O diretor técnico social da Caesa, Alexandro Cunha, diz que a autarquia desenvolve palestras educativas em escolas do estado para conscientizar jovens e crianças a respeito da importância em controlar o consumo de água tratada nas casas onde moram. Ele ressalta que somente com uma mudança de hábito da população será possível a redução no consumo.

Alexandro Cunha, diretor técnico social da Caesa (Foto: Dyepeson Martins/G1)Alexandro Cunha, diretor técnico social da
Caesa (Foto: Dyepeson Martins/G1)

“A Caesa possui duas estações de tratamento e uma terceira já está em construção em Macapá. Toda água tratada que é levada para a população é de quantidade equivalente a média consumida na cidade, ou seja, não podemos diminuir a produção de água tratada sem que a média de consumo também diminua”, comentou.

Os usuários que têm acesso a água tratada na cidade se concentram em bairros das Zonas Sul, Leste e no Centro, totalizando 40% da população. A Caesa calcula que deixa de faturar R$ 2,5 milhões mensais com as pessoas que não pagam tarifas e desperdiçam. Elas são, em sua maioria, moradores de áreas de periferia que não têm acesso a água encanada, conforme destacou o diretor-presidente da autarquia, Ruy Smith.

“Infelizmente é fácil ligar um cano à rede de abastecimento e usar por anos sem pagar um centavo, já que as tarifas da Caesa são fixas e não por consumo”, lamentou.

Cleia Rodrigues diz controlar o consumo de água em casa (Foto: Dyepeson Martins/G1)Cléia Rodrigues diz controlar o consumo de água
em casa (Foto: Dyepeson Martins/G1)

Economia
O valor médio das contas de consumo chega a R$ 35 por um valor “ilimitado” de uso de água, ainda de acordo com a Caesa. A taxa paga mensalmente pela diarista Cléia Rodrigues, de 43 anos, a deixa atenta aos desperdícios dentro da casa onde mora, no bairro Perpétuo Socorro, Zona Leste da cidade.

“Meus filhos quando entram no banheiro ficam mais de 10 minutos no chuveiro, isso é muito tempo. Eu tento controlar tudo porque a gente não pode gastar desse jeito. A gente precisa ter responsabilidade”, comentou.

Fonte e Agradecimentos: PORTAL G1

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