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Mais de 1 milhão de piauienses bebem das águas do rio Parnaíba

Anunciada por ambientalistas há mais de 40 anos, a crise da água bateu irremediavelmente à porta dos brasileiros no ano passado. E seus efeitos devem ser sentidos ainda por muito tempo, com risco de se agravarem se a escassez de chuvas perdurar. A cidade de São Paulo, com seus reservatórios em níveis críticos, serve de alerta para todo o país. No Piauí, o rio Parnaíba, principal manancial que abastece o Estado, mostra sinais muito claros de uma degradação provocada pelo assoreamento e pela falta de esgotamento sanitário.

Segundo dados da Agespisa (Empresa de Águas e Esgotos do Piauí), o total de ligações domiciliares contabilizados pe-la empresa no estado ultrapassa 2 milhões. Dessas, cerca de 1 milhão de casas e estabelecimento comerciais são abastecidos pelas águas do rio Parnaíba. Teresina e 11 municípios do estado bebem água do Velho Monge: Parnaíba, Luís Correia e Ilha Grande, Floriano, Guadalupe, Miguel Alves, Murici dos Portelas, Porto, União, Luzilândia, Matias Olímpio, o que totaliza uma população de mais de 1,100 milhão de pessoas.

Só em Teresina, a Agespisa produz hoje 235 milhões de litros de água por dia, em um complexo de produção que inclui três estações de tratamento de água. Mas 50% dessa água toda se perde em tubulações antigas e obsoletas.
O problema maior do Parnaíba é a poluição e o assoreamento, que ameaçam matar o rio. Teresina, Parnaíba e Floriano são os que apresentam maior índice de assoreamento e poluição. O engenheiro químico e diretor de Tratamento de Águas da Agespisa, Florentino Filho, afirmou que a empresa retira do rio menos de 1% (2.500 litros por segundo) da vazão média do rio, que é de 300 metros cúbicos por segundo (300 mil litros por segundo). Florentino afirmou que o que é retirado do Parnaíba não representa nenhum prejuízo para o manancial. “Nós não tiramos quase nada do rio”, frisou.

Para o biólogo e analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Manoel Borges de Castro, o maior problema enfrentado pelo Parnaíba hoje não é a quantidade de água retirada de seu leito, mas os sedimentos acumulados no fundo do rio e a poluição das águas provocada pela falta de esgotamento sanitário. Manoel Borges informou que o desmatamento das margens para plantação e projetos agrícolas é uma das causas do assoreamento.
“A gente tem brigado muito com os projetos agrícolas do Cerrado. Não pode vir com trator até a borda das chapadas onde o rio fica, tem que deixar pelo menos mil metros de distância para evitar a erosão. Temos a grande erosão nos rios Canindé e Piauí, que levam grande quantidade de sedimentos para o Parnaíba. E ainda o desmatamento e a poluição das cidades maiores. Te-resina, por exemplo, tem apenas 17% da cobertura de esgoto”, destaca ele.

O presidente da Fundação Rio Parnaíba (Furpa), Franscico Soares, chama a atenção também para a falta de esgotamento sanitário na capital como um fator decisivo na degradação do rio. Com uma população de mais de 800 mil pessoas e apenas três estações de tratamento de esgoto, Teresina é uma das cidades que mais contribuem para a poluição do Ve-lho Monge. “Teresina tem um déficit muito grande de esgotamento sanitário. E Timon (MA), tem zero por cento de rede de esgoto. Isso afeta decisivamente a saúde do rio!”, pontuou.

Fonte: Dárío do Povo do Piauí

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