Oceano Sustentável

Ele, que desempenha o cargo de enviado especial da Noruega para o “Painel de Alto Nível para uma Economia do Oceano Sustentável”, iniciativa criada neste ano e liderada pelo governo norueguês, disse que o país está feliz em poder trabalhar com o novo governo brasileiro.

O diplomata norueguês Vidar Helgesen minimizou riscos no relacionamento de seu país com o governo de Jair Bolsonaro.

 “O Brasil sempre foi e continuará sendo um país importante. E estamos comprometidos com o Brasil ao longo de diferentes governos. Em termos de agenda do oceano, o que é realmente relevante é que a riqueza do oceano depende da saúde do oceano. Então é preciso cuidar do ambiente, se você quiser maior produção. E o Brasil tem grandes oportunidades, dado o seu território. Estamos muito felizes em trabalhar juntos com as novas autoridades brasileiras”, afirmou Helgesen, ao jornal Valor.

Vidar Helgesen

Na semana passada, o ministro extraordinário do gabinete de transição, Onyx Lorenzoni, disse que é a Noruega quem deve aprender com o Brasil sobre preservação ambiental, e não o contrário. “Não dá para vir a ONG da Noruega ou lá da Holanda e vir aqui dizer o que é que a gente tem que fazer.” Em resposta, o embaixador da Noruega, Nils Gunneng, tuitou que o país aprendeu muito sobre o tema com o Brasil em dez anos de parceria entre as duas nações. Durante a campanha, Bolsonaro chegou a cogitar a saída do Brasil do Acordo de Paris, porém reviu sua opinião ainda antes do fim das eleições. Oitavo maior país em investimentos diretos no Brasil, em 2015 e 2016, a Noruega desembolsou US$ 4,6 bilhões no país, no período. Deste total, 53 % foram destinados aos segmentos de óleo e gás, marítimo e offshore. Apenas o setor petrolífero recebeu 38 % dos investimentos noruegueses em 2015 e 2016.

Investimentos noruegueses 

No acumulado até 2016, os investimentos noruegueses no país totalizaram US$ 12,3 bilhões. Ex-ministro do Clima e do Meio Ambiente da Noruega e ex-chefe de gabinete da primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, líder do painel, Helgesen veio na última semana ao Brasil para se reunir com autoridades, instituições e empresas, sobre o tema dos oceanos. A ideia é estimular o país, um dos maiores produtores mundiais de petróleo em alto-mar, para o desenvolvimento sustentável nos oceanos. “Uma das razões para estarmos aqui é discutir com a comunidade brasileira como podemos interagir com eles. O Brasil não é membro do painel, mas tem muitos recursos naturais. Queremos ver como podemos trabalhar juntos”, afirmou Helgesen. De acordo com dados do painel, os bens e serviços produzidos globalmente no mar somam cerca de US$ 2,5 bilhões por ano, valor que pode duplicar até 2030. Além do setor do petróleo, o oceano é fundamental para outras indústrias e atividades econômicas, como navegação, transporte e turismo, além de aquicultura e pesca.

Por outro lado, o painel já diagnosticou alguns problemas e desafios relevantes a serem superados. Por exemplo, cerca de 30 % de toda comunidade populacional de peixes do mundo está sobre-explorada e a pesca ilegal custa US$ 23 bilhões ao ano em renda perdida. O aquecimento dos mares também está provocando mortes de recifes de corais. Caso a tendência continue, todos os recifes de corais poderão ficar irreconhecíveis até 2050, resultando em perda expressiva de alimentos, empregos e proteção contra tempestades para centenas de milhões de pessoas que vivem em regiões litorâneas. Com o objetivo de estabelecer uma nova relação entre a humanidade e o mar, protegendo o oceano e, ao mesmo tempo, otimizando seu valor para a sociedade, o painel foi criado no início do ano e teve a primeira reunião oficial em setembro, em Nova York. A meta é apresentar em 2020 um conjunto de recomendações para o desenvolvimento sustentável do mar. Integram o painel 12 países ( Noruega, Portugal, Austrália, Chile, Fiji, Gana, Indonésia, Jamaica, Japão, México, Namíbia e República de Palau – foto abaixo ). A ONU ocupa uma vaga como membro de apoio.investimentos

Fonte: Valor

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