saneamento basico

Pode faltar água em MT

Análise sobre chuva baseada em dados do Inmet nos últimos 14 anos indica que algumas cidades poderão sofrer racionamento.

Como acontece em São Paulo, cidades do Mato Grosso correm risco de racionamento de água, segundo pesquisa feita pelo Instituto Socioambiental (ISA) baseada em dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) colhidos em sua estação do 9º Distrito de Meteorologia de Mato Grosso, localizada a nove quilômetros do município de Canarana.

O trabalho aferiu um volume de chuvas — chamado de índice pluviométrico — neste período bem abaixo da média das 14 últimas temporadas. Em medições feitas nesses 14 últimos anos, sempre no intervalo entre junho e maio, a média chegava ao 1.841 mm de chuva; neste último, porém, somando-se as precipitações de junho de 2014 a janeiro de 2015, o total é de 1.123 mm em Canarana, um déficit de 718 mm que devem necessariamente descer do céu destes últimos dias de fevereiro até maio para bater a média, com a ressalva de que, na maioria dos anos, as chuvas cessam no início de abril.

A pouca chuva deixou o nível dos rios parecido com o do período da seca este ano em plena estação das águas, e o rio que corta e abastece a cidade, o Tanguro, está menos de um metro acima do nível registrado no período da seca, segundo informações da CAB do município.

Em Cuiabá, as coisas tem caminhado como sempre, explica a pesquisadora da Embrapa, professora da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e especialista em recursos hídricos, Debora Calheiros. “O rio Cuiabá está cheio, no seu máximo, e começa a extravasar. Nessa bacia, o volume de água e precipitações está dentro da média anual”, explicou. O mesmo acontece com o rio Coxipó, de suma importância para o abastecimento da capital, também dentro de sua capacidade.

Calheiros adverte, porém, que não dá para afastar a possibilidade de amargarmos uma seca paulistana já para o curto-médio prazo, se os homens seguirem no passo ao qual caminham há décadas no Estado, a despeito dos constantes avisos dos estudiosos, especialmente quando o assunto é o Pantanal.

“Não há como descartar [a possibilidade real de uma seca e até racionamento de água] por causa do desmatamento nas áreas de planalto e nascentes dos rios. Quando o solo não infiltra [o volume das chuvas], a água escorre superficialmente ou infiltra muito menos do que onde tem mata”, esmiúça didaticamente. À medida que se desmata muito, as reservas de água só diminuem. “Na região da bacia do Paraguai, no planalto, a média de desmatamento é de 50% a 80% na área de recarga dos aquíferos. Isso é prejudicar diretamente a produção de água. Foi o que aconteceu em São Paulo, além da falta de gestão da parte dos responsáveis pelos recursos hídricos: desmatamentos sistemáticos nas áreas de aquíferos”, adverte.

Fonte: Diário de Cuiabá

Últimas Notícias:
Gerenciando Montanhas Lodo

Gerenciando Montanhas de Lodo: O que Pequim Pode Aprender com o Brasil

As lutas do Rio com lodo ilustram graficamente os problemas de água, energia e resíduos interligados que enfrentam as cidades em expansão do mundo, que já possuem mais de metade da humanidade. À medida que essas cidades continuam a crescer, elas gerarão um aumento de 55% na demanda global por água até 2050 e enfatizam a capacidade dos sistemas de gerenciamento de águas residuais.

Leia mais »