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Sabesp estuda aproveitamento da reserva do Sistema Alto Tietê

O nível do Sistema Alto Tietê de represas caiu para 23,6% nesta segunda-feira (14), conforme informou a Sabesp. O novo registro representa uma queda de 2,1 pontos percentuais em relação ao dia 1º de julho, quando o sistema operava com 25,7% de sua capacidade.

Com a queda contínua do conjunto de represas que auxilia o Sistema Cantareira, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) já estuda medidas sobre o problema. Nesta segunda-feira (14), a Sabesp informou que “está executando estudos para o possível aproveitamento da reserva técnica do Sistema Alto Tietê e da ampliação do uso da reserva do Sistema Cantareira. O aproveitamento desses volumes de água será feito caso haja necessidade. Os estudos definirão como será feita a captação”. No entanto, no domingo (13), o governador Geraldo Alckmin esteve em Suzano e declarou que não pretende utilizar o volume morto do sistema. “É sempre importante ter esta reserva técnica que possa ser utilizada, senão não tem sentido, mas nós não pretendemos utilizá-la. Todos os estudos que nós estamos fazendo mostram que nós chegaremos às próximas chuvas sem precisar utilizar a reserva técnica”, garante Alckmin.

Em dezembro de 2013, o Sistema Alto Tietê foi acionado para auxiliar o Sistema Cantareira, que está utilizando seu volume morto. Desde maio, o Alto Tietê vem perdendo por mês cerca de 5% de sua capacidade. A Sabesp admitiu que pode utilizar o volume morto do Sistema Alto Tietê para garantir que 4,5 milhões na região metropolitana continue recebendo água.A preocupação é que a reserva do Alto Tietê acabe até o final deste ano. “Pelo ritmo de 5% de consumo do volume útil a cada 30 dias, acredito que em cerca de seis meses o Alto Tietê também terá o volume quase zerado. O que mais me preocupa é o ano que vem. Em 2015, de onde vamos tirar a água?”, questiona Roberta Baptista Rodrigues, doutora em recursos hídricos pela USP e professora de Engenharia Ambiental.

Para Roberta, diante da estiagem, medidas deveriam ter sido tomadas mais cedo. “No segundo semestre de 2013, como o nível já estava baixo no Sistema Cantareira, eles deveriam ter entrado com uma politica de racionamento bem forte. Mas o que vem ocorrendo é um racionamento velado nas regiões periféricas. Deveria ter ocorrido a oficialização do racionamento no segundo semestre de 2013. Assim, haveria uma economia de água e favoreceria a educação das pessoas”, afirma.

“Hoje você vê os postos de gasolina lavando os carros com mangueira e deveria ter tido uma politica nesse sentido. Baixar uma proibição de lavagem de carros assim, por exemplo. Tudo para preservar o volume útil”, afirma.

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) diz que “o Sistema AltoTietê opera dentro das expectativas da companhia” e que “não há restrições de consumo em qualquer um dos 365 municípios operados pela companhia no Estado de São Paulo”. Atualmente, o Alto Tietê produz cerca de 14,5 mil l/s de água e abastece aproximadamente 4,5 milhões de pessoas.

A companhia também afirma que desde o final do ano passado tem tomado diversas medidas para garantir a segurança no abastecimento.

As principais são a transferência de vazões dos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga para atender áreas que são abastecidas pelo Cantareira; criação de bônus para clientes abastecidos pelo Sistema Cantareira – que ao reduzirem o consumo em 20% ganham 30% de desconto na conta de água – e sua ampliação para 31 municípios da região metropolitana, além de 12 cidades da região bragantina e da região metropolitana de Campinas. Segundo a Sabesp, houve adesão de 91% da população ao bônus.

Roberta Rodrigues conta que usar o volume morto do sistema Cantareira não é o ideal. “O primeiro lugar é a qualidade da água. Temos um tratamento secundário, que não remove as partículas que estão dissolvidas e água do volume morto pode conter produtos tóxicos”. A Sabesp afirma atestar a qualidade da água do volume morto, “que segue todos os padrões do Ministério da Saúde”.

O engenheiro civil e sanitarista José Roberto Kachel do Santos concorda com a gravidade da situação do Alto Tietê. “À medida que a estiagem avança, o subsolo seca cada vez mais. A vazão que chega nos reservatórios é cada vez menor. Temos cerca de 120 dias para zerar o sistema”, afirma. Kachel trabalhou por 34 anos na Sabesp, dez deles diretamente com o Sistema Alto Tietê.

“O volume do Alto Tietê está caindo 0,2% ao dia, isso significa 1 milhão de metros cúbicos diários. Entre o final de outubro e o início de novembro ele vai estar acabando”, alerta.

Nem mesmo a chuva que caiu no Alto Tietê nesta semana anima Kachel. Segundo medição da Sabesp, de terça-feira (8) até quinta-feira (11) as represas do Sistema Alto Tietê receberam um volume de chuva que, somado, chega a 7,6mm. “Mesmo que chova agora não vai fazer diferença. Vai no máximo manter a situação como está, mas não vai melhorar”, explica o engenheiro.

Inquérito
O Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema) – núcleo do Ministério Público voltado à proteção ambiental – instaurou inquérito civil para verificar se é regular a gestão do Sistema Alto Tietê. A portaria de instauração do inquérito é assinada pelo promotor Ricardo Manuel Castro.

Castro pediu informações sobre o funcionamento do Sistema para a Sabesp, Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp), Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e Agência Nacional de Águas (ANA).

O MP acredita ser necessária a investigação pela “falta de planos de contingência nos municípios da região metropolitana para o enfrentamento da crise de abastecimento de água” e “existência de indícios de ingerência não técnica nas tomadas de decisões para a gestão da crise de abastecimento de água”.

O inquérito foi instaurado em 26 de junho. O MP explica que os órgãos têm prazo de 15 dias para enviar as informações contando a partir da data em que receberam o pedido. Esta é a primeira etapa do inquérito e caso os órgãos não enviem ou encaminhem informações insuficientes, o promotor pode reiterar o pedido. O inquérito tem 180 dias para ser concluído.

Mogi das Cruzes
O município é abastecido pelo Serviço Municipal de Água e Esgoto (Semae) que compra da Sabesp cerca de 35% de seu consumo. Os outros 65% são provenientes do próprio Semae. O volume adquirido da Sabesp é destinado ao Distrito de Brás Cubas.

A captação de água pela autarquia é feita no Rio Tietê. Segundo o Semae o nível do rio tem se mantido dentro de sua média histórica. O Semae informou que ela varia entre 1m e 1,5m. São captados 900 litros por segundo do Tietê.
O Semae afirma possuir um grupo técnico encarregado de acompanhar a situação do abastecimento de água em Mogi das Cruzes. Este grupo mantém contato diário com a Sabesp e, até o momento, não há informações que indiquem a redução no volume de água do Rio Tietê.

A administração municipal também diz ter resultados positivos com campanhas de conscientização do uso da água. “O objetivo é estimular o uso responsável da água e reduzir o volume total consumido pela população. Este trabalho já vem dando resultados positivos e a expectativa deste grupo técnico é que as chuvas retomem seu padrão normal nos próximos meses, o que contribuirá para melhorar a situação dos rios e represas”, informou o Semae.

Fonte: G1 Notícias

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