A Fiesp, por meio do seu Departamento de Desenvolvimento Sustentável e do Conselho Superior de Meio Ambiente, realizou de 4 a 6 de junho em São Paulo a 21ª Semana do Meio Ambiente.
O evento reuniu especialistas do setor para debater questões como políticas públicas de resíduos sólidos, modelos de produção, consumo e descarte, reciclagem, logística reversa e geração de energia.
Marcelo Lima Camargo, Diretor da Usina Termoverde – Caieiras apresentou no dia 6 de junho, a Unidade de Valorização Sustentável – UVS Solvi Caieiras.
Com mais de 50 empresas, a Solví é o maior grupo nacional de atuação em multi soluções ambientais integradas. Suas coligadas destacam-se nos segmentos de Tratamento, Valorização e Destinação de Resíduos, Soluções para Resíduos Públicos, Soluções Industriais, Saneamento e Valorização Energética por meio de concessões e contratos de clientes públicos e privados e Parcerias Público-Privadas (PPPs). Está presente em centenas de cidades brasileiras, além de municípios da Argentina, Bolívia e Peru.
Fontes Alternativas
A Solví Valorização Energética (SVE) é o braço do Grupo que se dedica exclusivamente à busca de fontes alternativas, economicamente viáveis e ambientalmente responsáveis, capazes de gerar energia.
Responsável pela Área de Geração de Energia Renovável atua no Desenvolvimento, Implantação e Operação de Projetos de Geração de Energia Renovável com foco na geração de energia a partir de resíduos como o biogás.
Marcelo Camargo citou, as principais fases do processo de geração de energia a partir do biogás. (Figura abaixo)
“O Aterro Sanitário UVS Caieiras localizada no município de Caieiras-SP, no km 33 da Rodovia Bandeirantes é um dos maiores aterros sanitário da América Latina e teve início da operação comercial em 2002.Possui vida útil até 2040, com aterros Classe I e Classe II, recebendo 10.500 ton/dia com uma média de 700 caminhões diariamente. Conta com 78% dos colaboradores da região de Caieiras e com uma preservação de 43% da área total”, disse.
Mais informações sobre a Termoverde Caieiras:
- Maior termelétrica movida a biogás de aterro sanitário do Brasil e uma das maiores do mundo
- Início da Operação Comercial em 2016
- Investimentos de mais de R$110 milhões.
- 21 Motogeradores Innio Jenbacher 1.4 MW
- Potência instalada de 29,5 MW
- Produção de energia de 230 GWh ao ano
- Capacidade de atender uma cidade de cerca de 300 mil habitantes com uma fonte de energia renovável
- Área de aproximadamente 15.000m²
- Subestação Seccionadora de 13,8/138 kV com capacidade de 2×30/40MVA
Termoverde Caieiras
Termoverde Caieiras – motogerador 1.4 mw
Como ganhos ambientais, foram destacados:
- Geração de aproximadamente 780.000 Créditos de Carbono por ano – Certificados de Emissões Reduzidas (CER)
- Atendimento a Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS
- Energia 100% incentivada
- Energia Selo Verde
- Redução dos Gases do Efeito Estufa
O especialista da Solví mencionou o Mercado Livre, que é um ambiente de negociação no qual consumidores “livres” podem comprar energia alternativamente ao suprimento da concessionária local. Dessa forma, o cliente livre, pode escolher qual será o seu fornecedor de energia, negociando o preço diretamente com os agentes geradores e comercializadores. Fontes de energia a partir do Biogás tem um desconto de 100% na Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição. (TUSD)
Encerrou a apresentação, citando os principais desafios:
- Alcançar uma escala de projeto que se consiga a viabilidade econômica;
- Financiamento com linha de crédito específica, com taxas de juros compatíveis e sem garantias inviáveis.
- Licenciamento ambiental em um prazo compatível;
- Risco da variação cambial, já que a maior parte dos equipamentos são importados;
- Autorizações de conexão junto às Distribuidoras com prazos compatíveis e que não sejam muito onerosas;
- Incentivos tributários e fiscais;
- Continuidade do incentivo em 100% da TUSD (CP 33);
- Mudanças na Resolução 482/2012 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Daniel Mattos, Head Coprocessamento – Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) prosseguiu e disse que “o Coprocessamento é a tecnologia de destinação final de resíduos em fornos de cimento que não gera novos resíduos e contribui para a preservação de recursos naturais, por substituir matérias primas e combustíveis tradicionais no processo de fabricação do cimento”.
Benefícios do Coprocessamento:
- Uma solução permanente aos problemas de gerenciamento de resíduos
- Diminui a dependência de combustível fóssil
- Preserva recursos naturais
- Não gera novos resíduos
- Reduz custos de energia térmica
- Reduz emissões dos gases que causam o efeito estufa
Coprocessamento – Forno de Cimento
Mais de 800 mil toneladas de resíduos coprocessados em 2016 – Reaproveitamento Térmico
Evolução dos resíduos coprocessados em fornos de cimento (2000-2016) em t
No período de 2000 a 2016 houve aumento na destruição de resíduos em fornos de cimento da ordem de 500%. Constata-se uma evolução da quantidade de resíduos utilizados ao longo dos anos com um grande avanço a partir de 2006. Em 2016, atingiu-se o patamar de 940 mil toneladas de resíduos coprocessados, com declínio em relação aos anos imediatamente anteriores, devido à queda do consumo de cimento no País.
Daniel Mattos demonstrou, o que falta para avançar, na tabela abaixo:
De acordo como Panorama do Coprocessamento Brasil 2017, existe um potencial atual para coprocessamento de 2,5 milhões de toneladas/ano de resíduos pelas 36 fábricas de cimentos licenciadas para a atividade o que poderia mais que dobrar a quantidade anual coprocessada.
De todos os resíduos, os RSU (resíduos sólidos urbanos) aparecem como os com maior potencialidade de crescimento. De fato, sua utilização no Brasil ainda é inexpressiva, quando comparada com a realidade de outros países, principalmente europeus, como Alemanha, Reino Unido, Polônia, Áustria etc. Constitui alternativa vantajosa com relação à disposição em aterros, com elevado grau de esgotamento ou a incineração, que gera outros resíduos.
Segundo a ABRELPE, todos os anos são gerados cerca de 80 milhões de toneladas de RSU, com tendência de crescimento. O coprocessamento, regulamentado com legislação específica, poderia contribuir para a redução do impacto ambiental das áreas de disposição como também para redução do próprio passivo ambiental.
Existe um potencial de crescimento do coprocessamento de biomassa bem como de medicamentos vencidos a depender de ações de estímulo e entendimentos a serem desenvolvidos, ambas modalidades contribuindo para a mitigação das emissões de gases de efeito estufa.
Gheorge Patrick Iwaki
Produtor de Conteúdo
Portal Tratamento de Água