Um quarto do lixo que vai para o aterro poderia ser reciclado

Pesquisa divulgada pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental) ontem mostra que 25% do lixo que Santo André encaminha para aterro sanitário diariamente poderia ser reciclado. São aproximadamente 162,5 toneladas de materiais como papelão, plástico, vidro e alumínio descartados de maneira incorreta pela população junto dos resíduos orgânicos.

De acordo com o superintendente do Semasa, Sebastião Ney Vaz Júnior, as informações serão usadas como base de planejamento para campanhas para estimular a coleta seletiva, presente na cidade há 15 anos. “Caso esse material reciclável fosse aproveitado, o aterro municipal poderia ter sua vida útil ampliada em até dois anos, mas do jeito que está temos no máximo seis anos de uso”, explica.

O estudo gravimétrico aponta que metade do lixo úmido coletado todos os dias corresponde a material orgânico (alimentos e lixo sanitário), número menor do que o registrado em 2008, quando o aterro municipal recebia 56,25% deste tipo de resíduo. Os índices de 2013 se assemelham aos observados em 2006, quando foi realizada a primeira pesquisa e o percentual de matéria orgânica no bolo era de 49,9%.

No topo da lista dos materiais com potencial de reciclagem desperdiçado está o plástico. Se somados todos os tipos deste resíduo, observamos descarte de 97,5 toneladas do produto junto com o lixo orgânico diariamente – o correspondente a 15% do total coletado. Apesar de o volume ser alto, houve queda em relação aos anos anteriores. O índice era de 31,47% em 2006 e 18,57% em 2008.

Em contrapartida, chama atenção o aumento do descarte inadequado de tecido junto do lixo comum. O volume deste tipo de material corresponde a 6,2% do total de lixo encaminhado para aterro atualmente – 40,3 toneladas. Em 2006 era de 3,82%. Neste caso, são encontrados desde pedaços de pano e couro até vestimentas.

Pela primeira vez, a pesquisa contabilizou a quantidade de fraldas descartáveis descartadas pela população – são 32 toneladas do material por dia. “Assusta porque sabemos que a tendência é aumentar e temos um problema, já que não é possível reciclar, apesar de ter plástico”, destaca Ney.

O coordenador do curso de Engenharia Ambiental da FSA (Fundação Santo André), Murilo Valle, ressalta que fica claro, a partir da pesquisa, que as pessoas não levam em conta o quesito meio ambiente na hora de fazer suas escolhas, principalmente durante as compras. “A Educação ainda aborda essa questão de forma tímida”, diz.

Meta é ampliar a capacidade de reciclagem até 2016
O superintendente do Semasa, Sebastião Ney Vaz Júnior reconhece que a cidade não tem condições hoje de aproveitar as 162,5 toneladas de lixo reciclável que são desperdiçadas diariamente.

Atualmente a cidade recicla apenas 8% do volume de lixo coletado, mas tem planos de chegar a 10% em 2014 e voltar ao patamar já alcançado anteriormente, quando 20% de todo material coletado – ou 130 das 650 toneladas de resíduos produzidos por dia – era reaproveitado até 2016.

Não teríamos para onde mandar esse lixo seco que é descartado no aterro porque as cooperativas estão em condições ruins. Hoje a gente doa os resíduos que não consegue aproveitar para outras cooperativas”, observa Ney.

Para alcançar seu objetivo, o Semasa investe na construção de dois galpões para abrigar as cooperativas de catadores da cidade, a Coopcicla e Cidade Limpa. Os espaços estão sendo erguidos com recursos do governo federal e a expectativa é inaugurar até o fim do primeiro semestre de 2014. “O ideal seria processar 200 quilos de material por dia, mas hoje nosso equipamento só consegue processar 30 quilos”, destaca Ney.

Será aberta ainda, no início de 2014, licitação para a aquisição de equipamentos para as cooperativas, como esteiras e prensas mais modernas – investimento de R$ 50 mil. Com isso, o número de catadores também poderá ser ampliado e passar dos atuais 56 para até 172.

Cidade São Jorge tem novo prazo para receber 100% dos resíduos
Apesar da promessa de que o aterro municipal de Santo André, localizado no bairro Cidade São Jorge, começaria a receber 100% do lixo coletado na cidade em novembro, o equipamento ainda não foi reaberto. A justificativa do superintendente do Semasa, Sebastião Ney Vaz Júnior, é que o mau tempo atrapalhou a impermeabilização do solo da área. A expectativa é que o local volte a operar em plena capacidade até o fim deste mês.

O Semasa prevê economia de R$ 2,6 milhões por mês com o fim do pagamento pelo transporte e despejo do lixo orgânico na Lara Central de Tratamento e Resíduos, em Mauá. As obras de ampliação do espaço, iniciadas no fim de 2012, entraram em fase final no fim de outubro. A última etapa de trabalho da área ampliada – 40 mil m² localizados dentro do aterro – consiste na impermeabilização do solo, processo que deveria durar apenas 15 dias e tem investimento de R$ 983,3 mil. Esta etapa permite a segurança do processo de aterramento para que não haja contaminação das águas subterrâneas com o chorume.

O imbróglio para liberação por parte da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) para o aumento da capacidade do equipamento demorou cerca de dois anos e meio. A autorização foi emitida em outubro de 2012 e a companhia estadual exige que a área tenha impermeabilização total do terreno.

A capacidade do espaço ­– 18 mil toneladas por mês – estava esgotada há quatro anos. O aterro ficou interditado por nove meses, em 2011, por receber resíduos acima da cota máxima permitida pela companhia. Entre os problemas observados estavam escoamento do chorume (líquido produzido pelo lixo) para áreas externas e a falta de cobertura adequada, o que atrai vetores (como insetos e aves).

Fonte: Diário do Grande ABC
Veja mais: http://www.dgabc.com.br/Noticia/498507/um-quarto-do-lixo-que-vai-para-o-aterro-poderia-ser-reciclado?referencia=ultimas-editoria

Últimas Notícias: