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Sabesp investe R$ 6 bi em ganho de eficiência

SÃO PAULO – Mesmo privilegiado por possuir pouco mais dos 10% da água doce encontrada no planeta, o Brasil enfrentará desafios para assegurar o abastecimento contínuo do insumo ao longo dos próximos anos. Grande parte das reservas disponíveis de água está concentrada na Bacia Amazônia, enquanto em regiões metropolitanas do Sudeste e Nordeste, como São Paulo e Rio de Janeiro, algumas áreas apresentam escassez. Nesse contexto, ganha relevância a gestão das redes e a redução das perdas.

O índice de desperdício nas empresas brasileiras de saneamento é de 39%, em média, enquanto na Europa e nos EUA fica entre 10% e 15%. No Japão, referência mundial, o indicador está em 4%. No Norte do país, as perdas chegam a mais de 60% em função de vazamentos e mau gerenciamento da rede. Em alguns Estados do Norte e Nordeste, cerca de 85% das perdas são reais e 15%, aparentes. No jargão do setor, perdas reais correspondem ao volume de água produzido que não chega ao consumidor final e ocorrem por vazamentos nas adutoras, redes de distribuição e reservatórios. Já as aparentes referem-se ao volume de água produzido e não contabilizado pela companhia de saneamento. Decorrem de erros na medição, fraudes, ligações clandestinas e até falhas no cadastro comercial.

No Brasil, um dos menores índices de perdas está na rede de distribuição da Sabesp, referência nacional e que atende 365 municípios do Estado de São Paulo. Hoje, a empresa atua com um índice de 31,2% de perdas totais (20,3% físicas e 10,9% comerciais). A intenção é melhorar o atual indicador e chegar à próxima década com um índice de perdas físicas próximo a 16%.

Estão previstos investimentos de R$ 6,1 bilhões para redução de perdas entre 2009 e 2020. Já foram aplicados R$ 1,5 bilhão, dos quais R$ 424 milhões em 2013. A empresa está trocando equipamentos, tubulações, hidrômetros e válvulas redutoras de pressão, além de executar uma intensa varredura à procura de fraudes, com equipamentos de alta tecnologia. Estas ações, aliadas à conscientização da população, têm dado bons resultados: nos últimos nove anos, o índice de perdas totais de distribuição caiu 9,8%. O volume de água que não vazou pelos canos é suficiente para abastecer permanentemente uma cidade do porte de Curitiba, com 2 milhões de habitantes.

Inovar processos é outra frente de atuação da Sabesp para reduzir desperdícios. A concessionária utiliza uma metodologia avançada, baseada nos dados de pressão e vazão obtidos por telemetria. Por meio do monitoramento dos distritos de medição e controle, que correspondem a pequenas áreas da rede de distribuição onde se acompanharemotamente a vazão, é possível detectar as regiões com mais probabilidade de ocorrerem vazamentos não visíveis. A identificação é feita analisando-se a variação da vazão noturna – período em que o consumo é mínimo e a ocorrência de vazões consideráveis pode ser indício de vazamentos. Com esta metodologia, é possível desencadear um processo de pesquisa de vazamentos de forma mais assertiva, com a possibilidade de corrigi-los antes mesmo de se tornarem visíveis.

Além de investimentos em tecnologias inovadoras, a empresa fechou um acordo de cooperação técnica com o Japão, e enviou 50 engenheiros da Sabesp ao país asiático para conhecer as técnicas usadas em Tóquio, cujo índice de perdas é de 4%, referência mundial. Engenheiros japoneses também têm vindo para São Paulo para trocar experiências.

Em 2010, a Sabesp fechou acordo com a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) para apoiar a redução de perdas em Maceió, capital do Estado. O índice de desperdício de água da Casal, em 60% antes do acordo, caiu para cerca de 45%. As perdas nas concessionárias de saneamento no Brasil estão perto de 40%. Se o indicador caísse para 23% em 17 anos, as empresas teriam um ganho líquido de R$ 15 bilhões. No mesmo período, uma diminuição de 20% no consumo de energia elétrica propiciaria outros R$ 3,4 bilhões líquidos. No ranking de perdas de água, a liderança é ocupada por Macapá, capital do Amapá, com desperdício de 75%.

Uma redução de apenas 10% nas perdas brasileiras agregaria R$ 1,3 bilhão à receita operacional com a água, o equivalente a 42% dos investimentos realizados em 2010 para garantir o abastecimento de água em todo o País.

Fonte: DCI

Veja mais: http://www.dci.com.br/especial/sabesp-investe-r$-6-bi-em-ganho-de-eficiencia-id403230.html

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