ANA estabelece novas regras para cidades que fazem captação de rios

A Agência Nacional de Águas (ANA) estabeleceu novas regras para as cidades que fazem a captação dos rios ligados às bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí. A decisão foi tomada depois de várias reuniões com representantes dos 42 municípios que serão afetados com as mudanças. Na região, Jundiaí (SP), Itatiba (SP) e Jarinu (SP) vão ter que seguir as novas regras.

Caso haja restrição na quantidade de água a ser captada, não só os moradores vão sentir o impacto, mas as indústrias e os produtores rurais também vão ser bastante prejudicados. É como um efeito cascata. Quando o volume útil no sistema Cantareira estiver menor que 5%, até mesmo as cidades que não são abastecidas por ele vão precisar economizar.

A partir desse momento, as vazões dos rios Jaguari, Atibaia e Camanducaia também vão passar a ser monitoradas. O que acontece hoje, por exemplo, já que o nível do Cantareira está no chamado segundo volume morto, abaixo do índice estabelecido.

Em Jundiaí, Itatiba e Jarinu, será considerado estado de alerta, que não restringe o uso da água, quando a vazão da bacia do Alto Atibaia, for inferior a 5 e superior a 4 metros cúbicos por segundo. Caso a vazão seja menor que esse índice, passa a valer o estado de restrição, onde a captação de água desses rios deve ser reduzida em 20%, para o abastecimento público.

Para o diretor da empresa responsável pelo abastecimento de água em Jundiaí, Maurício Pereira, a cidade está preparada caso o estado de restrição entre em vigor e se a população contribuir o impacto será considerado pequeno. “A Dae faz a utilização da outorga desde setembro de 2013 com a captação do rio Atibaia de 1.200 litros por segundo e mais 200 da represa e 200 do rio Jundiaí Mirim, que totaliza 1.600 que é o consumo do município. Se nós aumentarmos o consumo até por causa de temperaturas altas, a gente pode consumir bastante a represa”.

Reflexo na indústria e no campo

Caso o estado de restrição passe a valer, o impacto será maior nas indústrias e no campo. Isso porque, em vez de 20%, a redução do consumo nestes dois setores da sociedade deverá ser de 30%.
Produtor rural e presidente da Associação dos Produtores de Morango de Jarinu, Osvaldo Maziero tenta encontrar uma resposta que indique o que fazer para economizar água, já que em algumas fases do plantio é preciso ligar o sistema de irrigação até quatro vezes por dia. “Se você reduzir 30% do plantio, mas a necessidade da água é a mesma na hora de plantar e na hora de cuidar. Então como você vai fazer isso? Você vai ter que reduzir a água aí você não vai conseguir que a muda pegue e se torne sadia”.

O produtor João Vicente de Cordeiro deve trocar o sistema de irrigação da lavoura de morangos: do tradicional vai passar para o de gotejamento, o que deve gerar economia no consumo d’água. Mas, por outro lado, vai encarecer o preço da fruta. “Eu vou tentar fazer no gotejamento que eu ainda não tinha feito, mas se vai reduzir só tempo vai dizer”.

Já no setor industrial, dificilmente haverá outra alternativa se não diminuir a produção, o que consequentemente vai gerar demissões. É o que prevê o diretor do Ciesp, durante a última reunião realizada pela ANA, em Jundiaí, no fim do ano passado. “A gente vê um quadro mais crítico levando, talvez, ao desemprego, a redução da contratação de prestadores de serviços”, prevê Leandro Zanini.
Só há uma esperança para que isso não aconteça: que a chuva volte a cair e que os níveis dos mananciais fiquem novamente normalizados. A boa notícia é que deve chover nos próximos dias, de acordo com a previsão do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepragri), da Universidade de Campinas. “São tardes quentes, o calor provoca evaporações mais alta do solo e causa a chuva no final de tarde. São aquelas pancadas locais características dessa época”, conclui o professor da universidade Hilton Silveira Pinto.

Fonte: http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/noticia/2015/01/ana-estabelece-novas-regras-para-cidades-que-fazem-captacao-de-rios.html

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