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Ação humana é ameaça real à represa de Alagados

Um dos principais mananciais de abastecimento do município de Ponta Grossa, a represa de Alagados mostra sinais de esgotamento e pede ‘socorro’. A capacidade de armazenamento de água da represa diminuiu ao longo dos últimos anos e o nível do reservatório está abaixo do normal. Em contrapartida, a população ponta-grossense e o consumo de água e energia elétrica aumentaram significativamente. De acordo com especialistas, esta situação é reflexo da degradação ambiental sofrida pelo manancial e o problema não está restrito a Ponta Grossa. Em São Paulo, por exemplo, o nível dos reservatórios do Sistema Cantareira, que abastece 9 milhões de pessoas, fechou a última sexta-feira em 10,4%. É patamar mais baixo da história, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Na mesma data do ano passado, o índice estava em 62,6%.

Morador da região de Alagados há sete anos, Ercias Bueno de Melo, revela que nunca viu o nível da água da represa baixo por tanto tempo. “Ele sempre abaixa uns 60 dias e ‘aí’ volta ao normal depois de uma chuva, no entanto, desta vez, fazem mais de quatro meses que está daquele modo”, ressalta Melo, que encaminhou à redação do Jornal da Manhã imagens que ilustram o processo de degradação da represa. Afastado temporariamente da coordenadoria do Núcleo de Estudos em Meio Ambiente (Nucleam), o professor e geólogo Luiz Carlos Godoy, esclarece que, em épocas de estiagem, é normal que o nível da represa de Alagados abaixe um pouco. “Depois de uma chuva, ele sempre volta ao normal. Mas não dá para dizer que houve uma redução definitiva no nível”, explica, ao revelar que, nos últimos anos, o manancial está perdendo capacidade de armazenamento de água.

A represa está recebendo muitos sedimentos, a erosão é muito grande, toda aquela área inicial já está assoreada, está toda entupida de sedimentos. Com o passar do tempo, se nada for feito, nós vamos ter um volume menor de água reservado para o abastecimento”, explica o professor. Hoje, a represa de Alagados é responsável pelo abastecimento de água de 40% das casas ponta-grossenses. Godoy explica que um estudo batimétrico realizado pela Companhia Paranaense de Energia (Copel) constatou a diminuição na capacidade de armazenamento da represa, mas que os dados não foram repassados ao Nucleam. O geólogo também se mostra cético em relação a uma resolução ao problema, que ele classifica como “seríssimo”. “Teria que fazer um estudo muito grande. Desassorear seria complicado. O que pode fazer é estabilizar todos os processos erosivos. Aí não haveria perda de capacidade. Se não for feito nada, a capacidade vai reduzir cada vez mais e isso vai trazer sérios problemas para Ponta Grossa”, completa.

Manancial é uma das principais fontes de abastecimento de PG
Em nota, a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) informou que o assoreamento é um fenômeno natural, que ocorre em represas de todo o mundo, e ainda encontra-se em fase de estudo na represa de Alagados. “Embora corresponda a 40% da água utilizada pela população de Ponta Grossa, o maior uso da represa é para a geração de energia elétrica. A curto prazo, o processo erosivo não irá afetar a capacidade de armazenamento da represa para fins de abastecimento público. Além da represa de Alagados, a cidade conta com uma captação localizada no Rio Pitangui, responsável por 60% do abastecimento da cidade. A Sanepar também já está desenvolvendo estudos para a ampliação do sistema de abastecimento através do Rio Tibagi”, comunicou a Companhia de Saneamento do Paraná.

Já, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) explicou que as duas usinas instaladas na região da represa de Alagados não apresentam uma grande magnitude na geração de energia elétrica. De acordo com a Companhia, a Usina de São Jorge tem uma potência de produção de 2,3 megawatts e, Pitangui, de 0,87 megawatt. “Essas duas usinas, principalmente Pitangui, têm uma importância histórica. Pitangui completou 100 anos em 2011 e ainda está em funcionamento”, informa a Copel. Em relação ao levantamento batimétrico realizado pelos técnicos, a Companhia esclareceu que só poderia se pronunciar nesta semana.

Imbróglio judicial
As preocupações com a represa de Alagados são antigas. Desde 2000, tramita na Justiça um processo para a demolição de residências construídas irregularmente às margens da represa. O JM contatou o Ministério Público do Paraná para obter informações da atual situação do processo judicial, mas não obteve retorno. Apesar disso, a construção de casas e a exploração da represa pela Copel e pela Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) não são vistas pelo Nucleam como fatores que impactam no assoreamento. “[A degradação] É por causa de todo o entorno do Alagados, a erosão, a criação de gado, as áreas de lavoura, a erosão dos cursos de água”, finaliza Godoy.

Fonte: A Rede
Veja mais: http://arede.info/ponta_grossa/represa-de-alagados-pede-socorro/

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