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No Brasil, campanha suíça luta contra o acúmulo de lixo nas águas

O ex-dirigente do World Sailling, entidade reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) como representante mundial da modalidade, Peter Sowrey afirmou ter sido pressionado a deixar o cargo após denunciar “as más condições sanitárias” do local onde deverão acontecer as regatas olímpicas.

A discussão promete render e, enquanto alguns atores se concentram nas críticas, outros têm procurado debater alguns dos principais problemas da Baía como, por exemplo, o acúmulo de lixo na superfície das águas.

Desde o ano passado, a Suíça vem realizando no Brasil uma série de ações de conscientização sobre a necessidade de preservação das águas. A campanha “Mar sem Lixo, Mar da Gente”, organizada pela Swissnex Brasil em parceria com a agência Swissando, realizou nas cidades do Rio de Janeiro e de Niterói diversos eventos científicos, educativos e artísticos sobre a necessidade de se conter e combater o acúmulo de lixo nos oceanos. Durante a campanha, a Baía de Guanabara teve atenção especial.
Não só no Rio

As ações se estenderão até o final da Olimpíada, em agosto, já que o tema da preservação da água faz parte da agenda suíça em 2016: “Estamos desenvolvendo uma programação para a Casa da Suíça, que será transformada por um dia em uma casa da água e da energia limpas. Vamos ter atividades como pitching events com startups suíças e brasileiras que trabalham com esse tema, palestras e outras atividades”, diz a diretora executiva do Swissnex Brasil, Malin Borg. Paralelamente às atividades no Rio de Janeiro, projetos ligados à sustentabilidade e à biodiversidade serão desenvolvidos na Amazônia particularmente na cidade de Belém, no Pará.

Até aqui, o ponto alto das ações organizadas pelos suíços no Rio de Janeiro foi a passagem, no mês de novembro, da equipe do Race for Water Odyssey, expedição que faz um levantamento global da presença de lixo nos oceanos. Com a presença do CEO do projeto, Marco Simeoni, e da diretora Anne-Cécile Turnier, a Race for Water participou de atividades como a inauguração de uma exposição de fotos da expedição, um encontro com jovens de um projeto que alia o ensino do iatismo a atividades de conscientização ambiental e um debate sobre as condições da Baía de Guanabara e seu entorno, realizado na Biblioteca Parque Estadual com representantes dos movimentos sociais cariocas.

Na conversa com os jovens iatistas integrantes do Projeto Grael, seguida por um passeio de barco pela Baía de Guanabara, Simeoni falou sobre a importância de as novas gerações tomarem medidas concretas para evitar o acúmulo de lixo nos oceanos. O velejador suíço disse que o mesmo recado está sendo passado pela Race for Water a jovens habitantes de cidades banhadas pelos oceanos Índico, Atlântico e Pacífico: “O futuro dos oceanos depende deles. Os mais jovens começam a se preocupar com a questão e, assim, mais cedo percebem a importância da preservação da água”.

Já no debate “Preservando os Oceanos: uma corrida contra o tempo”, integrantes da expedição suíça puderam ouvir relatos e trocar impressões com integrantes de movimentos como o Viva Favela e a Associação de Pescadores da Baía de Guanabara, entre outros. Causou espanto entre os suíços a informação de que a Baía é circundada

por uma população de oito milhões de pessoas que habitam moradias onde, em um terço dos casos, não há sequer instalações primárias de saneamento ambiental.
Estímulo ao debate

Malin Borg avalia como positiva a passagem da equipe do Race for Water pelo Rio de Janeiro: “Principalmente a conferência na Biblioteca Parque Estadual foi muito frutuosa, pois juntou pesquisadores, jornalistas, políticos, ativistas e outros atores que normalmente não se falam. O resultado é que não criamos somente novos laços entre suíços e brasileiros, mas também entre suíços e suíços e entre brasileiros e brasileiros que trabalham há anos na mesma área sem se conhecerem”, diz.

A campanha “Mar sem Lixo, Mar da Gente” segundo a diretora do Swissnex Brasil, teve uma “importância enorme”, pois tocou uma grande quantidade e variedade de pessoas: “Realizamos eventos para pesquisadores e estudantes, que são nosso público-alvo tradicional, assim como para um novo segmento de cariocas, como atletas, crianças, moradores de Niterói e pessoas de negócios. Assim, conseguimos sensibilizar muita gente e abrir o debate sobre este problema que ainda não é muito conhecido e que precisa de soluções desenvolvidas pelas mentes mais brilhantes do Brasil em colaboração com atores internacionais como os pesquisadores suíços que estiveram presentes aqui no Rio durante a campanha”.

Fonte: SWI
Foto: Keystone

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