Importar energia é medida extrema, diz ex-ministro
Para José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, apelar para o fornecimento da Argentina torna o Brasil mais vulnerável
Para José Goldemberg, do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, apelar para o fornecimento da Argentina torna o Brasil mais vulnerável
O Brasil, que tanto se empenhou para justificar o uso de hidrelétricas para produzir energia limpa, vive um impasse com relação aos investimentos na área e à reversão de conceitos relativos ao fornecimento aos segmentos empresarial e doméstico.
Os brasileiros podem voltar a reviver cenas de 2001, quando aconteceu o racionamento de energia. Segundo especialistas do setor, as chances do consumo de energia ser restrito tem grandes chances de acontecer neste ano. “Se não chover 80% da média histórica para o resto do ano, teremos racionamento entre setembro e outubro deste ano”, observa o professor de MBA em setor elétrico da FGV/IBS, Franklin Miguel. Na primeira quinzena de maço, choveu apenas 30% da média histórica para o período.
O evento já ameaça entrar para o calendário oficial do brasileiro: entre o feriado de Ano-Novo, em 1° de janeiro, e o Carnaval, chega o dia de verão em que descobrimos estar sob risco de racionamento de energia pior do que gostaríamos. Neste ano, a efeméride caiu no início de fevereiro, quando o risco de racionamento para o ano chegou aos 6%.
Provável candidato do PSB à Presidência da República, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, afirmou que a União vai ter que tirar do orçamento, dos recursos dos impostos e de outras áreas, como educação e saúde, R$ 15 bilhões para as distribuidoras, se não houver aumento da oferta de energia. “O governo teve que colocar, ano passado, R$ 9 bilhões nas distribuidoras. Estamos vivendo um momento delicado no que diz respeito a essa questão”, alfinetou. Nesta quarta-feira (5), ele participou do lançamento do plano-diretor cicloviário do Grande Recife, no Centro de Convenções, em Olinda, sede provisória do governo estadual.
O Brasil precisa de mais usinas hidrelétricas para garantir o abastecimento de energia e evitar apagões, como o que aconteceu na tarde da última terça-feira (4). A afirmação é do diretor da ONG Ilumina, Roberto D’Araújo. A organização é composta por especialistas do setor energético.
O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, descartou que a falha registrada na tarde desta terça-feira (4), e que provocou apagão em parte das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, além do Tocantins, no Norte, esteja relacionada com o aumento do consumo de energia nas últimas semanas, provocado pelo calor.
RIO E SÃO PAULO - Um apagão atingiu na tarde desta terça-feira as regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Foram afetadas cidades em 11 cidades: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, além de áreas do Distrito Federal. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o problema ocorreu na linha de interligação Norte/Sudeste, onde um transformador teria tido superaquecimento.