Reúso, a técnica que poderia diminuir o consumo de água em 50%
A crise hídrica está longe de acabar, e o Brasil precisa avançar na adoção do reúso – que permite levar “a água da privada de volta para a torneira”
A crise hídrica está longe de acabar, e o Brasil precisa avançar na adoção do reúso – que permite levar “a água da privada de volta para a torneira”
A projeção de chuvas e da afluência (água que entra na represa) para o mês de setembro no Sistema Cantareira indica que os reservatórios devem iniciar outubro em condições piores do que em 2014. Segundo modelo criado por professores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), no melhor cenário – chovendo 25% acima da média para o mês – o Cantareira terá 11,1% de seu volume total, considerando a água do volume morto. Em outubro do ano passado, tinha 17,1%.
Segundo o gerente de Tratamento de Água e Operações do Dmae, Fernando Guimarães Moreira, a redução de consumo se deve, principalmente, à conscientização da população. “Em virtude das dificuldades que a região Sudeste enfrentou no biênio 2013/2014 em relação à falta de chuvas, do tema em evidência, e das ações que promovemos na cidade para o uso responsável da água, a população vem se mostrando mais consciente. O resultado é ver um volume produzido relativamente menor que nos anos anteriores”, disse.
O aumento mais expressivo foi no Sistema Guarapiranga, que pulou de 66,5% da capacidade para 67,2%. No Sistema Alto Tietê, que vive estado crítico e que tinha quedas de nível há 40 dias, a elevação foi de 13% para 13,1%.
Grandes alterações na estrutura e função dos sistemas naturais da Terra representam uma ameaça crescente para a saúde humana e para a vida em geral em nosso planeta. Através de uma insustentável exploração de recursos naturais e humanos a civilização floresceu, mas agora corre o risco substancial, pelos efeitos da degradação, de não garantir o apoio da natureza à vida, no médio e longo prazo.
Diante desse cenário e caso os reservatórios se esgotem, a redução mais severa do abastecimento de água se torna urgente, na opinião do professor de Ciências Ambientais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Décio Semensatto. Para ele, a situação poderia ter sido evitada com a adoção de medidas estruturais.
Em junho, segundo a Sabesp, a arrecadação com a multa foi de R$ 39,8 milhões. O aumento de 29% da receita com a punição sobre os consumidores chamados de "gastões" pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) ocorreu mesmo com a estagnação do número de clientes que aumentaram o consumo de água. Segundo a companhia, 17% gastaram mais água em julho, dos quais 10% foram multados, mesmo índice divulgado em junho.
As quedas diárias no sistema ficaram evidentes na última terça-feira, quando o Paraopeba registrou a pior marca da história. O percentual chegou a 29,4%, superando a marca anterior, de 5 de fevereiro de 2015, registro duas semanas depois do anúncio da crise pela Copasa, em que chegou a 29,47%. De lá para cá, foram registradas quedas diárias com a quebra do recorde negativo.
O Guararapiranga que tinha 69,6% no sábado, operava com 69,1% neste domingo. No mesmo período comparativo, o Alto Tietê caiu de 15% para 14,8%. O Alto Cotia foi de 55% para 54,9%.
O reconhecimento da gravidade da crise era cobrado por promotores e entidades civis desde 2014 quando começou a crise em razão da estiagem no sistema Cantareira, um dos seis mananciais que abastecem a região.