As águas subterrâneas e sua importância ambiental e socioeconômica para o Brasil

 

Resumo

Se por uma maldição, em um cenário apocalíptico, todos os aquíferos brasileiros secassem, ou seja, as águas subterrâneas deixassem de existir, o país mudaria radicalmente, a ponto de tornar-se irreconhecível. Tal desgraça não somente causaria sérios problemas para o abastecimento de 52% dos municípios no país, que atualmente são total ou parcialmente abastecidos pelas águas subterrâneas, mas impactaria sobretudo o setor privado, que extrai mais de 17,5 bilhões de metros cúbicos por ano (557 m3 /s) desse recurso. através de 2,5 milhões de poços tubulares, ou seja, vazões suficientes para suprir toda a população brasileira. Muitas cidades teriam o seu abastecimento colapsado, não porque a rede pública seja alimentada pelas águas subterrâneas, mas porque os poços privados, muitos dos quais irregulares e desconhecidos do governo, complementam a hoje deficiente rede pública de muitas cidades. Metrópoles como São Paulo, Recife, São Luiz e Fortaleza enfrentariam sérios problemas de abastecimento. Além do prejuízo nas cidades e no campo, que poderia ser de mais de R$ 75 bilhões por ano, os danos ecológicos seriam atrozes. As águas subterrâneas perenizam, através das descargas dos aquíferos, os rios, lagos, pântanos e mangues. Caso elas se esgotassem, a vida desses ecossistemas mudaria completamente e muitas espécies desapareceriam. A despeito dessa importância, as águas subterrâneas no país não têm recebido a devida atenção, e há registros cada vez mais comuns de problemas de superexplotação e contaminação, resultado da falta de gestão do recurso hídrico e do planejamento territorial. Esta publicação detalha pela primeira vez a importância dos recursos hídricos subterrâneos no país e busca bases técnicas para uma gestão realista, que evite que a maldição do desaparecimento das águas subterrâneas venha a ocorrer no Brasil.

Autores: RICARDO HIRATA; ALEXANDRA SUHOGUSOFF; SILVANA SUSKO MARCELLINI; PILAR CAROLINA VILLAR; LAURA MARCELLINI.

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