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Grande SP consome 15% menos água do que no período pré-crise hídrica, mas gasta mais do que em 2015

Na comparação do primeiro trimestre, em 2018 a Grande SP consumiu 34 milhões de metros cúbicos, 15,4% a mais do que no mesmo período de 2015.

A Grande SP gasta, atualmente, 15% menos água do que em 2013, período pré-crise hídrica, segundo a Sabesp. Porém, de acordo com dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), o consumo aumentou 15,4% no primeiro trimestre de 2018, em relação ao mesmo período de 2015, época de crise.

  • De janeiro a março de 2015: 220,6 milhões de m³ (ou 220,6 bilhões de litros)
  • De janeiro a março de 2018: 254,6 milhões de m³ (ou 254,6 bilhões de litros)

Se levarmos em conta quanto uma pessoa consome por dia, em média:

  • Em 2013: 169 litros por dia
  • Em 2014: 126 litros por dia
  • Em 2015: 120 litros por dia
  • Em 2016: 129 litros por dia
  • Em 2017: 129 litros por dia

Mudança de hábitos

Uma das razões para a redução de consumo é a mudança nos hábitos nos condomínios, que temiam o racionamento durante a crise hídrica. Em maio de 2014, o volume do Sistema Cantareira atingiu 29,6% de sua capacidade e e a Sabesp passou a operar bombeando água de seu volume morto.

Passada a crise, especialistas apontam que ações de reúso de água de chuva para limpeza de áreas comuns do condomínio, por exemplo, se mantiveram nos últimos quatro anos.

Outros hábitos mais pessoais, como duração do banho, podem ser os responsáveis pelo aumento do consumo. Depois da crise, o paulista pode ter retomado seus hábitos e voltado a gastar mais água.

“Bons hábitos se mantiveram, especialmente nos condomínios. As pessoas passaram a economizar mais, mas com a Sabesp e o Governo negando a gravidade da situação, há quem relaxe e acabe gastando mais”, opina o geólogo e professor da USP Pedro Luiz Côrtes.

Ações como não varrer a calçada com mangueira, fechar a torneira enquanto se escova os dentes e tomar banhos mais rápidos viraram parte da rotina dos paulistas e impactam também no bolso. A redução do valor da conta é um dos motivos para o novo comportamento de consumo, de acordo com o vice-presidente de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), Hubert Gebara.

“A falta da água na crise assustou bem a população. Hoje em dia as pessoas estão mais conscientes, sabem que a água não é um bem infinito e que se não cuidarmos, ela vai acabar. Essa redução de consumo é resultado de campanhas de incentivo e informação e eu tenho certeza de que o fato de mexer com o bolso também fez toda a diferença”, diz ele.

De acordo com Gebara, foram instalados hidrômetros individuais em aproximadamente 200 condomínios da capital paulista nos últimos quatro anos. O aparelho que mede o consumo individual de cada apartamento ajuda a diminuir a conta de água em até 30%, de acordo com o especialista.

Economia de água

Depois de 46 dias de seca, a capital paulista registrou chuva na noite de segunda-feira (30). Em julho do ano passado, choveu quase o dobro do que neste mês: foram registrados 2,1 milímetros de chuva.

Por causa da falta de chuvas, é preciso economizar água. A Prefeitura de São Paulo decretou uma nova lei neste sábado (28) que multa quem lavar a calçada com água potável e tratada. Apenas água de reúso pode ser usada. Agentes da Sabesp farão a fiscalização. A multa é de R$ 250 para quem for flagrado, e dobra de valor em caso de reincidência.

Desde a crise hídrica de 2014, a Sabesp executou obras e ações de grande, médio e pequeno porte para garantir mais água para a população. Mas de acordo com o Côrtes, é necessário que a população continue fazendo a sua parte e economize água.

“Essas obras dão um alento, reduzem um pouco o impacto de uma situação climática desfavorável, mas a gente não pode negociar com o clima e as chuvas, por isso acho que é necessário reforçar para a população a real situação dos mananciais e os bons hábitos de consumo de água para reduzir o impacto de uma eventual crise.”

Nível de reservatórios preocupa

Além do tempo seco e a poluição, o nível dos reservatórios que abastece o Estado preocupa, porque cai a cada dia. O sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de aproximadamente 40% da Grande São Paulo, estava em estado de alerta na segunda, operando com 39,7% de sua capacidade.

Na prática, o estado de alerta (igual ou abaixo de 40%,) reduz a quantidade de água que a Sabesp pode retirar do manancial de 31 mil litros por segundo para 27 mil litros por segundo.

Em 26 de julho de 2013, ano da pré-crise de abastecimento, o índice era melhor: 53,8%.

A represa Guarapiranga também tinha uma situação melhor em 2013. Naquele ano, a capacidade estava em 91,2%. Hoje, tem 63,8%.

A Sabesp diz que as obras de interligação dos rios e de construção do sistema São Lourenço, inaugurado em abril, são suficientes pra compensar o esvaziamento dos reservatórios.

“Nós não temos uma crise hídrica. Nós temos uma condição climática desfavorável. Não dá pra comparar com o que era a crise climática naquele momento, porque a crise climática naquele período de 2014 se refletiu no abastecimento. Hoje nós não temos essa condição. O abastecimento está normal dentro da região metropolitana de São Paulo”, disse o superintendente de produção de água da região metropolitana de São Paulo da Sabesp, Marco Antonio Lopez Barros.

Fonte: G1

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