Um debate sobre a privatização do serviço de abastecimento de água e esgoto deu início à semana de recepção dos calouros dos cursos de Engenharia Ambiental e Sanitária da Unifacs nesta quarta-feira, 13. Na mesa, estavam o vereador Gilmar Santiago (PT) e a representante do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia (Sindae), Nadilene Sales.
O parlamentar abriu as discussões falando sobre a privatização de empresas como a Telebras, Embratel e Companhia Vale do Rio Doce durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele destacou que a privatização da Telebras e da Embratel coincidiu com avanços na área de tecnologia, permitindo que as empresas ampliassem os serviços com ofertas acessíveis à população de modo geral. Porém, quando se trata de água e saneamento básico a situação é diferente.
Os convidados também trouxeram pontos como a preservação do meio ambiente na área da construção civil, com o exemplo da retirada das árvores e verticalização da Orla da capital baiana. “Pensar a construção em Salvador, é pensar o meio ambiente”, concluiu Santiago.
Nadilene Sales acrescentou que uma prática comum à privatização é beneficiar aqueles que pagam mais pelo serviço. Pensando a possibilidade de privatização da Embasa, ela completou dizendo que “privatizar a água é restringir o acesso ao maior bem da humanidade”.
Durante os debates, o aluno de Engenharia Civil, Márcio Britto, de 38 anos, apresentou um relato pessoal sobre o serviço de água na rua onde ele mora, na Federação, e disse que privatizar a empresa de água poderia ser a única solução para o problema. “Tenho um processo contra Embasa há muitos anos, porque minha água sai marrom, e mesmo assim até hoje o problema não foi resolvido. Preciso comprar água mineral para beber em casa”, contou mostrando uma imagem da torneira no celular. “E, sinceramente, qual foi o setor que não deu certo depois que empresas foram privatizadas?”, interrogou o estudante aos convidados.
O evento contou uma média de 60 alunos de Engenharia Ambiental, Sanitária e Civil, que debateram o tema por cerca de duas horas.