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PB: Romero Rodrigues vai rever concessão para Cagepa em Campina

Cortar gastos, reabrir restaurantes populares e cozinhas comunitárias, investir no desenvolvimento econômico de Campina Grande e discutir a não renovação da outorga que permite à Cagepa explorar os serviços de captação de esgoto e abastecimento de água na cidade. São essas algumas das prioridades do prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSDB), para o ano de 2015. Em entrevista exclusiva ao JORNAL DA PARAÍBA, Romero, que encerrou a primeira metade de seu mandato em 2014, fez um balanço desse período administrativo, e também falou sobre política. Ele não descarta deixar o PSDB e que está habilitado para disputar a reeleição.
JORNAL DA PARAÍBA – Qual a avaliação que o senhor faz dos seus dois primeiros anos de governo?
ROMERO – A avaliação é muito positiva. O que estamos fazendo é resgatar Campina do ponto de vista de sua vocação, que é o desenvolvimento comercial e industrial. Para isso, compramos uma área de 800 hectares, onde está sendo erguido o Complexo Aluízio Campos. Lá estamos propiciando um ambiente de desenvolvimento, que já se iniciou com a implantação de uma montadora de ônibus, sem falar nas 170 empresas cadastradas na prefeitura para se instalar nesse espaço. Estamos construindo uma nova cidade em função da grandeza desse projeto, que engloba 4,1 mil casas, três creches, duas escolas, dois postos de saúde, duas praças com academia e um Cras. Na Educação, implantamos definitivamente o piso nacional, fizemos a liberação dos níveis para o magistério, não falhamos na questão do fardamento, distribuímos merenda em casa nas férias e vamos iniciar 2015 entregando 7 mil tablets para os alunos da rede municipal. Na Saúde, gostaria de registrar a compra do Pedro I, e a municipalização do hospital Dr. Edgley, garantindo o tratamento de hemodiálise. Também implantamos a primeira Casa da Gestante da Paraíba, a UTI materna do Isea e aumentamos de 15% para 25% o gasto de nossa receita com saúde, além da pavimentação de mais de 150 ruas e obras de mobilidade que estão sendo executadas.
JP – Quais as maiores dificuldades enfrentadas nesse período?
ROMERO – Hoje o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) representa apenas 33% da receita da cidade. Como você não tem como mexer no FPM, que é redistribuído pelo governo federal, é preciso trabalhar as receitas do município. Além disso, quando assumimos a prefeitura havia três folhas em atraso, débitos de todo tipo, alguns que inclusive ainda existem, telefone cortado, carros locados atrasados, o lixo foi deslocado para os canteiros e avenidas da cidade e os precatórios não eram pagos há dez anos. Além disso, herdei uma dívida de R$ 117 milhões que nos oito anos anteriores não foi paga nenhuma prestação, tanto é que tivemos sequestrado em duas ocasiões pela Secretaria do Tesouro Nacional mais de R$ 5 milhões. Tivemos que fazer o dever de casa para buscar o equilíbrio financeiro e fiscal, mas é uma ação que a gente tem que fazer de forma continuada.
JP – Quais as prioridades da prefeitura para 2015?
ROMERO – Vamos iniciar 2015 cortando gastos, mais uma vez, como fazemos todo início de ano. A economia sinaliza negativamente e você tem que se preparar para alguma eventual dificuldade que precise ser enfrentada em função da queda de receita. Por isso, vamos dar mais uma enxugada no custeio e manutenção da máquina. Já recomendei há alguns dias aos auxiliares cortar o que for possível de prestação de serviços e locação de carros. Na questão do combustível, vamos estabelecer cotas para os veículos, e estamos comprando chips para colocar nos carros e monitorar se eles realmente estão sendo utilizados em serviço para evitar excessos.
JP – Esses cortes que o senhor mencionou atingirão o funcionalismo público?
ROMERO – De forma nenhuma. O funcionalismo vai continuar tendo o que sempre teve. Regra geral, os servidores tiveram 15% de reajuste em dois anos, fora as excepcionalidades, como o magistério, que teve um reajuste oscilando em torno de 40%. O que vamos fazer é reduzir onde houver excesso, ou seja, buscar a racionalidade e a eficiência.
JP – Os restaurantes populares e cozinhas comunitárias estão fechados desde final de 2012. Pretende reabri-los?
ROMERO – Sem dúvidas. Inclusive, conclui recentemente um relatório em que estamos colocando previsão orçamentária para isso. Vamos fazer a manutenção em janeiro, capacitar as pessoas em fevereiro e devemos iniciar a reabertura pelo restaurante do Distrito dos Mecânicos, com previsão para abril. Já as cozinhas há previsão de reabertura a partir de maio.
JP – No final de 2014 se encerrou o prazo da concessão que permite à Cagepa explorar os serviços de esgoto e abastecimento de água em Campina. Alguns vereadores de sua bancada têm defendido a revisão dessa concessão e a não renovação do contrato. O senhor tem opinião formada sobre o assunto?
ROMERO – Estou pensando nisso porque a Cagepa, com todo respeito, presta um desserviço à população de Campina. A gente trabalha para fazer a operação sistemática de tapa-buraco enquanto a Cagepa abre buraco na cidade toda, não coloca identificação para confundir e jogar essa responsabilidade para a prefeitura, e somos nós quem pagamos a conta. Então, estou pensando em fazer uma PPP (parceria público-privada) para administrar o esgoto de Campina, modelo exitoso que está sendo feito em todo o Brasil. Estou refletindo porque é um serviço que pertence a nós e acho que tem que haver uma relação de diálogo, que não conseguimos ter com a Cagepa. A solução é debater com a Câmara e com a sociedade qual o melhor modelo para a cidade, essa é uma pauta que quero e estou disposto a discutir. Já a questão da água estou deixando de debater, mas até me disponho a conversar com a Cagepa, por uma questão de responsabilidade, porque Campina é superavitária em termos de abastecimento, mas pode ser que outros municípios não sejam. O que não pode é você fazer a concessão e não poder dialogar. Mas, falando do esgoto, acho que estamos bastante tencionados a discutir a PPP.
JP – A oposição tem afirmado que o ano de 2015 será de dificuldades econômicas e criticou a sua proposta de criar duas novas secretarias. Elas realmente serão criadas?
ROMERO – Ainda estamos refletindo. Se tivesse decidido eu já tinha enviado para a Câmara. Eu costumo lançar ideias e escutar opiniões, pois não sou dono da cidade. Quando lancei essa proposta a crise econômica estava maquiada, mas ela vem se agravando a cada dia, por isso ainda estamos refletindo. Acho que a questão de transformar a Coordenadoria de Comunicação, que anualmente tem recursos previstos, em secretaria é em função de nós termos feito muita coisa e não conseguirmos nos comunicar bem. Em relação à Habitação, não há despesa para a cidade. É uma secretaria que, se criada, será sem despesa, pois nós temos, só desse contrato do Aluízio Campos, mais de R$ 6 milhões para fazer o trabalho social. Dá para fazer toda a manutenção da secretaria, que passaria dois ou três anos funcionando sem colocar um recurso da prefeitura, pois esses recursos retornam se você não gastar. Isso significaria que foi feito um péssimo trabalho social e você não pode construir uma cidade nova se não fizer esse trabalho.
JP – No meio político existe uma especulação de que o senhor pretende deixar o PSDB. Está nos seus planos mudar de partido em 2015?
ROMERO – Sou talvez, da geração atual, o primeiro a ter entrado no PSDB. Meu primeiro mandato de vereador, há mais de 20 anos, foi no PSDB. Tenho uma relação sólida com o partido e uma amizade com pessoas da legenda que transcende as fronteiras partidárias, a exemplo da minha relação com Cássio, que independe de partido. Mas, recebi convite de partidos menores e maiores, a exemplo do presidente do PSD, Gilberto Kassab, de major Fábio, que é do Pros, além de sinalização de pessoas do PP. Não é uma decisão que se toma isoladamente, pois não é fácil estar em um partido há mais de 20 anos e fazer uma mudança. Então, não fica descartado, mas não é uma decisão que farei isoladamente. Quando a gente pensa numa questão (de mudança) partidária, é muito mais pensando na necessidade de estreitar ainda mais a relação com o governo federal, em função da complexidade que é administrar Campina, que demanda muitas necessidades. Talvez essa aproximação facilite um pouco essa relação.
JP – O senhor pretende disputar a reeleição?
ROMERO – Estou habilitado. Temos um trabalho que talvez precise de um pouco mais de tempo para se consolidar, como é o caso do Aluízio Campos, que se entrar alguém e mudar essa lógica a cidade vai perder muito. Como estou elegível, apto a disputar, posso com o maior prazer me candidatar à reeleição. Não acho que é o modelo correto, mas estou investido nessa condição. Isso será discutido no momento oportuno.
JP – Quando assumiu a prefeitura o seu partido era aliado do governador reeleito, Ricardo Coutinho. Como será seu relacionamento com o novo governo, agora na condição de oposição?
ROMERO – Honestamente, acho que será complexo, mas no que depender de mim não terei problema nenhum. Não sei se a recíproca será verdadeira, pela sinalização acredito que não, mas onde puder conviver bem eu o farei. Inclusive vou pedir audiência logo no começo de 2015 para tratar de assuntos do interesse de Campina.
Postado por Edson Pereira

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