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Testes da Cedae confirmam presença de geosmina na água que abastece o RJ

A água que abastece a capital do Rio de Janeiro e municípios da Baixada Fluminense está mesmo com geosmina. 

A informação foi confirmada nesta quinta-feira (28) pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), que realizou testes na água.

O composto orgânico produzido por microrganismos é um indicativo da presença de esgoto na água que passou pela Estação de Tratamento do Guandu.

Há uma semana, moradores de diversos bairros da capital fluminense relataram cheiro e gosto de terra na água encanada. No monitoramento de rotina do dia 19, técnicos detectaram alterações na água antes que ela chegasse à estação de tratamento.

Na ocasião, o material foi coletado e enviado para exame laboratorial. Ainda segundo a companhia, antes do resultado, as medidas já haviam começado a ser aplicadas.


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Qualidade da Água

O biólogo e ambientalista Mário Moscatelli lembra que o problema enfrentado pela população fluminense é antigo. Segundo o especialista, que vem monitorando a situação dos rios e lagos há décadas, em 2008 ele alertou a Cedae, que na época apresentou um projeto para proteger o ponto de captação, mas que não foi colocado em prática e contribui até hoje para o agravo da situação.

O ex-presidente da Cedae Wagner Victer explicou que a geosmina é a formação de uma alga, e que este é um acontecimento recorrente e comum. Porém, há um procedimento para que ela não chegue ao consumidor final.

“Tem que fechar a estação e fazer uma descarga do sistema lagunar, quando identificada, e isso não foi feito no ano passado. É trabalhoso, é um procedimento de engenharia, envolve paralisar, interromper, é operacional. Mas a geosmina aparece sempre, não tem a ver com ter mais ou menos esgoto, mas, quando tem esse tempo, com muito sol, e esgoto, ela é formada”, explicou.

Monitoramento

Segundo o monitoramento de geosmina da estação do Guandu desse ano, a substância começou a ser detectada em 9 de janeiro e foi tratada com carvão ativado já implementado na crise de 2020. A quantidade da substância encontrada pela Cedae agora é menor do que no ano passado.

Enquanto, em janeiro de 2020, a maior concentração foi de 1,96 mg/L, até agora o maior índice foi de 0,070 mg/L, registrado no dia 21 desse mês.

Para o chefe do Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), professor Júlio Cesar da Silva, a Cedae atuou na consequência da geosmina e não na origem, por isso o caso se repete este ano.

Crise de Água

O especialista afirma que a medida do carvão ativado ajudou para que não houvesse um agravamento em relação à crise de 2020.

“A diferença é que esse ano a estrutura para dosagem de carvão ativado já existe. Ano passado foi pior, apendemos um pouco. Mas, em vez de fazer um filtro de carvão ativado, tomaram uma medida emergencial de jogar o carvão na água. Além da falta de planejamento e investimento na resolução na causa do problema, continuamos com mananciais muito contaminados; precisa de saneamento”, afirmou.

Em nota, a Cedae afirmou que a água distribuída no Rio de Janeiro está dentro dos padrões de potabilidade e consumo.

“Os resultados da análise das amostras por laboratório externo apresentaram traços de geosmina em níveis muito baixos, o que explica as alterações de gosto e odor, mas ainda assim atende aos parâmetros do Ministério da Saúde”, diz o posicionamento.

A companhia ainda informou que o aumento da dosagem de carvão ativado utilizado de forma contínua na entrada da estação atua na remoção da geosmina, que monitora a quantidade de espécies de algas na lagoa e que aplica argila ionicamente modificada com o objetivo de diminuir a proliferação das algas no local.

Além da adoção desses protocolos, a empresa afirmou ter solicitado aos laboratórios a redução do prazo no envio dos resultados de concentração de geosmina e gosto e odor, o que confere mais agilidade na operação de controle de qualidade.

Fonte: CNN Brasil.

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