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Moradores do Rio de Janeiro voltam a receber água com gosto e cheiro ruim em suas casas

Segundo a população, houve alteração na coloração, no sabor e um forte odor na água.

As reclamações voltaram a acontecer um ano após a crise da geosmina que começou no início de janeiro do ano passado. A geosmina é um composto orgânico, formado por carbono, hidrogênio e oxigênio, e é resultado da presença de cianobactérias na água. A reportagem do RJ1 mostrou nesta quinta-feira (21) que os afetados já estão comprando água mineral para realizar as atividades do dia a dia.

 

“Quando fui encher as garrafas, notei que a água estava diferente. Estava assim desse jeito e se você pegar, você sente o gosto dela horrível. Gosto de terra também, ela tem gosto de terra”, disse Teresinha de Jesus Raposo, moradora de Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte.

Além disso, elas afirmam ainda que estão com problemas no abastecimento do serviço.

“São dez dias dando uma conferida na torneira para ver se a água chegou. A gente já sabe que é mais um dia de sofrimento. Eu peço emprestada água das minhas amigas. Vou lavar roupa na casa delas e o banho tem duração de três minutos contado no relógio. A economia é absurda. É um sofrimento”, disse Ivania Bonfim, moradora da Zona Oeste.

Solução em 48 horas

O governador em exercício, Cláudio Castro, chegou a convocar uma reunião de emergência com técnicos da Cedae. No ínicio da tarde, ele disse que a Cedae prometeu que em até 48 horas a água da Elevatória do Guandu, responsável pelo abastecimento, chegará às torneiras sem cheiro e gosto de terra.

Ainda, segundo Castro, se a situação não estiver resolvida até o próximo sábado (23), ele poderá tomar medidas drásticas. A afirmação foi feita ao Blog do jornalista Edimilson Ávila, mas o governador em exercício não antecipou que tipo de medida poderá ser tomada.

Funcionários seguem usando carvão ativado

O Globocop sobrevoou nesta quinta-feira (21) a estação de tratamento do Guandu. Um dos reservatórios, mais vazio, chamava atenção pela aparência de lama. Em outro ponto da estação, funcionários colocavam o carvão ativado na água. Essa foi a medida que a Cedae usou em 2020 para reter a geosmina, apontada na época como responsável pelo gosto e cheiro ruins na água.

A Estação do Guandu

A estação de tratamento do Guandu tem uma vazão de 43 mil litros de água por segundo: o suficiente para abastecer uma população de 9 milhões de pessoas no Rio e em outros 7 municípios da Região Metropolitana.

  • Todos os dias, o processo de tratamento consome 210 toneladas de produtos químicos.
  • O tratamento começa logo depois da captação da água do Rio Guandu. Em seguida acontecem os seguintes procedimentos:
  • A desarenação retira partículas de areia presentes na água.
  • Depois, vem a utilização de produtos químicos – sulfato de alumínio e cloreto férrico- que servem para unir as partículas mais finas.
  • Em seguida, ocorre a filtração, feita com areia e/ou carvão antracitoso.
  • Neste momento deve entrar o carvão ativado pulverizado.
  • Por fim, acontecem os procedimentos finais, de desinfecção, com cloro, a injeção de flúor, para auxiliar na prevenção da cárie dentária e a correção de PH com cal hidratada ou cal virgem, para evitar a corrosão das tubulações.
  • A água é bombeada para um reservatório público e ainda recebe mais flúor antes de chegar aos consumidores.

 

Veja outros relatos de moradores

“Fico apreensiva porque ano passado passamos por esse problema e ficou durante muito tempo com esse problema. Eu tive que gastar muito dinheiro com galão, tendo duas crianças pequenas em casa”, disse Rozane Nann, moradora de Piedade, na Zona Norte do Rio.

“Desde terça-feira nós estamos sentindo um cheiro na água, novamente, igual ano passado. Por enquanto, a água está limpa, não sentimos nenhuma diferença na coloração. Continua limpa, transparente, mas estamos preocupados”, disse Monica Boanafina, moradora de Vila Valqueire, na Zona Oeste do Rio.

Fonte: G1

Pesquisadores da UFRJ descartaram a presença de geosmina na água

Embora a matéria acima reporte sobre a presença de geosmina na água, em Junho de 2020, foi divulgado um estudo feito por pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) onde foi identificado que o gosto e o odor na água de abastecimento do RJ não foi ocasionados pela geosmina, como supôs a CEDAE. A análise foi realizada pelo Laboratório de Microbiologia da UFRJ e os pesquisadores observaram durante 3 meses a qualidade da água da estação de captação da Cedae. O laudo apontou que a substância encontrada na água, embora seja similar, não é geosmina.

Orientado pelo professor e pesquisador Fabiano Thompson, o laudo técnico detalhou o material genético encontrado nas amostras por meio de sequenciamento de DNA. O laudo apontou que a qualidade da água do manancial Guandu é variável, tem alta abundância de bactérias de origem fecal e bactérias degradadoras de compostos aromáticos, que sugerem a contaminação por esgoto. Outro ponto importante do laudo foi a indicação da presença de ”bactérias entéricas de diversos gêneros”, o que aponta a contaminação da água por fezes humanas. Além disso, o estudo também alerta para ”microrganismos potencialmente patogênicos e tóxicos”, o que indica a necessidade de que a água do RJ continue sendo monitorada.

Texto adaptado por Renata Mafra – Produtora de conteúdo

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