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Relação entre doenças e crise hídrica será analisada por presidente da Sabesp

O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, se comprometeu nesta quarta-feira a verificar se há falhas na qualidade da água e a correlação entre a crise hídrica e o aumento de casos de doenças como diarreia em São Paulo. Kelman assumiu o compromisso de durante uma conferência sobre saneamento básico organizada pela Fiesp (Federação de Indústrias de São Paulo). Questionado, Kelman disse desconhecer o tema de estudo da Vigilância Epidemiológica de São Paulo, publicado pelo EL PAÍS, que associa os surtos de diarreia aguda recentes ao cenário de desabastecimento.

“Eu não tenho conhecimento, mas é um assunto muito sério. O controle de qualidade da água da Sabesp é feito com extremo profissionalismo. Agora, se tem falha, não vou ficar aqui defendendo. Não podemos brincar com isso. É muito sério. Vou mandar verificar”, disse Kelman, que pediu os endereços das pessoas afetadas para providenciar uma vistoria.

A crise hídrica em São Paulo trouxe desde o ano passado o risco de colapso dos reservatórios, cortes diários no abastecimento em toda a região metropolitana, assim como um aumento expressivo de casos de diarreia aguda em todo o Estado, conforme mostrou um informe do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), órgão da Secretaria Estadual de Saúde.

O centro qualificou 2014 como um ano “hiper-epidêmico”, após uma análise detalhada, embora preliminar, das notificações de surtos da doença. O órgão associa o evidente aumento de casos comunicados no Estado – quase 35.000 em algumas semanas de fevereiro, março e setembro – aos problemas de abastecimento de água que ainda afetam toda a região metropolitana e várias cidades do interior. No município de São Paulo, que por seu tamanho concentra o maior número de casos e onde a Sabesp é a responsável pelo abastecimento, a tendência é também de aumento como no resto do Estado como um todo.

A diminuição de pressão, a intermitência do abastecimento, o racionamento, o consumo do volume morto das represas, e o uso da água de poços e caminhões-pipa, cuja qualidade não é sempre fiscalizada conforme a lei, são as principais causas que podem comprometer a qualidade da água e promover o surgimento de surtos (ocorrência de dois ou mais casos) de diarreia e outras doenças transmissíveis pela água, conforme aponta a pesquisa do CVE.

Embora o presidente da Sabesp afirme desconhecer o assunto, a relação dos cenários de seca com o aumento de algumas doenças tem sido abordada por vários organismos este mesmo ano, inclusive pela Organização Pan-Americana da Saúde e a Organização Mundial da Saúde. “Os planos de emergência devem estar acoplados a políticas transparentes para o enfrentamento destas crises cíclicas, de modo a evitar o consumo de águas de fontes não oficiais e improvisadas, bem como o armazenamento inadequado de água, que contribui, entre outros efeitos, para o risco de surtos de doenças como diarreias, gastroenterites, rotavírus e hepatite A”, diz um estudo elaborado conjuntamente com o Ministério de Saúde e sua parceira a Fundação Oswaldo Cruz.

O estudo defende também a relação da crise hídrica com a epidemia de dengue que São Paulo sofreu no começo deste ano. “Em São Paulo, a população por não saber claramente sobre as medidas de racionamento, bem como, quando e o quanto de água seria fornecida, passou a armazenar água, muitas vezes de forma de inadequada. Uma das consequências desse processo de armazenamento foi um aumento no número de óbitos e casos notificados de dengue. No primeiro bimestre de 2014 foram 5 óbitos e 11.876 casos notificados. No mesmo período em 2015, o número de óbitos foi de 24 (aumento de 380%) e o de casos notificados, 94.623 (aumento de 697%).”

 
Fonte: El País

Crédito da Foto: Martha Lu

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