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Tráfico cobra taxa de água em morros do Rio e Baixada Fluminense

Em comunidades do Rio e da Baixada Fluminense, ter água é uma decisão que depende da vontade de traficantes e de milicianos.

Nesses pontos, os grupos criminosos são responsáveis por instalar redes clandestinas e cobrar taxas de moradores para permitir que as torneiras não fiquem secas.

Uma das quadrilha atua no morro São João, zona norte do Rio, onde há uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).
Lá, uma rede clandestina leva água a todo o morro.

A data, o tempo de fornecimento e a região da comunidade que receberá a água dependem do chamado “manobreiro” responsável por controlar os registros.

Cada residência paga R$ 15 pelo serviço, e a associação de moradores diz que o ganho é todo investido na manutenção da rede ilegal e no pagamento da mão de obra.

A polícia investiga se traficantes lucram com o serviço.

“Não podíamos ficar sem água esperando por uma obra que nunca chegava”, afirma Jacirema da Silva Alperio, presidente da associação de moradores do Morro da Matriz, vizinho ao São João.

As duas comunidades possuem cerca de 2.000 residências, o que gera receita de R$ 30 mil com a taxa de água.

Na quarta (4), ao percorrer o morro, a reportagem se deparou com dois traficantes armados. A dupla expulsou a Folha da comunidade, no momento em que faziam a segurança da bomba de água.

Nas delegacias, não faltam relatos dessa prática. Na segunda (2), a Cedae (Companhia Estadual de Água) e a Polícia Civil iniciaram uma parceria para coibir as ligações clandestinas. Em três dias, houve 16 ações em vários pontos da cidade.

Até agora, o programa Água Legal, como é chamado, não esteve em favelas ou em conjuntos dominados por estas quadrilhas.

“Ainda estamos neste caminho da regularização em algumas comunidades. Isso sempre é difícil para as concessionárias quando o crime está presente, mas as UPPs possibilitam a formalização”, disse o presidente da Cedae, Jorge Briard. A companhia calcula que há, no Rio, 10 mil ligações clandestinas.

Não é apenas o tráfico que controla a água em comunidades do Rio. Milicianos são apontados como responsáveis por agredir moradores que não pagam pelo fornecimento na zona oeste ou na Baixada Fluminense.

No condomínio Zaragoza, do Minha Casa Minha Vida, na zona oeste, policiais investigam se a receita obtida com a taxa de água seja destinado à milícia local.

“Nossa conta é alta. Então, todos os moradores devem colaborar. Vamos instalar hidrômetros para ver o gasto de cada um, mas o pagamento será feito ao condomínio, e não à Cedae”, diz Fábio Alexandre, que se apresentou como representante dos moradores.

Fonte e Agradecimentos: Folha de SP

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