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Mogi das Cruzes perde mais da metade da água tratada, diz estudo

Pesquisa foi divulgada nesta quarta pelo Trata Brasil com dados de 2014. 51,87% da água tornada potável na cidade não chega a ser faturada.

Um estudo divulgado nesta quarta-feira (16) pelo Instituto Trata Brasil mostra que 51,87% da água faturada (que foi captada, tratada e estava pronta para a venda) em Mogi das Cruzes é perdida antes de chegar ao consumidor final. Os dados são de 2014. Para se ter uma ideia, o índice apontado como ideal de perda é de, no máximo, 15%. O estudo que analisou as 100 maiores cidades do País também traz dados sobre Suzano e Itaquaquecetuba.

De acordo com a pesquisa, a água não chegou a ser faturada por causa de vazamentos nas tubulações, ligações clandestinas e erros na medição de hidrômetros.

Em Suzano, o índice de perda no faturamento é de 22,43% e em Itaquaquecetuba, de 36,83%. Nas duas cidades, o tratamento e distribuição é feito pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de são Paulo (Sabesp).

“Perder até 30% da água não é nenhuma maravilha, mas as empresas pelo menos conseguem receber o dinheiro de 70% da água tratada, o que é razoável. Agora imagina ter gastos com funcionários e com produtos químicos e ainda não conseguir receber 60%, 70% do que produziu. É um absurdo”, diz Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil.

Em nota o Semae informou que “a redução de perdas é um processo que demanda grandes investimentos, e isto vem sendo feito pela autarquia ao longo dos últimos anos”. Entre as ações citadas pela autarquia, estão a setorização da rede de água, a troca de hidrômetros e o trabalho de detecção de vazamentos não-visíveis.

“Entre estas ações, podemos citar:

– A setorização do distrito de Brás Cubas, que consiste na subdivisão da rede do distrito em sistemas menores (com instalação e/ou nivelamento de registros, instalação de hidrômetros de grande porte e de válvulas redutoras de pressão, substituição de cavaletes e ramais, além do conserto de vazamentos em cavaletes). Esta divisão em sistemas menores agiliza as manutenções e diminui as perdas;

– Troca de hidrômetros: medida integra a campanha de redução de perda de água e de combate a fraudes, já que hidrômetros novos são mais precisos, o que evita desperdícios. O trabalho também atende a uma recomendação do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente (Gaema), órgão do Ministério Público de São Paulo, e ao Plano Diretor de Água do município. A substituição não tem custo para os moradores. Após cinco anos, os hidrômetros já não registram o consumo de maneira correta, e isso é um prejuízo para a cidade. A estimativa é de que hidrômetros antigos (com mais de cinco anos) ocasionem cerca de 30% do total de perdas comerciais do Semae.

– Trabalho de detecção de vazamentos não-visíveis (que são aqueles em que a água não aflora à superfície), por meio da técnica conhecida como geofonamento, popularmente chamada de caça-vazamentos. A iniciativa aprimora os processos de manutenção preventiva e corretiva nas redes de distribuição do Semae. Até junho de 2015 uma equipe atuava neste trabalho, e agora são três. Com isso, o número de serviços de caça-vazamentos saltou de 172 em 2014 para 856 no ano passado, um aumento de quase 400% (a quantidade se refere às buscas executadas, o que não significa que em todas elas tenham sido identificados problemas);

– Ampliação das equipes de manutenção, que passaram de seis, em 2009, para 21, em 2015. A consequência direta foi a redução do tempo de manutenção: há sete anos, a autarquia tinha uma média diária de 1,1 mil ordens de serviços abertas para manutenção na rede de água, número que baixou para 40, atualmente. Em 2009, os serviços eram realizados em 29 dias, em média. Desde o ano passado, este prazo está entre 12 e 48 horas.”

Sabesp
Com relação a Suzano e Itaquaquecetuba, a Sabesp informou que “os números divulgados pelo SNIS se referem a 2013. Os dados atualizados em dezembro de 2015 sobre perdas são os seguintes: Suzano tem índice de 10,5% e Itaquaquecetuba, de 25,8%. O índice geral de perdas da Sabesp relativo à micromedição em 2015 foi 28,5%. Esse valor se refere às perdas totais. Considerando somente as perdas reais, o indicador é de 18,7%, compatível com muitos países desenvolvidos, como Itália e França. A Sabesp investe em ações de combate às perdas continuamente. Consciente de sua responsabilidade com relação à situação de escassez dos recursos hídricos e com foco na busca de maior eficiência operacional, a empresa intensificou esforços por meio da implantação de um programa de longo prazo, que teve início em 2009 com recursos financiados para garantir sua continuidade. As principais ações para o combate às perdas reais ou físicas contempladas no programa são:

a) Gerenciamento de pressões, através da implantação de válvulas redutoras de pressão: consiste em isolar áreas do sistema de distribuição, com a entrada controlada por essas válvulas, de modo a manter as pressões estáveis e no menor nível possível, mas suficientes para garantir o abastecimento contínuo aos clientes;

b) Agilidade e qualidade nos reparos de vazamentos: execução dos reparos de vazamentos e trocas de ramais com rapidez e qualidade;

c) Melhoria da condição da infraestrutura: consiste na seleção e substituição dos ramais e trechos de redes com maior incidência de vazamentos, devido ao envelhecimento, a fadiga ou as falhas na execução.As ações para combate às perdas aparentes ou não físicas são:

a) Gerenciamento da hidrometria: consiste na análise dos hidrômetros instalados, priorizando a substituição dos hidrômetros sujeitos à submedição por conta do desgaste ou inadequação do seu dimensionamento ao perfil de consumo do cliente;

b) Combate às fraudes e às irregularidades: trata-se da análise periódica das variações de consumos dos clientes, com o objetivo de identificar potenciais irregularidades, e posterior inspeções em campo e regularização das irregularidades constatadas.”.

Ciclo de investimentos
Segundo Carlos, os índices de perdas de faturamento colaboram para formar um ciclo vicioso nas cidades com os maiores indicadores. Isso porque, quanto maior o índice, menor o retorno financeiro, o que diminui os investimentos na própria rede de saneamento.

Ao mesmo tempo, Carlos destaca que são esses investimentos, como trocas de redes antigas e instalação de tecnologias de rastreamento, que fazem com que o desperdício e o roubo de água diminuam. Com menos desperdício, entra mais dinheiro no caixa, e assim a cidade pode investir mais em água e esgoto.

De acordo com a pesquisa, em Mogi das Cruzes, por exemplo, foram investidos R$ 67,62 milhões em melhorias em cinco anos. A cidade arrecadou R$ 569,62 milhões no período, mas só investiu 11,87%. Em Suzano arrecadou-se no período R$ 441,89 milhões. No período foram investidos em melhorias R$ 114,10 milhões, o equivalente a 25,82% do valor arrecadado. Já em Itaquaquecetuba, a arrecadação foi de R$ 354,16 milhões e investiu R$ 87,92 milhões, ou seja, 24,82%.

“É preocupante ver que pouco tem sido aplicado na melhoria dos serviços. Os gastos normais da empresa, com funcionários, energia e produtos, estão pesando muito. Quanto mais eficiente a empresa de abastecimento for, com poucas perdas, vai arrecadar mais e vai investir mais. Então, quando você vê cidades com arrecadação e investimento baixos é porque perde muita água. Está tudo interligado”, diz Carlos.

Ranking
Suzano está em 27º lugar no “Ranking do Saneamento nas 100 Maiores Cidades” do Instituto Trata Brasil. O município recebeu nota 7,82 na nota total de gestão de saneamento básico. O indicador vai se 1 a 10. Na cidade, o abastecimento de água atinge 99,27% da população, e de esgoto é de 85,48%.

Em seguida está Mogi das Cruzes, com a 39ª posição no ranking. O abastecimento de água atende 90,3% da população e trata 87,54% do esgoto.

Por último está Itaquaquecetuba, com a 65º posição no ranking, 99,97% do tratamento e distribuição da água e 64,61% do tratamento e coleta de esgoto.

Fonte: G1
Foto:Guilherme Berti/PMMC

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